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SOIS FORTES

Introdução –- Esta meditação está baseada num trecho da Primeira Carta que o Apóstolo São João escreveu para os crentes de todas as partes. Se você quiser conferir com o texto que está em sua Bíblia, a Primeira Epístola de João está no final do Novo Testamento, um pouquinho antes do Apocalipse, o último livro, o Livro da Revelação, que também foi escrito por João. Este trecho foi extraído do capítulo dois, versículos doze a catorze: Filhinhos, escrevo-vos porque pelo seu nome vos são perdoados os pecados. Pais, escrevo-vos porque conhecestes aquele que é desde o princípio. jovens, escrevo-vos porque vencestes o maligno. Eu vos escrevi, filhos, porque conhecestes o pai. Eu vos escrevi, pais, porque já conhecestes aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós e já tendes vencido o maligno. Este é um trecho muito rico da Palavra, e permite diversas aplicações; nossa preocupação, neste momento, é ressaltar a parte final do versículo catorze: jovens, vocês são fortes porque já venceram o maligno.

 

Em muitas igrejas encontramos pessoas que não hesitam em criticar os jovens, avaliando que a geração atual é muito desorientada e presa fácil da sedução do mundo. E afirmam, alegando conhecimento de causa, porque obviamente também já foram jovens um dia, que “no seu tempo as coisas não eram assim”. Os jovens hoje são imprevisíveis e não se pode esperar grande coisa deles. Na verdade esse contraste ou conflito de gerações sempre existiu. Quem já está estabilizado na vida tende a interpretar de forma negativa aquele que ainda não definiu os seus caminhos; é certo que o mundo moderno acena com uma variedade de sedução muito maior do que há trinta, sessenta ou noventa anos atrás; mas também é verdade que só não vê quem não quer, os contingentes numerosos e muito fortes de jovens aplicados na comunhão da igreja, dedicando-se ao estudo da Palavra, convidando outros jovens, ajudando na evangelização, cooperando nos cultos e nas reuniões avivadas de sua igreja, participando do louvor e da adoração nos cultos –- com o entusiasmo e a perseverança típica dos moços. Quem não vê o esforço que fazem para organizar retiros e acampamentos nos feriados e nas férias? Das comunidades mais modestas àquelas que Deus concedeu maiores recursos, os grupos que espontaneamente optam por sair dos grandes centros e da contaminação do mundo, nas festas profanas, são justamente aqueles da mocidade. Louvado e bendito seja o nosso Deus, que suscita a preocupação da santidade desde idades muito tenras.

 

A crítica e a zombaria do mundo –- E ninguém pense que isso é fácil. Seria quase para afirmar que só quem dispõe da vitalidade do jovem pode enfrentar as críticas e a sedução do mundo de modo inabalável. Como afirma a Bíblia: “vocês são fortes, justamente porque vocês já venceram o maligno e a palavra de Deus habita em seus corações”. Porque é preocupante quando vemos o colorido que o mundo apresenta lá fora, onde moços e moças correm em busca de aventuras, realmente procurando colocar o seu nome no topo do prestígio humano, para que todos vejam; seja no exemplo daqueles que estão alcançando a fama como cantores do momento, seja no apelo das aventuras passadas na televisão, através de filmes, seriados e novelas –- sem mencionar os que estão em busca de emoções proibidas nas rodas de entorpecentes, do vício, e violência. E há quem esteja hoje dentro de duma igreja! Só existe uma expressão para avaliar este contraste: Você é forte! Você é forte porque você já venceu o maligno e a Palavra de Deus está em você!

 

Se você que está lendo estas linhas tem alguma dúvida no seu coração ou é a primeira vez que se defronta com esta realidade, aceite agora o desafio de Deus: Seja forte você também! Dê um basta para esse mundo, diga-lhe que não tem mais valor para você, vire as costas para ele, com todas as suas ilusões, e ouse levar aquela vida que muita gente chama de vida simples de crente, vida de igreja, vida provinciana! Muitas pessoas dirão que você simplesmente não estará vivendo se trocar os prazeres efêmeros da vida pelos momentos eternos de igreja. Essas pessoas não sabem o que estão falando e muito mais o que estão perdendo. Não sabem mesmo o que estão jogando fora, porque Jesus Cristo declara, no Evangelho de João, capítulo dez, versículo dez: “Eu vim para que vocês tenham vida, e a tenham em abundância. Que você tenha vida em abundância”. É justamente isso que o Senhor veio trazer para você: é esta vida abundante; e esta vida abundante não é a vida que você encontra no mundo, de noites em bacanais, na companhia de amigos em volta de mesa de bar, de jogo, ou de simples ócio; e depois, quando chega em casa, a depressão bate. Você entra em seu quarto e, entre as quatro paredes, ali você não sente absolutamente nada, somente aquele tenebroso vazio. Mas quem tem Jesus no coração é alegre em qualquer circunstância, esteja na companhia de alguém ou esteja só. Na verdade nunca está só, porque Deus está presente em sua vida. Assim, louvamos ao Senhor por esta vida que Ele veio nos trazer!

As três faixas etárias –- Mas você deve ter notado que João escreveu a sua epístola para três tipos de pessoas, três conjuntos etários: os filhinhos, os jovens e os pais. Não é curioso? Por que motivo o Apóstolo João escreveria para as crianças? Faria algum sentido alguém ler essas palavras para uma criança, dizendo-lhe que estão perdoados os seus pecados? Não é realmente estranho? Na verdade este trecho, como muitas passagens da Palavra, requer interpretação. Você pode imaginar o que significa uma criancinha de dois, três, quatro ou cinco anos, que não sabe ler e escrever, receber esta mensagem de João, “escrevi para vocês”? É óbvio que uma criança não vai compreender o que alguém escreveu. Então fica muito claro que isto não se refere a uma criancinha no sentido, são crianças na fé. Nasceram biológico. As crianças, aqui, referem-se aos recém-convertidos sim, agora faz sentido. Aqueles que estão principiando na carreira. Ah, há pouco e estão entrando em contato com as virtudes cristãs. A igreja, para esses, é novidade; tudo vai começar de novo. Os novos convertidos, como é de se esperar, não têm uma sólida noção da Bíblia, sequer conhecimento do mundo espiritual. Note que pouco importa se a idade biológica da pessoa é vinte, quarenta ou sessenta anos; em termos de novo nascimento esse homem ou essa mulher é de fato uma criança. Isto também se aplica aos jovens, que são as pessoas que já contam com bons anos de vida na carreira, estão integrados na igreja e são reconhecidos por sua participação; já sabem manusear a Escritura, estão ensaiando na pregação, no cântico, nas atividades da igreja. E o pai é justamente aquele homem maduro no ministério, que hoje lidera, dirige, está à frente de uma igreja, está pregando, escrevendo –- enfim, está em plena atividade na sua vida: são os adultos na fé, os líderes da comunidade, aqueles que são exemplos vivos do esforço pela santificação –- na igreja, no lar, no serviço, na comunidade, na escola, onde quer que seja. Há muitos adultos na fé que são na verdade jovens na idade biológica, louvado e bendito seja Deus!

 

A aplicação à Parábola do Semeador –- Observe agora como o estudo da Palavra é sempre proveitoso. Por meio dessa iluminação que o Espírito trouxe para nós sobre a Primeira Carta de João, podemos fazer uma preciosa aplicação sobre a bastante conhecida Parábola do Semeador, uma das muitas narradas por Jesus para instrução do povo, em Sua época. Esta parábola está em Mateus, Marcos e Lucas [ [1] ]; o texto escolhido nesta oportunidade é o que se encontra em Mateus, no capítulo treze, a partir do versículo três. Embora esteja transcrito a seguir, é importante que você abra a sua Bíblia e acompanhe na sua versão, que pode apresentar algumas diferenças de palavras. Assim escreveu Mateus: Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e vindo as aves, a comeram. Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol a queimou; e porque não tinha raiz, secou-se. Outra, enfim, caiu em boa terra, e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um. E conclui o escritor bíblico, sempre reproduzindo palavras de Jesus: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

 

Muito bem: onde é que a carta do Apóstolo São João vai ajudar a entender a Parábola do Semeador? Vamos voltar ao versículo oito da parábola, que diz assim: E outra caiu em boa terra, e deu fruto, um a cem, outro a sessenta, e outro a trinta por um. Primeiro vamos entender de que se trata esse “dar fruto a cem, a sessenta e a trinta por um”. Não se trata de uma razão de porcentagem, mas muito mais do que isso. Se um grão semeado gerou trinta grãos, na hipótese mais modesta, isto equivale a três mil por cento. Todos os grãos semeados na terra de boa qualidade renderam, embora certamente de forma diferente. E por que isso? Qual a razão dessa produção desigual? A semente não é boa? É, a semente é de insuperável qualidade, é a Palavra de Deus. A terra não é boa? Sim, é, assim garante o texto. A terra é o coração que recebeu e aceitou. E por que então esta diversidade na produção desse milho, desse trigo ou de que cereal seja? Por que um grão produziu cem, outro produziu sessenta e outro produziu trinta?

 

Pois isto se explica exatamente pelo que falamos das faixas etárias, conforme consta da carta de João: filhinhos, jovens e adultos. Você pode imaginar uma pessoa que acabou de aceitar Jesus como seu salvador: ele é um filhinho na fé. Jamais se poderá exigir de um novo convertido que venha a produzir além das suas possibilidades. O máximo que o Senhor exige dele é justamente que produza aqueles trinta por um de sua capacidade. Um novo convertido tem possibilidade de colocar o seu talento à disposição do Reino e produzir nesse primeiro nível da reprodução dos grãos de um cereal semeado, como na parábola. É o perfil esperado de uma criancinha na fé, na carreira cristã. Agora considere aquele que já é jovem, que já tem algum tempo de crente, que já identifica oportunidades e assume algumas responsabilidades na igreja. Qual é o mínimo que Deus exige dele? Que produza a sessenta por um da sua capacidade. É justamente isto que Ele espera de você como um jovem, que já tem algum tempo de igreja. Você pode reproduzir os seus sessenta grãos sem nenhuma dificuldade. E é isto com toda a certeza que Deus quer que você produza. Finalmente para aquele pai na fé, aquele que já é membro de um ministério, com anos de serviço ministerial e liderança nas atividades da igreja, qual é o mínimo que Deus exige de um pai na fé? Ele exige, simplesmente, como diz aqui a parábola do semeador, cem por um da sua capacidade. Note que isto não é cem por cento da sua capacidade, mas dez mil por cento. Ou seja, aquele pequeno grão da palavra que foi semeado em seu coração anos atrás tem de gerar muito, mas muito, em termos de novos grãos a serem semeados. Se você não está produzindo nesse padrão sugerido por Jesus, então alguma coisa está faltando na sua vida cristã; e você precisa com toda a certeza modificar o seu comportamento e as suas atividades; não só na igreja, mas em todos os âmbitos onde você vive. No seu quarto de dormir, na sua família, na escola ou no serviço, na igreja e na comunidade. Se Jesus propôs esse padrão, ele deve ser obedecido e pode ser alcançado. Cada crente está apto a produzir dentro da sua faixa etária. E não pense que o deve fazer sozinho. Jesus está sempre pronto a ajudar. E o Seu Santo Espírito, que habita aí no seu coração, pode inspirá-lo e sustentá-lo, de sorte que o que pode parecer a princípio uma dificuldade intransponível (dez mil por cento!) vai se revelar um alvo viável, conquanto trabalhoso, mas sempre acompanhado de regozijo e gratificação. Louvado seja o nosso Deus!

 

A aplicação à Parábola dos Talentos –- Mas o amado leitor talvez goste de matemática e esteja um tanto cismado com cifras. Não se preocupe com isso. O importante do princípio é a multiplicação do ensino, a difusão da Graça. Observe que Jesus não está preocupado com mensurações quantitativas. O exemplo dos grãos semeados era algo que os homens daquele tempo podiam entender perfeitamente; e provavelmente nem se utilizassem comparações sofisticadas como percentuais. Eu semeio um, colho trinta. Isto é claro. E a quantidade, afinal, não é o determinante neste exemplo, que deve nortear a conduta do crente. O próprio Senhor Jesus contou uma outra parábola, ainda mais grave do que a do Semeador, em que a produção, agora, mudou de feição; ela continua referida às faixas etárias de João, filhinhos, jovens e pais, mas os percentuais de reprodução, como você pode ver, são muito diferentes. O que diz a Parábola dos Talentos, que está registrada apenas em Mateus? [ [2] ] O Evangelho de mateus, capítulo vinte e cinco, versículo quatorze em diante, narra o seguinte: Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, segundo a sua capacidade; e então partiu. O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco. Do mesmo modo o que recebera dois ganhou outros dois. Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco, dizendo: Senhor, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei. Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei. Entra no gozo do teu senhor. E, aproximando-se também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, dois talentos me confiaste; aqui tens outros dois que ganhei. Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei: entra no gozo do teu senhor. Chegando por fim o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste, e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondeu-lhe porém o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu. Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez. Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância, mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. Este é um texto riquíssimo, de inesgotáveis ensinamentos. Nosso interesse não é abrir outros pontos para reflexão, mas utilizá-lo dentro do foco da nossa meditação. Primeiro, as razões matemáticas, para o amado leitor verificar que, realmente, a preocupação de Jesus não era com medidas exatas. Note que o desempenho elogiado, neste caso, foi de fato uma produção de cem por cento para os dois servos aprovados, cujo ponto de partida, a propósito, foi diferente: cinco para um, dois para outro, de acordo com a capacidade deles. Se você reparar, novamente há pessoas representando três grupos distintos, que podemos assemelhar às nossas faixas etárias aprendidas na epístola do Apóstolo São João: os iniciantes, os jovens e os veteranos na carreira cristã. Que é, exatamente, o nosso foco principal.

 

Quando falamos deste assunto, as faixas etárias de produção para o Reino de Deus na vida espiritual, algumas pessoas reagem deste modo: “Mas Pastor Jorge, eu sou crente há algum tempo e eu não sei por que é que Jesus me salvou, ou o que é que eu vim fazer na igreja; eu acho que não tenho capacidade, não tenho nenhum talento para fazer alguma coisa dentro da igreja. Eu vejo as pessoas trabalhando, cantando, pregando, visitando, e eu praticamente não sei o que é que eu vim fazer na igreja”. Uma das coisas que precisam ficar claras desde já, nesta questão da distribuição dos talentos, é que este homem que partiu daqui e se ausentou para longe, foi nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Mas antes que Ele partisse aqui da terra, Ele comissionou os Seus discípulos, todos aqueles que O têm recebido como seu Salvador pessoal, em todas as épocas, e lhes deu naturalmente condições para que estas pessoas pudessem fazer alguma coisa em prol do Seu Reino. Nesta Parábola dos Talentos comparecem nitidamente as três faixas etárias da vida: pais, jovens e filhinhos. Você observou isso? Existem três níveis de produção, como no capítulo treze de Mateus, um produzindo cem, outro sessenta e outro trinta por um. Três faixas etárias, três níveis de produção. E aqui também, três classes ou três grupos de talentos. E a parábola diz que o dono daquela propriedade, que é Jesus Cristo, ao partir daqui, o que ele fez? Chamou os Seus discípulos, ou os Seus trabalhadores, e distribuiu talentos: para um, cinco; para outro, dois; e para um terceiro, ele deu apenas um. Mas isto foi feito segundo a capacidade de cada servo. Ele jamais daria cinco talentos para aquele que só comportasse um; e jamais daria apenas um para aquele com capacidade para desenvolver cinco talentos em sua vida. Note que há uma grande sabedoria e prudência nesta distribuição. Há pessoas que você vê na igreja que pregam, cantam, escrevem e dão conferências; são pessoas a quem Deus tem dotado naturalmente com cinco talentos distintos. Mas para outro, como narra a Bíblia Sagrada, Ele deu dois. Ele olhou, mediu a capacidade da pessoa, e eis que sua capacidade só suportaria dois talentos: então confiou dois talentos para aquele. Por fim, para o terceiro, Ele chamou, avaliou a capacidade da pessoa e deu-lhe apenas um talento. Em todos os casos a base para entrega de talentos foi a capacidade de cada um. E ninguém deixou de ganhar. Quem menos ganhou, ganhou um talento. E quem mais ganhou, ganhou cinco talentos. Novamente não se prenda a regras matemáticas para avaliação do significado dos talentos. Aquele de menor capacidade gerou cem por cento e foi elogiado por seu senhor. O irmãozinho muito humilde que só consegue entregar folhetos com um sorriso no rosto, na esquina da praça principal da cidade, poderá ser tão elogiado quanto o grande pregador que realiza cruzadas e ergue multidões em estádios.

 

Você não tem nenhuma justificativa para dizer que não está fazendo nada para o Reino de Deus em razão de não ter talento algum; pelo contrário, você tem pelo menos um. O que você precisa é descobrir esse talento que você tem e começar a colocá-lo em ação para o engrandecimento do Reino de Deus. Não fique aí de braços cruzados, não. Com tanta coisa para fazer, há seguramente alguma coisa que você pode realizar! E que você se sinta bem fazendo; procure desenvolver isso. Não fique olhando para o talento dos outros, não; olhe para aquele talento que Deus lhe deu e comece a trabalhar em cima desse talento. Às vezes é um talento para cantar; às vezes é um talento simplesmente para ouvir; ou para visitar enfermos, pessoas que estão doentes; para ajudar e orientar aqueles que estão necessitados –- enfim, existem muitas e muitas maneiras de você desenvolver o seu talento. Note que não é somente aquela pessoa que prega, dirige o louvor ou canta que está desenvolvendo um trabalho para Deus. Eu, por exemplo, gosto de ensinar. Também gosto de pregar. Mas há coisas para as quais eu não tenho chamado: acho bonito na vida dos outros, reconheço o poder de Deus manifestando-se na vida de muitos irmãos, mas eu não fui chamado para aquilo. Então deixo aqueles com a sua parte e eu fico com a minha. O que você precisa é procurar desenvolver esse talento que Deus deu para você, na sua vida.

 

Agora, não fique discutindo: “Por que Deus deu cinco talentos para o Fulano, e só deu um para mim? Por que o talento do Fulano ali é tão superior ao meu?” Eu quero informar-lhe que não existe talento superior ou inferior. O talento é sempre talento. Agora, o que vai diferenciar os efeitos de um talento de outro é o esforço da pessoa que o recebeu em desenvolvê-lo da melhor maneira possível. Há pessoas às quais Deus deu o dom da palavra. Tais pessoas se esmeram, preparam, estudam e pesquisam para, quando chegar a hora de um estudo ou pregação, disporem de boas bases para isso. Assim como o pregador estuda para preparar um sermão, aquela pessoa que foi chamada para socorrer alguém também pode se aprimorar para melhor servir a Deus nessa atividade. Até para apenas ouvir, um servo do Senhor pode se preparar. Isso tudo faz parte do Reino de Deus.

 

Contudo o grande problema é que, às vezes, ficamos namorando o talento do nosso próximo. Não olhe para os outros, olhe para o talento que Deus lhe deu! Esse talento que você tem é tão importante como aquele que foi dado a Billy Graham, que foi dado a Benerrim e muitos outros grandes pregadores e escritores da face da terra. Enfim, Ele lhe deu um talento dentro da sua capacidade. Portanto, trate de procurar saber qual é esse talento e de desenvolvê-lo dentro da capacidade que você possui. E não fique aí de braços cruzados. Tenha certeza que você possui pelo menos um talento em sua vida. O que é preciso é desenvolver, porque você é forte! Você tem a palavra de Deus em sua vida, Deus habita no seu coração. Ele está presente para ajudá-lo a ter uma vida realmente de frutos. De frutos, frutífera. De produção, de produzir em favor do Reino de Deus. É isto que nós precisamos.

 

Deus importa-se em receber o resultado dos talentos –- Agora, eu tenho uma triste informação para dar àquelas pessoas que estão de braços cruzados. Você já sabe que você tem um talento. Você não está fazendo alguma coisa para o Reino de Deus? Não é porque você não tenha como fazer, porque você tem! Se você não faz nada é provavelmente porque você não procurou ainda fazer alguma coisa. Muito bem; mas agora, por que triste notícia? Porque Ele, quando dá um talento para alguém, Ele exige o retorno. ele quer os resultados desse talento que ele lhe deu. Se você leu com atenção toda a Parábola dos Talentos você certamente já sabe o que acontece com quem nada fez. Mas há outras passagens da Bíblia que reforçam essa expectativa de Deus sobre o desempenho daqueles que foram salvos pelo sangue do Senhor Jesus. Acompanhe o que diz o Evangelho de Lucas, no capítulo treze, versículos seis a nove.

 

Então Jesus proferiu a seguinte parábola: Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou. Pelo que disse ao viticultor: Há três anos venho procurar fruto nesta figueira e não acho; pode cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra? Ele porém, respondeu: Senhor, deixa-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume. Se vier a dar fruto, bem está; se não, mandarás cortá-la. Amado leitor, este é outro trecho muito rico da Palavra de Deus. Você pode ficar intrigado com o que faria uma figueira no meio de uma plantação de uvas, mas esta questão, por curiosa que seja, ficará para outra oportunidade. O que nos interessa, nesta passagem, é prosseguir na análise da produção do crente segundo a sua faixa etária. A Parábola da Figueira Estéril mostra que Deus é zeloso do desempenho dos seus súditos. O dono da vinha, aqui, é nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o mesmo que distribuiu os talentos, o mesmo que plantou uma árvore para produzir frutos. Quem planta uma mangueira, uma laranjeira, o que espera dessas árvores? Que no seu devido tempo uma produza mangas, outra produza laranjas, cada qual, portanto, segundo a sua espécie. E se uma dessas árvores não produzir frutos, o que se faz? Corta-se, porque está ocupando inutilmente a terra, uma vez que não está produzindo.

 

Pois bem, pela distribuição dos talentos que Deus efetuou, Ele está querendo alguma coisa de volta. E há quanto tempo Deus está procurando frutos na sua vida e não acha? A Bíblia diz que havia três anos o dono da vinha procurava frutos naquela figueira e não os encontrava. Há quanto tempo será que você está ouvindo a voz Dele chamando o viticultor, que é o Espírito Santo, e dizendo: “Por que ele está aqui ocupando lugar inutilmente? Por que esta pessoa só ocupa lugar aqui na igreja, neste banco? Corte e lance fora.” Mas você poderá ouvir ainda a voz meiga do vinhateiro, a voz do Espírito Santo, a dizer para o dono da plantação: “Dê-me mais uma oportunidade; porque eu vou tirar essa terra cansada e sem vida, e colocar um adubo novo, um fertilizante; e na próxima safra, quando o Senhor voltar, e se houver fruto, deixamos; mas se não, mandaremos cortar”. O Espírito Santo está fazendo isto na sua vida, nesta hora. Ele quer limpar essa preguiça, essa falta de vontade, essa indisposição; ele quer colocar um fertilizante novo, uma nova energia na sua vida, para que você passe a produzir frutos para a glória do nome do Senhor –- e não venha a ouvir esta voz dizendo, corte e lance fora! Eu creio que você não quer isto. Então é tempo de despertar e buscar o Senhor!

 

E Deus reitera a Sua exigência –- A cobrança de Deus é uma realidade descrita, afirmada e reiterada na Bíblia. Dentro das muitas desculpas que o homem costuma apresentar, alguém poderia dizer com um misto de esperteza e malícia: “mas eu na realidade não produzo porque não sei o que acontece”. Ora, ninguém tem justificativa para não produzir frutos. Uma das passagens mais enfáticas neste assunto está no Evangelho de João, capítulo quinze, a partir do versículo primeiro, onde está escrito: Eu sou a videira verdadeira, e o meu pai é o lavrador. Todo o ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto, limpa, para que produza mais fruto ainda. Cada um de nós é um galho vivo que está em Cristo; o vigor é a seiva que vem através dele. Ninguém pode alegar que não está produzindo frutos porque está num lugar errado, porque está fora de campo, fora de atividade ou fora de uso. Se você é um galho que está enxertado na videira verdadeira, você tem tudo para produzir frutos para a glória do nome de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Por isso não há desculpa alguma para não produzir. Mas muitas vezes queremos culpar alguém, A, ou B ou C; e invariavelmente o problema é nosso, está em nós mesmos. Não está no tronco, porque esse tronco é Jesus; e pela infinita misericórdia de Deus, cada um de nós, na realidade, é um galho que nasceu para produzir para a glória do nome de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

 

Mais uma vez, falando sobre o perigo de não produzir frutos, a Bíblia registra as palavras de João Batista, o precursor de Jesus, que pregava, dizendo: Já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo. Veja só! A árvore que não produz frutos bons, o machado já está na sua raiz! É o momento de despertar, porque a situação realmente é séria. O Senhor chamou a cada um de nós e adornou-nos com os dons espirituais, justamente para que possamos produzir. Voltando ao Evangelho de João, no capítulo quinze, versículo dezesseis, vamos encontrar novamente palavras que evidenciam a nossa completa dependência e obrigação: Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós e vos nomeei para que vades e deis frutos! E o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes, ao Pai, ele vo-lo conceda.

 

Leia com atenção esse precioso versículo. Ele mostra a riqueza, a grandeza e o amor que Deus tem por todos aqueles que tem chamado. Primeiro diz assim: não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi. Não foi o homem que escolheu, pois estava num mundo de pecado, de miséria, na perdição do vício, das drogas, do sexo, totalmente banido da presença de Deus; pessoas nesse estado nem sabem quem é Deus, quem é jesus. Como é que alguém vai procurar quem sequer sabe quem é, de quem talvez muitas vezes ouviu falar, mas nem sabe se existe, muito menos onde se encontra? Mas a bondade Dele é tão grande que lá, onde o homem estava, na situação mais pecaminosa concebível, cego num mundo de trevas, Jesus foi e tomou-o para Si, como está escrito: “não foi você que escolheu a mim, fui eu que o escolhi”. Meu Deus, quanta grandeza! Essa potente mão foi lá na lixeira da cidade onde estávamos atolados no pecado, todos nós, e dali nos tirou. E com Sua paciência, Seu amor e Sua infinita capacidade começou a burilar, limpar, purificar e santificar, e o vil pecador surgiu transformado numa nova criatura.

 

Qual pecador, quando vivia longe de Deus, jamais pensou nisso? Nós nunca, como pecadores, pensávamos em Jesus; mas Ele pensava em nós! Pois Ele foi lá e nos arrancou daquela situação: tirou-nos daquele atoleiro e colocou nossos pés sobre uma rocha, e em nossos lábios um novo cântico [ [3] ], exatamente como diz a Bíblia Sagrada, não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça. Olhe bem, você foi chamado por Deus, vocacionado por Ele para produzir frutos. Você não foi chamado para ser um parasita na igreja, para ficar sentado no banco, vendo as coisas acontecerem como se fosse um mero espectador. Ir para uma igreja, sentar-se e ficar ali somente aplaudindo aqueles que estão fazendo alguma coisa –- não, Ele o chamou e vocacionou para que você vá e esteja ali naquele lugar, produzindo frutos para a glória do Seu santo e precioso nome. É isto que Deus quer fazer de você, é isto que Ele quer fazer na sua vida, glorificado seja o nome do Senhor para sempre! E essa produção na verdade é privilegiada, pois não se trata de um fruto passageiro. Não: é um fruto que permanece para sempre, é produzir frutos hoje, amanhã, no fim do ano, daqui há dez anos, enquanto você tiver vida; e diz a Bíblia que ainda na velhice há de produzir frutos! [ [4] ] Não existe tempo limitado para um crente produzir frutos, não; ele produz toda a vida.

 

É justamente disso que nós precisamos, é isso que nós devemos querer e buscar. Então, meu prezado amigo, meu querido irmão, que a potente mão de Deus alcance você nesta hora, e que você possa ouvir a voz do Espírito Santo a dizer: “Dê-me mais uma oportunidade, porque Eu vou tirar essa terra cansada, essa falta de vontade, essa indisposição, e vou colocar aqui uma nova vitalidade, um novo ânimo” –- para que você possa se levantar dessa região de sombra da morte e começar a produzir para a glória do santo e precioso nome do Senhor.

 

Estamos no lugar de quem? –- O amor de Deus é tão grande que ele não apenas nos salvou, mas também nos vocacionou; e por isso, a responsabilidade que está sobre a nossa vida é imensa. Quando leio Isaías, capitulo seis, versículo oito, fico estarrecido com este trecho bíblico, quando indaga: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Você sabe o significado desta expressão? É Deus falando, do trono da Sua glória. Ele tem de fazer uma obra importante aqui no Planeta Terra, mas Ele não pode deixar o Seu trono e vir aqui fazer o trabalho. Então Ele se dirige para mim, Ele também se dirige para você e pergunta: “Jorge Valle, você pode ir no meu nome? Você pode ocupar o meu lugar?” O que é que eu estou fazendo neste momento? Eu estou ocupando um lugar que pertence a Deus; porque se Deus estivesse aqui de carne e osso, era Ele quem estaria pregando o Evangelho –- mas Ele disse: “Jorge, você pode ir no Meu lugar?” Então eu estou aqui ocupando um lugar que pertence a Ele!

 

Quando você assume um púlpito, ou pega uma caneta e se dispõe a escrever uma meditação, uma mensagem, um livro, quando você começa a lecionar a classe de uma escola dominical para um grupo de adolescentes, de jovens ou de adultos, você está ocupando um lugar que pertence a Deus. Veja bem! A quem enviarei –- não é o presidente da República, nem o governador do Estado, nem sua excelência o prefeito que está perguntando para você, “Fulano, você pode ocupar o meu lugar?” Não, aqui é o Rei dos reis e Senhor dos senhores que está lhe dizendo: “você pode ir no Meu lugar?” O profeta Isaías, depois de sua mudança de vida, ele ouviu esta voz e respondeu: Eis-me aqui, envia-me a mim. Será que Deus pode ouvir isto de você neste momento? Será que Deus pode ouvir isto de seus lábios agora? Se alguma coisa está acontecendo, você foi ferido, você foi machucado, você foi simplesmente colocado de lado –- neste momento, levante-se e comece a agir.

 

Vamos orar, e a potente mão de Deus estará sobre a sua vida neste momento. Grande Deus e Pai celestial, eu glorifico o teu nome pela oportunidade de produzir frutos para a glória de teu Reino. Mas eu quero também que o Senhor desperte a vida deste meu querido leitor, de cada pessoa cujos olhos se detenham nesta mensagem. Senhor, movimenta a vida deste Teu servo, para que sinta o Teu poder e a Tua unção, para se levantar e realizar a sua parte na grande seara do Reino. No nome de Jesus nós agradecemos, hoje e para sempre. Amém e amém.

 

[ [1] ] Mateus 13:5-8, Marcos 4:3-8, Lucas 8:5-8. Todos os textos possuem uma explicação adicional da parábola.

[ [2] ] Não deve ser confundida com a Parábola das Minas, Lucas 19:12-27.

[ [3] ] Salmos 40:2-3.

[ [4] ] Salmos 92:14