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EXCELENTE OBRA

A opção de Paulo

A obra mais excelente. Qual de nós não deseja estar envolvido nesta que há de ser a mais excelente obra de que se pode ocupar o homem? É sobre este assunto que vamos meditar agora. A Primeira Carta do Apóstolo São Paulo a Timóteo, no capítulo três, versículo primeiro, diz o seguinte: Fiel é a palavra. Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. Excelente obra almeja. No mundo em que vivemos, com a diversidade que existe hoje nas universidades, muitas cadeiras têm surgido. Existem as carreiras de Medicina, Engenharia, Direito, Administração, Contabilidade, enfim, uma enormidade de áreas distintas para a pessoa escolher, de acordo com suas aptidões e interesse, aquilo que vai ser mais lucrativo e que vai lhe dar o “status” mais excelente e uma condição de vida mais tranqüila. Normalmente o homem procura a atividade ou profissão que lhe produz lucros financeiros. Mas aqui a Bíblia Sagrada está dizendo para mim e para você que fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. Aqui está o parecer da Escritura Sagrada, nas palavras de um homem que tinha tudo para ser bem sucedido na sua vida secular. Alguém que pegou todos os seus diplomas, colocou-os aos pés de Cristo e considerou tudo como esterco [ [1] ], para abraçar a carreira ministerial. Isto é saber escolher.

 

O perfil do ministro aprovado

No versículo dois nós encontramos Paulo dizendo que é necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, e apto para ensinar. Se o engenheiro bem sucedido neste mundo é um inveterado beberrão de cachaça, mas cumpre bem a sua tarefa quando sóbrio, aquele seu vício pode não ter qualquer influência sobre a sua vida profissional. Da mesma forma podemos ter um médico excelente, um cirurgião de primeira, que vive com duas, três, quatro mulheres, e isso não vai influenciar a sua vida profissional. Você pode conhecer, por exemplo, um cidadão prestigioso na política, e conquanto esta pessoa ser cheia de problemas, isto não influencia sua vida, o seu progresso, na atividade que escolheu, a atividade política.

 

Entretanto, nós observamos na Bíblia Sagrada que o ministro do Evangelho, a pessoa que tem a vocação divina, que foi chamada por Deus, desta pessoa são exigidas certas características. A primeira delas que encontramos aqui é que o homem seja irrepreensível, isto é, não seja passivo de ser chamado à atenção. Que ninguém tenha motivos legítimos para andar “lhe pegando no pé”. Não se admite, de forma alguma, uma pessoa que seja adúltera assumir o púlpito de uma igreja. Lá fora, o advogado? Não tem problema, na vida dele isso não vai influenciar em nada. Mas na vida de um ministro do Evangelho, quando a Bíblia mostra que ele é o representante de Deus na face da terra, isso é inaceitável. A Escritura prescreve portanto que ele deve ser irrepreensível. Irrepreensível na família, irrepreensível no trato com as finanças, irrepreensível no trato com as pessoas: o homem de Deus tem que ter o traço da diferença. Se não tem a diferença, não pode ser chamado de ministro do Evangelho ou ministro de Deus.

 

No capítulo seis, versículo oito de Isaías, quando Deus pergunta “quem é que pode ir por nós, quem é que pode ocupar o nosso lugar?”, isso implica em que o homem de Deus tem de ter as marcas Daquele que está representando aqui na face da terra. E a Bíblia afirma que excelente obra almeja! Excelente! Excelente, por que? Porque você sabe que o engenheiro pode construir um condomínio de moradias finíssimas, prédios de tantos andares quanto se queira; pode lançar pontes que atravessem qualquer rio que se deseje, e até avançar pelo mar; um bom advogado pode dar vitórias retumbantes aos seus clientes, e tudo muito bem; aquele cirurgião pode fazer a operação mais excelente que sabe fizer. Mas eu quero informar para você que todos esses empreendimentos, todas essas ações, por impressionantes que sejam, são estritamente temporais, pertencem e ficarão aqui na terra. Um construtor, quando morre, não vai levar uma lasca de tijolo do edifício que ele fez, para o outro lado da vida. Um advogado não vai levar para o outro lado da vida um processo que lhe trouxe a vitória, o prestígio e a fama, absolutamente não. Acabou-se o tempo dos faraós, quando se pensava que do outro lado da morte o elemento ia precisar de alguma coisa. Quem parte desta vida não leva absolutamente nada. Entretanto, aquele que almeja o episcopado, excelente obra deseja –– por que? Porque aquilo que eu faço aqui na terra, como um sacerdote do Senhor, exercendo o Seu episcopado, ou exercendo o ministério, as almas que eu ganho para Jesus aqui neste mundo, a obra que eu estou realizando no trabalho evangelístico aqui na terra, o resultado disto eu vou reconhecer na Eternidade. No lugar para onde vamos, veremos as almas que ganhamos aqui na terra, as pessoas que vimos ser alcançadas e transformadas pelo poder de Deus, habitando do outro lado da vida, redimidas, salvas. O resultado do trabalho das nossas mãos nós veremos, assim como Jesus Cristo viu o resultado do Seu penoso trabalho aqui neste mundo [ [2] ], e muito se alegrará! Louvado seja Deus! Quem almeja o episcopado, excelente obra deseja.

 

O engodo do mundo

Mas muita gente às vezes pergunta: “Por que é mais excelente, será por ser mais lucrativo?” Será que a vida ministerial, ou pastoral, é uma vida que recompensa materialmente? Será que compensa uma pessoa deixar uma faculdade de direito ou de engenharia para fazer um curso teológico? Será mais rentável, mais glorioso, dará mais “status”? Afinal de contas, o que é que acontece na vida ministerial para ser mais excelente? Primeiro passo, que nós já mostramos, são os resultados daquilo que estamos fazendo e que iremos ver na Eternidade, coisa que nenhuma outra profissão e nenhum outro ofício neste mundo permitirá –– tudo o que o homem pode usufruir é aqui na terra. O engenheiro bem sucedido, aquele médico bem sucedido, tudo o que ele faz é para ter o seu lucro restrito aqui à terra. Mas aquele que almeja o episcopado não está pensando em angariar mundos e formar o seu reino aqui na terra; o objetivo do autêntico homem de Deus é justamente o de glorificar a Cristo, colocar a sua vida e os seus talentos a serviço do Reino do Senhor. Aquele que pensa que ministério é fortuna, é lucro financeiro, está completamente enganado e deve mudar de ofício ou de profissão, porque não é este o projeto. Não é este o pensamento daquele que almeja o ministério. Mas infelizmente nós estamos vivendo, atravessando dias que esta visão está desaparecendo de muitos. Há uma idéia que grassa por aí a fora que o melhor é para nós, que temos o tudo a nosso favor, que o ímpio entesoura para o justo [ [3] ] –– e começa a nutrir essa ilusão terrível, esperando que alguém vá lá na sua conta bancária e deposite um dinheiro que ganhou a vida toda porque está escrito que o ímpio entesoura para o justo. E ficamos pensando nessas coisas, pensando que a nossa riqueza, como eles sugerem, está simplesmente aqui deste lado. É preciso ter um cuidado muito grande para não apresentarmos às nossas ovelhas um mundo ilusório, pois diz a Bíblia, “onde está o teu tesouro, aí está o teu coração” [ [4] ]. Se nós levarmos as pessoas a colocar o seu coração em tesouros aqui da terra, você vai criar simplesmente pessoas com idéias terrenas, carnais, e desta vida; mas se você canalizar a pessoa para buscar o poder de Deus, buscar os dons espirituais, buscar a unção divina na sua vida, buscar a glória eterna, ampliar o Reino de Deus neste mundo, nós estaremos canalizando corretamente as pessoas, na direção certa, na direção correta! É justamente este o papel daquele que está na linha de frente da obra de Deus. Deus não nos chamou para apresentar uma empresa aqui neste mundo, mas sim o Reino espiritual que vai permanecer por toda a Eternidade. Entendamos isto, amado leitor, entendamos isto.

 

Como é servir ao Senhor

Então precisamos ter em mente, com perfeita clareza, que naturalmente, à medida que você trabalha para Deus com honestidade, com sinceridade, à medida que você busca o Reino de Deus, com toda a certeza Deus vai enviando aquilo que você precisa. Porque Ele é fiel. Diz a Bíblia: Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça e as demais coisas serão acrescentadas [ [5] ]. À medida em que eu contribuo para ampliar o Reino de Deus, que eu faço a vontade de Deus, que me dedico e esforço por proclamar o Evangelho, eu estou buscando na minha vida o Reino de Deus, e Deus sabe do que eu preciso. Então Ele vai fazer com que isto aconteça na minha vida. Glória ao nome de Jesus! Eu preciso de um carro? Preciso; eu preciso de uma casa? Preciso; eu preciso de dinheiro? Preciso; mas se Deus me chamou para ser um sacerdote na Sua obra, Ele diz, “busque em primeiro lugar o Reino de Deus e as demais coisas virão sobre a sua vida”. Irmãos, precisamos entender que a nossa visão é uma visão espiritual e não podemos de forma nenhuma misturar as coisas. Ficar apontando uma direção aqui da terra quando precisamos caminhar para o céu? A Bíblia diz que o caminho para o céu é estreito, é estreitíssimo; então você observa que esse caminho estreito não é o que muitas pessoas apresentam, de que o crente tem que ter o melhor carro do mundo, a melhor casa da vida, etcétera e tal, e isto advém em conseqüência de você ser fiel a Deus.

 

O servo do Senhor é guiado pelo Espírito

Mas esse é um outro tema e nós estamos estudando aqui o que é o ministério. Vamos até o Livro de Atos dos Apóstolos, e vejamos o que nos diz a Bíblia Sagrada. No Livro de Atos, capítulo dezesseis, versículo seis, está registrado o seguinte: E percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a Palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir par Bitínia, mas o Espírito de Jesus não permitiu. Primeira coisa que acontece na vida de um homem de Deus: ele tem o privilégio de ser guiado, ou para usar uma expressão bem ao gosto do momento, de ser monitorado, não por um intelectual, ou um catedrático, ou professor, não por alguém que esteja aí no mundo querendo ser um mentor ou monitor da sua vida. Não, não é isso o que diz a Bíblia. Na verdade, você aqui está sendo monitorado pelo Espírito Santo. Aqui está o Apóstolo São Paulo, um homem que era guiado, como todo o obreiro o deve ser –– pois excelente coisa deseja ––, pelo Espírito Santo. E o Espírito Santo conhece todas as coisas: Ele sabe o que é melhor para a minha vida, Ele sabe o que é melhor para a sua vida, Ele sabe o que é melhor para todos nós. Ele sabe, o Espírito Santo sabe.

 

E está aqui o Apóstolo São Paulo, o apóstolo dos gentios, homem que abandonou uma carreira promissora na vida, que tinha tudo para ser um sucesso na sua nação, e abandonou porque optou pelo episcopado, e excelente coisa ele escolheu. Assim, o primeiro ponto que nós observamos aqui neste trecho bíblico é que o autêntico homem de Deus é guiado pelo Espírito Santo. Paulo pretendia ir para a Ásia. Ásia, lá para aquela área onde está a Índia, onde está o Japão, onde está a China, era para aqueles lados que ele queria ir –– o lugar mais difícil da terra naquela época. Onde estavam realmente os campeões da idolatria. Nós observamos que ele decididamente queria ir para aquela região. Mas diz aqui a Bíblia que o Espírito Santo não lhe permitiu. É muito diferente, não é? Hoje, quer o Espírito Santo aceite ou rejeite, quando o elemento coloca uma coisa na cabeça, é aquilo que ele vai fazer. Não, irmão, o autêntico servo de Deus é maleável à voz do Espírito de Deus. Ele é a maleável à voz do Senhor e está sob a Sua orientação. A orientação divina está sobre a vida deste homem. E diz ainda que defrontando Mísia tentavam ir para a Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu. Que coisa maravilhosa! E prossegue aqui a Bíblia Sagrada: E tendo contornado Mísia, descemos a Trôade. À noite sobreveio a Paulo uma visão, na qual um varão macedônio estava em pé e lhe rogava, dizendo, passa à Macedônia, e ajuda-nos. Assim que teve a visão, imediatamente procuramos partir para aquele destino, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciar o Evangelho. Paulo queria ir para a Ásia. Depois quis ir para Mísia; mas aqui está a autêntica orientação de Deus. Ele fala por profecias, fala através de sonhos, fala através de visões, na vida daquele que está suscetível à voz do Espírito Santo. Deus falou naquele tempo e fala hoje ainda por meio do Espírito Santo, este mestre amado que foi enviado por Jesus Cristo para estar conosco todos os dias. Hoje Ele quer falar mas, infelizmente, há muitas coisas que falam mais alto.

 

Uma pequena ilustração

Certa ocasião, narra uma história, um sujeito muito rico tomou o terreninho de um cidadão pobre, daquela localidade. O pobre deu parte na delegacia. Enquanto estava dando parte na delegacia, o rico estava por trás dele e não podia ser visto; metendo a mão no bolso, tirou algumas cédulas e, por cima do pobre, mostrou para o delegado aquelas cédulas. O delegado entendeu a mensagem e simplesmente disse para aquele pobre: “olha, você tem toda a razão, mas pelo que eu estou vendo, você já perdeu a causa. Pelo que eu estou vendo…” –– o que ele estava vendo? As cédulas na mão do outro, lá atrás. Muitas vezes o Espírito Santo está falando, está orientando, mas aquilo que estamos vendo fala mais alto. Estamos indo atrás das coisas temporais, daquilo que perece. Você não foi chamado para ser comerciante das coisas de Deus, você não foi chamado para ser empresário de Cristo, você foi chamado para ser um pregador do Evangelho, ser um servo do Senhor. Precisamos realmente estar suscetíveis à voz do Espírito Santo. E naquela visão que o Apóstolo São Paulo teve, onde Deus lhe mostrou que ele deveria passar à Macedônia para ajudar os homens da região, imediatamente eles entenderam que o Espírito do Senhor estava orientando para que partissem para aquela parte da Europa. E prossegue o texto indicando que eles imediatamente seguiram para aquela região.

 

O andar com Deus não evita espinhos

Agora, amigo leitor, há pessoas que acham que ser guiado pelo Espírito Santo é um mar de rosas, e assim acontece quando uma pessoa aceita ser guiada pelo Espírito de Deus. Tudo é bom, tudo dá certo, não há nada que se oponha ou contradiga, não há sofrimentos, não há lutas –– na verdade isso é uma ilusão. Na jornada que estamos empreendendo, mesmo guiados pelo Espírito Santo, você tem problemas na caminhada. Diz o versículo onze que tendo, pois, navegado de Trôade, seguimos em direção a Samotrácia, e no dia seguinte a Nápoles. E dali a Filipos, cidade da Macedônia, primeira do distrito, e colônia. Nesta cidade permanecemos alguns dias. No sábado saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração. E assentando-nos, falamos às mulheres que para ali tinham concorrido. Aqui estão os homens e já fica ressaltado o primeiro ponto, irmão. É que o homem de Deus tem obrigatoriamente de gastar tempo com oração. Ele tem de conversar com o seu Chefe. Ele tem de saber pedir a orientação divina. E estão eles procurando um lugar afastado, lá na beira do rio, longe dos problemas, para ir buscar a presença do Senhor. E encontraram ali um grupo de mulheres, naturalmente lavando roupa, tratando dos seus afazeres; e diz aqui que certa mulher chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia. Depois de ser batizada –– que preciosidade, ouviu o Evangelho, se converteu, foi batizada ––, ela e toda a sua casa nos rogou, dizendo: se julgais que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa e aí ficai. E nos constrangeu a isto.

 

Na caminhada, irmão, na jornada, nas lides do ministério, você vai encontrar portas abertas, você vai encontrar pessoas hospitaleiras, corações receptivos à voz do Senhor, pessoas tementes a Deus. Com toda a certeza aquela mulher se converteu, e toda a sua família, e foi batizada, e já chamou os discípulos para hóspedes de sua casa; e também com toda a certeza ali se tornou um ponto de pregação do Evangelho, uma área realmente de evangelismo, dando início ao trabalho na cidade de Filipos. Foi portanto na casa desta mulher, Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira. Você encontra nesta caminhada pessoas com o coração aberto. Encontra realmente pessoas maravilhosas, e há momentos em que você fica como Pedro, Tiago e João em cima do monte, “que bom estar aqui, vamos fazer uma tenda aqui, vamos morar aqui, vamos ficar aqui porque realmente Deus nos chamou para cá!”

 

O estorvo real da bajulação

Quando tudo está sendo bem sucedido, a primeira coisa que nos vem ao coração é justamente esta: Deus nos chamou aqui. “Olha, Deus está neste negócio! Deus está neste negócio!” Quando as coisas dão certo, e tudo está bem, tranqüilo, quando tudo corre às mil maravilhas, a primeira coisa que nos vem à mente é que Deus realmente nos canalizou para o lugar certo. Mas, escute, a jornada continua. A vida continua, o ministério prossegue. Como registra, em seqüência, o versículo dezesseis: Aconteceu que indo nós para o lugar de oração, nos saiu ao encontro uma jovem possessa de espírito adivinhador, a qual, adivinhando, dava grandes lucros aos seus senhores. Ah! Você acaba de sair de uma casa maravilhosa, abençoada, e logo em seguida vai ter de enfrentar o demônio da bajulação! Demônios bajuladores, que estão dizendo: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo! Oh, este pregador tem uma mensagem maravilhosa! Oh, que unção sobre esta vida!” Quem é que não gosta de ouvir isso? Só que elogio do diabo não tem valor nenhum para você, para sua vida –– tem, sim, para que você tome mais cuidado, e mais cautela, e não fique por aí aceitando elogios de bajuladores, que estão carregando você e levando-o por aí, por este mundo a fora.

 

Conta-nos a História sobre certo filósofo chamado Diógenes. Diógenes era um pensador reconhecido e respeitado, mas era muito pobre materialmente falando. Certa ocasião achava-se à beira de um lago, colhendo algas para comer. De repente surgiu um cortesão do palácio, montado no seu ginete, bem equipado, com toda aquela indumentária da realeza. Parou onde estava Diógenes, colhendo aquelas algas. E naquele instante o cortesão dirigiu-lhe a palavra: “Diógenes, se você bajulasse o rei você não comeria algas”. Diógenes virou-se para aquele cortesão e disse: “Se você comesse algas, você não bajularia o rei!” É isto, meu querido irmão. Vale mais a simplicidade na presença de Deus do que os palácios desta vida, onde não se encontra a gostosa presença do Senhor. Não aceite bajulação, fora com os bajuladores. São pessoas que simplesmente estão abraçando aqueles que estão na linha de frente –– mas, por trás, estão apunhalando. Precisamos ter cuidado. E aqui está esta moça, bajulando Paulo: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo”. E Paulo compreendeu que ali estava um espírito maligno, um espírito diabólico, um espírito movido simplesmente para perturbar, não apenas a vida ministerial dele, mas de todas as pessoas que faziam parte do círculo daquela jovem. Naquele mesmo momento, utilizando a autoridade que Deus lhe dera, ele disse: “Em nome de Jesus sai dela!”, e a moça foi liberta, pelo poder de Deus!

 

A desconcertante sucessão de contrastes

Você observou? Na caminhada você encontra a casa de uma Lídia, mais adiante você tem de enfrentar os demônios. Mas continue comigo nesta jornada. Continue comigo na vida ministerial. O versículo dezenove diz assim: Vendo os seus senhores que se lhes desfizera a esperança de lucro, agarrando em Paulo e Silas os arrastaram para a praça, à presença das autoridades. Levando aos pretores, disseram: estes homens, sendo judeus, perturbam a nossa cidade. Nós vamos prosseguir. E quero que você continue aqui comigo. Porque no próximo parágrafo você vai ver por que o nosso pregador é um perturbador da ordem.

 

Então diz aqui o versículo vinte que levando aos pretores, disseram: estes homens, sendo judeus, perturbam a nossa cidade. Você observa, irmão, que o pregador do Evangelho é justamente uma pessoa que não pode ter, como se diz, em linguagem popular, o rabo preso, isto é, compromisso com ninguém. Com ninguém. Para que você realmente tenha autoridade. E uma das coisas que o autêntico pregador do Evangelho tem de fazer é atingir justamente aquelas pessoas que andam à cata dos seus próprios interesses, em detrimento dos demais. O pregador que se torna compromissado com A ou B corre altíssimo risco de perder esta preciosa autoridade que Deus lhe deu. Sempre que nos aproximamos de uma época de eleições, época em que se avolumam as ações políticas, surgem oportunidades em que muitas pessoas decidem que a igreja é sua e dispõem-se a trocar privilégios por votos dos crentes. Esta é uma situação comum nessa época, de graves tentações. Lembro-me de que quando eu estava no Estado do Maranhão, o ex-presidente José Sarney, naquela época governador do Estado do Maranhão, ele costumava visitar a Igreja Assembléia de Deus; muitas vezes esteve lá, a pedir apoio para o Pastor Estêvão Ângelo de Souza, de saudosa memória. E o Pastor Estêvão dizia para ele: “você tem todo o meu apoio, o meu voto é seu; eu tenho um único voto, e este voto é seu”. Mas alguns vendem o voto dos outros.

 

Então, irmão querido, nós precisamos ter autoridade, ter a nossa ficha corrida limpa; para que você tenha autoridade para lutar contra esses interesses nocivos, de pessoas que se vendem, que se corrompem, como estes homens aqui atrás dos seus lucros que aquela moça lhes dava, através desse espírito diabólico de adivinhação. Quando Paulo expulsou aquele demônio, eles se viraram contra o servo de Deus, porque ele foi justamente de frente contra os seus interesses particulares. A ganância de riqueza levava aquela moça a ser adivinhadora, dando lucros imensos para eles. E esta ousadia, esta coragem que deve caracterizar o pregador do Evangelho, levou Paulo e Silas para a cadeia. Para a prisão; e ali diz a Bíblia que eles foram colocados no cárcere interior. Sabe o que é cárcere interior? É o equivalente da atual solitária; porque, segundo as normas daquele tempo, eles eram presos de alta periculosidade. O que eles faziam transtornava cidades inteiras. Assim, foram colocados no cárcere interior; e além de ficar no cárcere interior, colocaram os seus pés e mãos no tronco. Pés e mãos no tronco significa prender os pés e as mãos no cepo, aquela tábua que tem aberturas onde cabem somente as duas pernas e os dois braços, ficando o prisioneiro completamente imóvel. Pois foi ali que os dois foram colocados. Você já imaginou que posição desastrosa, realmente terrível, esta? Irmão, tal é a caminhada do autêntico evangelista. Na jornada de um pregador não estão apenas casas de Lídia, vendedora de púrpura da cidade de Tiatira, não! Na jornada você vai encontrar demônios que precisará enfrentar, pessoas gananciosas a quem você terá que pregar o Evangelho e falar contra elas, você vai encontrar prisões e açoites –– mas dentro dessa prisão a presença de Deus está ali!

 

As provações forjam a têmpera do verdadeiro crente

Diz a Bíblia que à meia-noite Paulo e Silas oravam, cantavam e glorificavam a Deus. Não estavam ali simplesmente se lamentando. Você não vê aqui Silas dizer para Paulo: “Paulo, será que aquela visão foi uma visão mesmo que você teve, rapaz? Ou será que aquilo foi uma visagem, hein? Ou um pesadelo, porque, pense bem, visão de Deus nos trazer para cá?” Não, eles não estavam lamentando, eles estavam cantando, glorificando a Deus, louvado seja o Seu santo nome! E no meio desse louvor –– diz a Bíblia que Deus habita no meio dos louvores ––, nesse instante Deus surgiu com tanta pressa que veio quebrando portas, tirando grades, como se Ele quisesse saber de onde estava vindo aquele louvor; até que encontrou Paulo e Silas, e os pôs em liberdade; naquele instante os homens estão livres. O louvor liberta.

 

Então nós observamos como é a caminhada, a jornada de um autêntico pregador do Evangelho. Mar de rosas, águas tranqüilas? Você pode pegar um bonito barco e ir para o outro lado, enquanto a água está tranqüila; no meio da travessia surgem ondas, vêm vendavais; não pense que ser ministro do Evangelho é coisa fácil. A Bíblia simplesmente diz que (…) excelente obra deseja. Aquele que almeja o episcopado, excelente coisa deseja, porque você passa a ser parceiro de Deus, você passa a caminhar diretamente com Ele.

 

Na aparência de caos, o propósito de Deus se sobressai, soberano

A presença Dele estava ali, naquele cárcere que se escancarou. Mas Deus tinha propósito em tudo aquilo. Quando o carcereiro viu o cárcere aberto, as prisões rompidas e as grades fora do lugar, o homem quis se matar. Porque se não se matasse, seria morto. Esta era a regra: o carcereiro pagaria com a própria vida se deixasse um prisioneiro de alta periculosidade escapar daquela forma; e antes que alguém lhe aplicasse a sentença e o matasse, ele puxou da espada e ia se matar. Mas nesse momento o Apóstolo São Paulo confirmou que estava aqui neste mundo não para condenar aqueles que o açoitavam, mas estava ali para salvar vidas, e disse: “não te faças mal nenhum, nós estamos aqui!” Quando o carcereiro viu Paulo e Silas na sua frente, tranqüilos e amistosos, ele prostrou-se em terra e perguntou: “Senhores, o que é que eu devo fazer para que seja salvo?” É claro que o carcereiro nessa hora fez uma pergunta, o que é que eu posso fazer para ser salvo desta situação, mas Paulo aproveitou aqui o gancho e disse: “Crê, crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa”; e aquele homem prostrou-se aos pés de Cristo, recebendo-O como seu Salvador pessoal, sendo batizado nas águas na mesma hora –– e ali está a divulgação do Evangelho!

 

O Evangelho tem de ser pregado e está sendo pregado por homens que têm um compromisso sério com Deus. É isto que nós precisamos entender. Irmão querido, Deus chamou você. Por isso você agora tem uma missão a cumprir. E a missão é dura, é espinhosa. Ela é grande, mas é gloriosa. E você observa tudo isto aqui. Depois Paulo prosseguiu a sua caminhada, e foi para Tessalônica, chegando em Beréia. E você conhece todo o resultado dessa jornada. Açoitados, presos, apedrejados, dados como mortos.

 

A recompensa do Apóstolo

Mas no fim da caminhada, Paulo chega ali, naquele cárcere em Roma, e diz simplesmente: “O momento da minha partida é chegado. Eu já estou sendo oferecido por aspersão”. E ele finaliza as suas últimas palavras dizendo: Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé. Resta-me a coroa da justiça, que o Justo Juiz me dará, não somente a mim, mas a todos aqueles que amarem a vinda de Jesus Cristo [ [6] ]. Amar a vinda de Jesus é apressar esta vinda, é trabalhar por ela, é tê-la como objetivo último da sua vida. Porque com a vinda de Cristo estarão terminadas todas as lides do trabalhador do Evangelho, do pregador do Reino. Portanto, meu querido irmão, você, que está hoje no ministério, excelente obra você abraçou; então procure militar como bom soldado de Cristo Jesus, mas procure usar as armas apropriadas nesta milícia. Glorificado seja o nome de Jesus!

 

Conclusão

As minhas palavras finais para você que deseja o episcopado, que deseja ser um ministro, que deseja ser um pregador do Evangelho –– ou para você que já é um pregador do Evangelho: olhe o que diz o versículo dois da carta do Apóstolo São Paulo: é necessário portanto que o bispo seja irrepreensível –– fique só com esta palavra, irrepreensível. Que ninguém tenha motivos para “pegar no seu pé”. Que você seja uma pessoa que tenha autoridade, do Alto, sem que ninguém se volte para você e diga: “Você, querer falar comigo desse jeito? Eu conheço a sua vida.” Não permita que isso aconteça. Seja realmente uma pessoa chamada, vocacionada, separada por Deus para fazer o que você está fazendo. Que Deus o abençoe cada vez mais. Que o Senhor encha o seu coração desse desejo sublime de continuar servindo ao Senhor todos os dias da sua vida. Amém.

[ [1] ] Passagem mais próxima, Filipenses 3:7.

[ [2] ] Isaías 53:11.

[ [3] ] Eclesiastes 2:26, Provérbios 13:22, Jó 27:16-17.

[ [4] ] Lucas 12:34.

[ [5] ] Mateus 6;33.

[ [6] ] II Timóteo 4:6-8.