19 3234 9317 ibicamp@ibicamp.com.br

PECADO PARA A MORTE

Uma questão complexa

O tema da mensagem deste capítulo é O Pecado para a Morte. Convido o estimado leitor a tomar a sua Bíblia e a abri-la na Primeira epístola do Apóstolo João, capítulo cinco, versículo dezesseis. Como você sabe, nós transcrevemos as leituras, mas é importante que você se exercite no manuseio da Palavra. Esta passagem diz o seguinte: Se alguém vir a seu irmão cometer pecado, não para a morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para a morte. Há pecado para a morte, e por esse não digo que rogue. Como nós podemos entender tal texto bíblico? Que existe pecado que não é para a morte, assim como há pecados para morte. Qual é o pecado para morte, e que a Bíblia inclusive faz aqui uma recomendação, que é para você não rogar por ele? Que pecado é este? Será que existe pecado que Deus não perdoe? Será que existe pecado que Deus não tenha a possibilidade de perdoar?

 

Uma passagem que necessita interpretação

Mas antes de prosseguir, eu quero que você acompanhe comigo aqui na Epístola aos Hebreus, capítulo seis, versículo quatro até o versículo seis, e vejamos o que diz a Escritura Sagrada: É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia. Repetindo, o trecho que acabamos de ler diz: é impossível que aqueles que uma vez foram iluminados, que provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa Palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, é impossível renová-los para arrependimento. Meus queridos irmãos, nós precisamos entender a Palavra de Deus. Dentro da teologia bíblica existe uma ciência que se chama hermenêutica. A falta do conhecimento da hermenêutica tem mandando milhões de pessoas para o inferno. Existe uma denominação no mundo, atualmente, que quando um dos seus membros cai em pecado na sua igreja, principalmente o pecado de adultério, considerado por eles “pecado para a morte”, os líderes simplesmente mandam a pessoa para casa, porque cometeu um pecado para a morte, e está inevitavelmente perdida, e perdida para sempre. É esta a declaração que eles fazem. Mas nós temos observado, na experiência da nossa vida, há mais de trinta anos nas lides do Evangelho, nós temos visto pessoas que têm aceitado Jesus como seu Salvador pessoal, têm sido pregadores do Evangelho, têm feito obras extraordinárias, têm, enfim, exercitado os dons espirituais em sua vida; e, de repente, essas pessoas caem. Conheço pessoas que passaram distanciadas dos caminhos do Senhor dez, quinze, vinte anos, e depois de ter cometido pecados fragorosos lá fora, essas pessoas se arrependeram, e voltaram, e foram perdoadas e renovadas, por que? Porque não existe pecado que Deus não perdoe! Não existe pecado que Deus não perdoe!XOra, o Deus que manda você perdoar setenta vezes sete [ [1] ], será que Ele não tem condições de perdoar um pecador? Ele, que manda você perdoar, Ele mesmo não pode perdoar? Que história é essa? O que é que está acontecendo? Como eu estou dizendo para você, então, há muitas pessoas que se apegam a esse trecho de Hebreus, no capítulo seis, e declaram que é impossível regenerar que aqueles que uma vez foram iluminados e caíram, pecaram. Não se discerne qual é o tipo de pecado. Seja qual for o pecado mais grosseiro que um homem possa haver cometido na face da terra, até o pior criminoso da História, como Hitler, Nero, e muitos outros que já palmilharam este mundo, se estes homens chegaram aos pés do Senhor e disseram, “Jesus, perdoa!”, na mesma hora todo o pecado é perdoado, e diz a Bíblia que Ele lança no mar do esquecimento [ [2] ]. Ele desfaz o seu pecado como a névoa, é como se nunca existisse este pecado na vida de um pecador arrependido, de um pecador que vem buscar, arrependido, o perdão aos pés do Senhor!

 

Há oportunidade de restauração

Por isso, meu querido irmão, você que algum dia foi uma bênção, foi um braço direito na vida do pastor e na sua igreja, você que um dia foi um pregador do Evangelho, dirigiu o louvor na congregação, e infelizmente teve uma fraqueza espiritual e caiu fragorosamente, cometendo realmente um pecado que entristeceu o Espírito Santo, não se desespere. Ao cair em si e reconhecer nesse momento a gravidade da sua falta, não aja desta forma, ir para casa e ficar dizendo a si mesmo: “Agora não há mais jeito para mim, por que? Porque está escrito aqui que é impossível, é impossível”. E você coloca isso na cabeça, que é impossível. Eu quero dizer-lhe uma coisa: não existe pecado que Deus não perdoe, todo o pecado cometido pelo homem pode ser perdoado, porque o nosso Deus é rico em misericórdia [ [3] ]. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos [ [4] ]. Nós temos um Deus de amor, um Deus de compaixão, um Deus que compreende que você é pó, que você não é absolutamente nada sem Ele, e que você depende inteiramente da Sua Graça. Ele sabe que você tem um adversário que coloca tropeço na sua vida, Ele conhece bem os recursos e a astúcia que possui esse adversário, mas Ele tem poder para levantá-lo, porque o cair é do homem, mas o levantar é de Deus! [ [5] ] E Deus pode perfeitamente perdoar esse pecado que você cometeu. Não interessa a intensidade. Não interessa a quantidade, não interessa o tempo de pecado, o que você tem que se abraçar nesse momento é justamente na misericórdia do Senhor.

 

Um grave pecado de Davi

Eu quero que você abra neste momento a sua Bíblia no salmo cinqüenta e um e vamos ver aqui um episódio na vida de um homem segundo o coração de Deus, conforme a ele se refere a própria Palavra [ [6] ]. Um homem segundo o coração de Deus é aquele que procura sempre fazer a vontade do Senhor. E Ele está sempre disposto a ajudar essa pessoa. No salmo cinqüenta e um, versículos onze e doze, verifique aqui o que diz a Bíblia Sagrada: Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito; restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário. Você está lembrado desse episódio que aconteceu na vida do salmista Davi? Você recorda-se do caso dele com Bate-Seba? [ [7] ] Você gravou na memória os pecados que este homem cometeu em série, um após outro, numa seqüência realmente incrível? Vamos repassar os fatos. Diz a Bíblia que na época das guerras, em que os reis tinham que ir para os limites do território enfrentar a ameaça dos inimigos, Davi simplesmente mandou que o seu exército fosse para o campo de batalha. Ele preferiu ficar naqueles dias no palácio. E do terraço de seu palácio ele viu uma moça se banhando no quintal da sua casa. Os seus olhos foram colocados naquela mulher, e nasceu naquele momento um desejo sensual fora do normal; porque você sabe que todo o desejo sexual na vida do homem é coisa natural, colocada por Deus. Mas quando se extrapolam os limites, e o homem começa a fazer coisas indevidas, ele cai na raia da prostituição. Isso está na sua carne, na sua natureza. E naquele momento, quando Davi viu aquela mulher, cobiçou-a, e mandou chamá-la para si. E a Bíblia registra o adultério que Davi cometeu. Mais tarde a mulher avisou que estava grávida. A partir daquele instante Davi dedicou-se a maquinar uma coisa horrível. A mente dele, que sempre estivera a serviço de Deus, o maior salmista de Israel, de repente, coloca a sua mente a serviço de Satanás. O que ele faz? Manda chamar Urias, o marido daquela mulher, para que viesse passar uns momentos e dormir com ela; porque, ao sair dali, e depois a mulher aparecendo grávida, então se poderia dizer que o pai era o próprio marido. Mas Urias, como bom soldado, que honrava sua pátria, não quis. Não aceitou encontrar sua esposa. “Como é que eu posso ir para a minha casa, com minha mulher, enquanto os meus companheiros estão no campo de batalha?” E veja como a mente do homem vai se colocando cada vez mais a serviço do maligno. Como diz o salmo quarenta e dois, versículo sete, um abismo chama outro abismo, ao fragor das tuas catadupas. E naquele instante Davi fez uma cartinha e a entregou na mão do próprio Urias, para que a levasse ao comandante do exército. A carta mandava que Urias fosse colocado na frente do campo de batalha, de forma que viesse a morrer, e isso assim aconteceu. A mulher, agora, ficando viúva, Davi podia casar-se com ela sem nenhum problema, nenhuma dificuldade. Ninguém saberia disso. Tudo se fez à surdina. Foi um drama terrivelmente calculado por Davi: pecado, adultério, mentira, crime e outras coisas mais. Mas eis que chega o momento em que Deus manda o profeta mostrar ao rei a sua situação. Agora, calcule: antes que o profeta Natã chegasse e denunciasse o pecado de Davi, você pode imaginar o tempo que ele passou tentando ocultar aquele pecado na sua vida. Ele não queria que ninguém descobrisse o seu adultério. Porque se o adultério viesse à tona, aquela mulher seria fragorosamente apedrejada, como mandava a lei. Seria morta. Porque adultério, segundo a lei, era castigado com a morte em apedrejamento. E Davi amava Bate-Seba e não queria que ela fosse apedrejada. Portanto ele fez o possível para ocultar aquilo.

 

Guardando um pecado

Eu não sei, meu querido irmão, meu prezado amigo, se algum dia você já cometeu um pecado, um erro grave, um deslize, e você não quis que ninguém soubesse desse pecado. Às vezes foi desvio de dinheiro do seu patrão, ou um namoro clandestino, que você teve com alguém, às vezes até com pessoas bem próximas, como a sua vizinha; aí você passa a vida inteira, o tempo todo pensando: se esse assunto for descoberto e vier à tona, o que vai ser da minha vida? Quando isso cair no domínio público, o que é que eu vou fazer? Então você passa a trancar o seu pecado a sete chaves, cuidando de suprimir todos os vestígios possíveis; mas à medida que você vai protegendo esse seu pecado na sua vida, à medida que você vai abrigando pecados na sua vida, na verdade você está criando condições de exclusão de Deus em seu coração. Eu quero que você entenda que o Espírito Santo não sai na hora que você peca, mas Ele vai Se entristecendo. Ele vai Se entristecendo, e a tendência Dele é deixar a sua vida. Ele vai saindo devagarinho. Quando o salmista Davi viu que o Espírito Santo estava triste com ele, porque estava escondendo aquele pecado, pois ninguém podia saber, ele começou a sentir melancolia, começou a sentir-se doente, com dores, provavelmente com uma crise de reumatismo em sua vida. Porque o pecado provoca doenças na vida física da pessoa. São as doenças psicossomáticas. Cometido o pecado, daqui há pouco a enfermidade aflora no físico, e o salmista então diz assim: enquanto eu encobri o meu pecado, tu esmagaste os meus ossos. Enquanto você encobrir e proteger o seu pecado, você vai ter reumatismo, úlceras,  câncer, você vai ter uma série de problemas; porque o pecado gera todas essas mazelas na vida do homem. Mas quando Davi se deu por si, quando notou que a situação estava séria e drástica para ele, viu-se acometido por doença, pavor, medo de ser descoberto. Porque estava escondendo o seu pecado. O Livro de Provérbios diz que “aquele que esconde o seu pecado, ele nunca prospera, nunca prospera; mas aquele que confessa e deixa, esse alcança misericórdia” [ [8] ]. As misericórdias de Deus são a causa de não sermos consumidos!

 

Conseqüências do pecado oculto

Você está entendendo isto? Foi justamente quando o salmista sentiu este drama na sua vida que começou a cair em si, e começou a suplicar, e a dizer: Não me repulses da tua presença, não me retires o teu santo espírito, restitui-me a alegria da tua salvação e sustém-me com um espírito voluntário! Restitui-me a alegria da salvação! Uma pessoa que vive com um pecado encoberto não pode desfrutar da alegria da salvação. Ela pode até ir à igreja, cantar no coral, ajudar na evangelização, ela pode até estar ali, atenta a tudo o que está acontecendo nos programas da sua igreja, mas a alegria da salvação está longe dela. Porque o pecado não permite. Ele carrega consigo abatimento, o pecado gera tristeza. O pecado traz essas mazelas na vida espiritual. São as depressões que a pessoa começa a sentir na sua vida, sem atinar por que, e então passa a dizer: “Ore por mim, Pastor, ore em meu favor, eu não estou bem espiritualmente”. Age assim, mas não sabe ele, ou sabe perfeitamente, que tudo aquilo são as conseqüências justamente daquele pecado oculto, daquele pecado escondido. E o salmista já não tinha mais esta alegria. Não compunha mais os seus salmos preciosos e não tinha mais aquela liberdade de ir face a face, à presença de Deus. Não tinha como. O homem havia traído Deus. Porque o pecado é uma traição contra Deus. Ele não sentia mais a mínima vontade de ir à presença do Senhor. Mas nesse momento ele começa a dizer: “Restitui-me, Senhor, restitui-me a alegria da Tua salvação. E sustenta-me com um espírito voluntário. Restitui-me!”

 

Meu prezado amigo, meu querido irmão, eu não sei qual é a sua situação nesta hora. Eu não sei qual é o drama que você está vivendo. Você pode estar com um pecado e este pecado pode estar trazendo doenças na sua vida; e não apenas doença, mas pode estar alcançando outras pessoas e trazendo mazelas no meio da sua família. Sua família está sendo destruída e você começa a pensar que é incompatibilidade de gênios, que a sua mulher não o entende mais –– não é isto, mas sim um pecado que você tem abrigado no seu coração! Mas, hoje mesmo, você pode dizer como o salmista: “não me repulses da Tua presença, nem me retires o Teu Santo Espírito!” Se Deus tirar o Espírito Santo da sua vida, inevitavelmente você está perdido! Você está perdido. Mas eu quero mostrar para você, neste momento, que o Espírito Santo, Ele não sai assim, Ele não sai assim da vida do pecador. O Espírito Santo é quem convence o homem do pecado.

 

Conseqüência do pecado

Então o salmista estava pedindo, “não me repulses da Tua presença, e nem retires de mim o Teu Santo Espírito”. Analise um pouquinho este texto. Quanto tempo fazia que o salmista havia cometido pecado e o tinha escondido? Quanto tempo? Isso aí levou uns tantos meses. Porque até a mulher ficar gestante, Urias ser mandado para o campo de batalha, depois Davi se casar com Bate-Seba, é certo que tudo isso ficou escondido por bastante tempo. Deus mandou para Davi naturalmente um castigo, que foi o reumatismo de que ele sofria terrivelmente. Pois diz ele: Enquanto ocultei o meu pecado, tu esmagaste os meus ossos. Muito embora o pecado fosse perdoado, para que Davi não se esquecesse daquilo, as dores reumáticas infelizmente o acompanharam para o resto da sua vida. Até no fim da existência, Davi precisou de Abisague para o aquecer [ [9] ], porque o frio aguçava os seus padecimentos reumáticos.

 

Como a Glória do Senhor se afasta

Mas como eu estava dizendo, o Espírito Santo não sai da vida de uma pessoa logo que ela peca. Você acabou de adulterar, o Espírito Santo saiu correndo. Não; como você viu que Davi está aqui pedindo, é porque Ele ainda estava presente: “Restitui-me esta alegria, não retires” –– Ele ainda estava ali. E para que você possa averiguar isto com mais clareza, eu quero que você abra no Livro do Profeta Ezequiel. Ezequiel é um dos profetas que mostram as grandes abominações cometidas pelo povo de Israel. E Deus estava no meio desse povo. Mesmo no meio das abominações, cometendo pecados, Deus estava ali para convencê-los a buscar a santidade. E quando chega aqui no capítulo oito, nós encontramos Deus falando com o profeta e dizendo (versículo cinco): Ele me disse: Filho do homem, levanta agora os teus olhos para o norte. Levantei os olhos para lá e eis que da banda do norte, à porta do altar, estava esta imagem dos ciúmes, à entrada. Disse-me ainda: Filho do homem, vês o que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário? Pois verás ainda maiores abominações. E prosseguindo a leitura até o capítulo nove, Deus vai mostrando ao profeta as abominações que eram perpetradas no templo, os crimes de idolatria que eles cometiam no interior do templo. Mas ao chegar no capítulo nove, versículo três, veja o que diz aqui a Bíblia: A glória do Deus de Israel se levantou do querubim sobre o qual estava, indo até a entrada da casa; e o Senhor clamou ao homem vestido de linho, que tinha o estojo de escrever à cintura, e lhe disse (…) –– Olhe bem: a glória do Deus de Israel levantou-se do querubim sobre o qual estava, indo até a entrada da casa. É como se a glória de Deus, que estava lá na arca da aliança, de repente se move, sai, e se coloca à porta de entrada. Deus não agüentava mais tantas abominações. Ele esperou muito tempo. Mas as abominações foram-se avolumando cada vez mais. E ficou na porta do templo, como a dizer assim: “se eles ainda se arrependerem, Eu volto”. Mas quando alcançamos o capítulo dez, verificamos que não houve nenhum arrependimento, as abominações continuaram; e o no versículo quatro, veja só: Então se levantou a glória do Senhor de sobre o querubim, indo para a entrada da casa; a casa encheu-se da nuvem, e o átrio, da resplandecência da glória do Senhor. Você observa, Deus sai de lá de cima do propiciatório, onde Ele estava, na arca da aliança, e veio, e Se colocou na porta da tenda. Agora, Ele está na porta do átrio. Naquela cerca maior, que guarda o tabernáculo. Ele vai Se afastando, sai do santuário, fica na porta; da porta ninguém se arrepende e Lhe pede para voltar; Ele já está na porta do átrio, e nesse lugar é como se Ele estivesse dizendo, “se alguém se arrepender, Eu volto para o Meu devido lugar”. Mas não houve arrependimento. As abominações continuaram. Elas prosseguiram, e quando chega no versículo dezenove do capítulo dez, eis o que diz a Bíblia: Os querubins levantaram as suas asas, e se elevaram da terra à minha vista, quando saíram acompanhados pelas rodas; pararam à entrada da porta oriental da casa do Senhor, e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre eles –- já estava Se despedindo, porque as abominações não tiveram arrependimento; pelo contrário, foram se avolumando e agravando mais e mais. Agora já está lá em cima, olhando para a tenda da congregação, olhando para aquele povo, que estava em fragoroso pecado. Ele não saiu na primeira vez, mas ficou ainda olhando de longe. E quando chega o versículo vinte e três, no capítulo onze, ouça o que narra a Bíblia: E a glória do Senhor subiu do meio da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade. E dali naturalmente a glória do Senhor desapareceu. Pronto, acabou-se. Icabode [ [10] ], foi-se a glória de Deus!

 

O Senhor insiste antes de abandonar

Mas você notou que a glória do Senhor não se afastou do templo no primeiro pecado, não. Ele ficou lutando, batalhando, tentando convencer os homens para que se arrependessem, e voltassem à vida de santidade, e assim a glória do Senhor permaneceria ali. Mas até hoje esta glória não voltou para Israel. A arca da aliança foi depois capturada, mas não tinha nenhum valor. Não abrigava mais nenhum poder, era apenas uma mobília, porque a glória do Senhor havia desaparecido, havia ido embora. Não podia mais ficar no meio de tantas abominações. Você entende, meu querido irmão? Você cometeu um pecado, Deus está triste com você, lógico; porque Ele não se mancomuna com o pecado. Mas você quer que Ele volte para você, para o seu coração? Arrependa-se! Aquele que se arrepende e deixa, alcança misericórdia; mas aquele que encobre a sua transgressão, ele nunca prospera. É isto que nós precisamos entender. Mas à medida que você vai pecando, a glória de Deus vai se afastando. Não é da primeira vez, não; Deus está trabalhando. Como eu disse, já vi pessoas que viveram fora do caminho do Senhor vinte anos, pessoas que estavam distantes lá fora vinte anos, e no dia em que se arrependeram, a glória do Senhor voltou para suas vidas, estava presente ali, “porque a misericórdia do Senhor é a causa de não sermos consumidos”.

 

Voltando à questão de Hebreus

Agora você pode perguntar: “Mas Pastor Jorge, o que é que a Bíblia Sagrada quer dizer então com esta questão de Hebreus, capítulo quatro, versículo seis em diante? O que é que a Escritura quer indicar com estas palavras tão graves, como diz aqui: É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para o arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia. O que é isso? O que quer dizer que é impossível que aqueles que foram iluminados? Aqui não está falando com crente? Com aquele crente que aceitou Jesus, que foi batizado com o Espírito Santo, que foi um pregador do Evangelho, que pecou, caiu e não tem mais jeito para ele?”

 

Instrumentos úteis para compreender a Palavra

Olhe, meu querido irmão, eu falei aqui, a princípio, que existe uma ciência na teologia bíblica, que é ensinada inclusive no IBICAMP, que se chama hermenêutica. O que é hermenêutica? Hermenêutica é a ciência da interpretação da Bíblia. A ciência, quando vai analisar um texto bíblico, ou um livro da Bíblia, ela faz algumas perguntas. Quem escreveu, para quem escreveu, por que escreveu. Qual era o contexto da época em que foi escrito. Se eu não obtiver reposta para estas questões, não há como analisar um texto bíblico na íntegra. Não tenho jeito. Eu preciso conhecer qual era o contexto da história no tempo em que foi escrito o livro. Primeira coisa, quem escreveu. O Livro de Hebreus não mostra quem é o seu autor. Mas para quem foi escrito? Para os hebreus, para os judeus. E quais judeus? Aqueles judeus que haviam aceitado Jesus como o seu Salvador, aqueles judeus que compunham ou faziam parte da Igreja, no princípio, nos primeiros anos depois do Pentecostes; estes homens que tinham na sua família o histórico de uma tradição religiosa milenar, que era o judaísmo, e de repente deixaram o judaísmo e aceitaram o cristianismo. Ao aceitar o cristianismo, receberam Jesus como Salvador, receberam o perdão do seu pecado, e estão agora com uma nova vida. Mas estes judeus foram perseguidos, a família os abandonou, seus bens foram espoliados, e muitos deles não suportaram a perseguição e toda esta opressão, e tiveram de voltar para o judaísmo. Voltando ao judaísmo, tiveram de praticar os ritos judaicos. Quais ritos judaicos? Prosseguir imolando o cordeiro, matando a ovelha, a pombinha, cumprindo os rituais que a lei mandava. E é justamente isso que o escritor está dizendo: “É impossível que aquele que uma vez experimentou a glória divina, é impossível que aqueles que uma vez foram iluminados e provaram o dom celestial, e tornaram-se participantes do Espírito, aceitaram Jesus como seu Salvador, tiveram o seu pecado perdoado e sabem o que é o mundo vindouro, e essas pessoas abandonaram e voltaram para o judaísmo, é impossível agora você ser salvo pelo judaísmo”. Quando você era judeu, não tinha problema. Você era salvo através da fé no sacrifício que você oferecia. Porque aquele sacrifício apontava para o Cordeiro que viria. Mas agora que você já experimentou o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo [ [11] ], você que já experimentou o perdão e o dom do Espírito Santo, e você quer voltar para ser salvo através do judaísmo, de novo? Não, isto aqui é impossível! É impossível, você que aceitou Jesus e querer voltar para ser salvo pelo catolicismo, ou pelo budismo, ou pelo islamismo, ou qualquer outra coisa, você que já provou Jesus, e está querendo agora buscar salvação em outro lugar? Impossível, não tem jeito, não tem solução. É isto que quer dizer impossível.

 

Jesus, de fato, o único caminho

“Mas Pastor Jorge, eu ainda continuo com um problema.” Eu entendi. Você pode dizer: esta questão de que aqueles que foram iluminados, que aceitaram Jesus e depois querem voltar, e serem salvos através dos ritos sacrificiais, do judaísmo, é impossível; então não tem como. Porque somente Jesus, como Ele diz: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai a não ser por mim [ [12] ]. Somente através Dele é que o homem pode chegar à glória. Somente através de Jesus é que nós chegamos ao Pai. Não há outro meio, outra forma. Não é pelas obras, para que ninguém se glorie [ [13] ]. De graça sois salvos, mediante a fé [ [14] ].

 

O pecado para a morte

Porém ainda temos aqui um outro problema. Qual é aquele pecado para a morte que João fala, no capítulo cinco, versículo dezesseis? Você quer saber qual é o pecado para a morte? Então vamos abrir comigo a Escritura Sagrada mais uma vez em Hebreus, capítulo três, versículo doze ao versículo dezenove. Verifique aqui o que diz a Bíblia, e eu vou mostrar-lhe agora qual é o pecado para a morte, qual é o pecado que não tem perdão: Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade, que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente a cada dia, durante o tempo que se chama hoje, afim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se de fato guardarmos firme, até o fim, a confiança que desde o princípio tivemos. Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações como foi na provocação. Ora, quais os que, tendo ouvido, se rebelaram? Não foram de fato todos os que saíram do Egito, por intermédio de Moisés? E contra quem se indignou por quarenta anos? Não foi contra os que pecaram, cujos cadáveres caíram no deserto? E contra quem jurou que não entrariam no seu descanso, senão contra os que foram desobedientes? Vemos, pois, que não puderam entrar por causa da incredulidade. A incredulidade fez com que uma geração inteira ficasse prostrada no deserto. Você se lembra que Moisés intercedeu pelo povo naquela hora, porque Deus queria eliminar todos naquele mesmo instante? Quando Deus disse para Moisés: “Moisés, este povo é de obstinado coração; olhe, eu vou eliminar toda esta geração e vou fazer de você uma geração nova.” Moisés replicou: “Senhor, eu quero uma coisa, somente. Que Tu, Senhor, perdoes este povo, ou então risques o meu nome do Teu Livro da Vida.” E o Senhor observou: “Moisés, do Livro da Vida Eu só risco aquele que pecar. Mas tão certo como Eu vivo, e tão certo como a Minha glória encherá toda a terra de Seu conhecimento, este povo não herdará a terra prometida.” [ [15] ] Não adiantou a oração de Moisés. Não adiantou o esforço de Moisés em favor do povo. A intercessão de Moisés foi apenas suficiente para que nascesse uma nova geração naqueles quarenta anos, mas durante esse tempo aquele povo foi caindo prostrado pelo deserto, e não entrou na Terra Prometida. Não entrou por que? Por causa do pecado da incredulidade. É não crer em Deus, é não crer em Jesus!

 

A incredulidade desmascarada

Se uma pessoa não crê que Jesus salva, então o que é que a vai salvar? Se uma pessoa não crê que Jesus perdoa o pecado, então quem é que a vai perdoar? Se a pessoa não quer aceitar Jesus como Salvador porque não crê, então quem é que vai salvar essa pessoa? Este é o pecado para morte, a incredulidade. O incrédulo jamais poderá entrar no céu. Um homem que não conhece –– ou, não conhece não, aquele que não quer, conhece mas não quer acreditar que Jesus salva: não tem remédio para esse, não adianta. É o mesmo que jogar uma bóia no meio do mar para uma pessoa que está naufragada, morrendo afogada, e ela não querer se segurar na bóia. Vai morrer afogada mesmo. Não quer se agarrar à bóia. Então, se nós estamos oferecendo Jesus como Salvador para o mundo, e o mundo diz “eu não creio, não quero”, então pronto, quem é que pode salvar? Este aqui é o pecado que o Apóstolo João está dizendo: “não quero que ore por ele”. Deixe a critério de Deus. Deus sabe como vai tratar. Se algum dia Ele quiser que alguma coisa aconteça, Deus vai fazer. Pois a oração de Moisés foi suficiente apenas para que uma nova geração surgisse no deserto. Sua oração não salvou aquela turba que ficou prostrada no deserto. É justamente isso que nós precisamos entender. Não deixe que a incredulidade tome conta da sua vida. Mas qualquer outro pecado que você tenha cometido, volte para Jesus ainda hoje, volte aos pés do Senhor ainda hoje, porque Ele é rico em perdoar. Se, porém, andarmos na luz, como ele na luz está, mantemos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado [ [16] ]. Sejam, pois, perdoados em nome de Jesus Cristo!

[ [1] ] Mateus 18:22.

[ [2] ] Miquéias 7:19.

[ [3] ] Efésios 2:4.

[ [4] ] Lamentações 3:22.

[ [5] ] Salmos 146:8b, 145:15.

[ [6] ] Atos 13:22.

[ [7] ] II Samuel 11.

[ [8] ] Provérbios 28:13.

[ [9] ] I Reis 1:2-3.

[ [10] ] I Samuel 4:21-22.

[ [11] ] João 1:29.

[ [12] ] João 14:6.

[ [13] ] Efésios 2:9.

[ [14] ] Efésios 2:8.

[ [15] ] Êxodo 32:30-35.

[ [16] ] I João 1:7.