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A DECISÃO MAIS IMPORTANTE

Breve preâmbulo

Lemos certas passagens bíblicas muitas vezes e, ou não atinamos com o seu sentido, ou estamos cada vez descobrindo novos significados. Por que certos fatos parecem tão deslocados? Vamos lendo, e relendo, até que um dia o Espírito Santo abre o nosso entendimento –– e então, com clareza, compreendemos por que foi escrito desta ou daquela forma. Bendito e louvado seja Deus pelo Seu ensino e zelo de Sua Palavra! A mensagem deste capítulo enquadra-se “sob medida” neste comentário inicial. Trata-se da decisão mais importante.

 

Sempre decidimos

E basearemos a nossa mensagem no Evangelho que escreveu São João, no capítulo doze, versículo vinte. Quero que você preste bastante atenção na mensagem destas páginas. Você sabe que, decisões, todos nós as estamos tomando todos os dias. A nossa vida é uma sucessão de tomada de decisões. Isso passa a acontecer desde quando nós nos entendemos ou nos reconhecemos como seres dotados de vontade e capazes de fazer  opções.  Numa situação bastante elementar, imagine-se como uma criança, e eis que alguém chega e lhe dá um real. Você pode decidir se vai chupar um sorvete ou se vai comprar balas. Mais tarde é aquele rapazinho, na idade de ir para a escola, que começa a dizer para a mamãe ou para o papai, “eu não quero ir para aquela escola, eu quero ir para aquela outra”; em breve surge a idade do namoro e ele fica decidindo quem vai escolher, uma morena ou uma loira; depois, a fase da faculdade: temos de decidir o que fazer, engenharia, administração, direito, contadoria, enfim. Depois você se casa e vai naturalmente exercer as suas tomadas de decisão diárias como cabeça da família: onde morar, que tipo de moradia, casa ou apartamento, qual é a profissão que você vai seguir, aquela que você estudou, para mecânico, ou abrirá um ponto de comércio –– entendeu? A nossa vida é uma ininterrupta sucessão de tomada de decisões.

 

As enigmáticas palavras de Jesus

Isso posto, eu quero que você leia detidamente o trecho bíblico que está transcrito a seguir e que trata da decisão mais importante que pode existir na face da terra. João, capítulo doze, versículo vinte, diz o seguinte: Ora, entre os que subiram para adorar durante a festa havia alguns gregos; estes pois se dirigiram a Filipe, que era de Betsaida, da Galiléia, e lhe rogaram: senhor, queremos ver a Jesus. Filipe foi dizê-lo a André, e André e Filipe comunicaram a Jesus. Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida, perde-la-á; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo, preserva-la-á para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me; onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará. Agora está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito eu vim, para esta hora. Que Deus, na Sua bondade eterna, possa abrir não apenas a sua mente neste momento, mas também o seu coração, para que você possa entender a Sua Palavra.

 

Já ouvimos muitas pessoas pregar sobre este trecho bíblico, incontáveis vezes; tantas que nem esperamos mais novidade nenhuma. Há muitos aspectos interessantes nesta narrativa, que possui a riqueza e densidade características de João; mas ele encerra também uma revelação extraordinária, nem sempre aparente. Para entender por inteiro esta passagem precisamos também um pouquinho do auxílio da História. A hermenêutica é uma ciência que nos ajuda, porque quando você lê e se interessa por um texto bíblico, você quer saber quem escreveu, por que escreveu, se foi um registro ou se foi uma mensagem dirigida a uma pessoa, ou comunidade, ou até um povo, qual foi a época, quais foram as circunstâncias; e aqui nós estamos com um desses trechos, perante o qual você tem que fazer algumas perguntas.

 

Um pouco de análise

Diz a Bíblia: Ora, entre os que subiram para adorar durante a festa, havia alguns gregos. Que festa era essa? Você sabe que o povo judeu tem, anualmente, sete grandes festas. Os judeus são um povo alegre, que divide naturalmente o seu calendário em épocas festivas, e uma delas é com toda a certeza a festa de Pentecostes. É uma das mais lindas, concorridas e movimentadas. A passagem bíblica que lemos refere-se à oportunidade de uma dessas festas; e parece-nos que esta foi a última a que Jesus Cristo compareceu. Ele seguiu para o local onde o povo se reunia. Mas também diz o trecho bíblico que entre aquela multidão surgiram alguns gregos. Alguns gregos; e prossegue a Bíblia mostrando que estes se dirigiram a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e lhe rogaram: “senhor, nós queremos ver a Jesus”. A empolgação de Filipe foi tão grande que ele correu e pôs André a par daquele pedido. Então André e Filipe correram juntos e foram comunicar a Jesus. Eu creio que você já teve esta sensação. Quando você está numa igreja, e leva uma pessoa amiga a um culto, quando chega na hora do apelo, que é feito o convite, aquela pessoa se levanta e você vai com ela à frente –– esta é uma sensação tão preciosa, tão gostosa, esta que nós sentimos, quando levamos alguém aos pés de Jesus. E na vida dos discípulos não era diferente. Quando esses gregos se dirigiram a Filipe e disseram, “queremos ver a Jesus”, a empolgação dos discípulos foi tão grande que eles não se limitaram a ir andando, saíram correndo mesmo. E um falou com o outro e foram comunicar a Jesus. Você pode imaginar esses dois discípulos ofegantes, chegando aos pés do Senhor, e dando esta notícia?

 

Mas eles ficaram altamente decepcionados nesta hora, quando Jesus respondeu, no versículo vinte e três: “É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto”. Os discípulos, não entenderam isso; os discípulos ficaram provavelmente abismados com esta resposta. Afinal de contas eles vieram dar a notícia para Jesus, de que um grupo de gregos queria falar com Ele, e em resposta Jesus fala de morte? Que coisa sem sentido!

 

O significado da Grécia e dos gregos

Mas comecemos neste momento a fazer algumas indagações. Você observou que não se trata de um grupo de egípcios, ou de hindus, mas de um grupo de gregos. Gregos. Você sabe perfeitamente que o povo judeu está espalhado em todo o globo da terra, e este grupo tinha vindo da Grécia para Jerusalém. Você também sabe que a Grécia, naquele tempo, era a capital mundial da filosofia. Você já ouviu falar de Aristóteles e Platão, dois dos maiores filósofos que o mundo já conheceu? Reverenciados até o dia de hoje nas grandes faculdades do mundo, cujos escritos continuam ainda no nosso tempo analisados e consultados? Pois bem, Aristóteles e Platão viveram na Grécia no quinto século antes de Cristo [ [1] ]. Praticamente eles foram dos maiores precursores da helenização, ou seja, da difusão da cultura grega nos seus dias. Esta cultura espalhou-se pelo mundo todo e dentro da Grécia floresceram os maiores filósofos de todos os tempos. Homens que viviam a filosofar, que colocavam o cérebro, o pensamento, para “funcionar” realmente, para descobrir coisas; eles estavam continuamente buscando idéias novas, diferentes; eles sempre queriam saber das novidades, estavam em busca, procurando realmente coisas que viessem a ajudar no seu campo filosófico. Mais tarde, quando o Apóstolo São Paulo chegou em Atenas, na Grécia, você lembra-se que ele encontrou um grupo de filósofos; lembra-se também que ele começou a analisar o ambiente em que eles viviam, e quando foi ao Areópago, verificou que ali havia lugares para tudo quanto era deus conhecido pelos gregos? Paulo, analisando aquilo, achou um espaço vazio, onde estava escrito, ao deus desconhecido. Quando Paulo o viu, encontrou praticamente a porta de entrada para se chegar aos filósofos daquela época. E quando começou a pregar o Deus desconhecido para aqueles filósofos, naquele momento o Apóstolo São Paulo dirigiu-se a eles e disse, “olhem, Deus não leva em conta o tempo da ignorância, Deus não leva em conta o tempo desta ignorância filosófica de vocês, que conhecem tudo aquilo que é tangível ao pensamento humano, mas a sua filosofia jamais os levou ao verdadeiro Deus, ao Deus desconhecido, pois é Este que nós estamos pregando, é Este que eu lhes anuncio!” [ [2] ]

 

Então você observou que no tempo do Apóstolo São Paulo, já no primeiro século da Era Cristã, os filósofos continuavam em plena atividade. Aqui não estamos mais no tempo de Aristóteles e Platão, cinco séculos antes de Cristo; mas acontece que nestes mais de quinhentos anos de filosofia, na Grécia, praticamente a situação estava esgotada. A rica vertente do pensamento filosófico havia sido exaurida; e eis que esse grupo agora chega em Jerusalém. Pois diz a Bíblia: Ora, entre esses que subiram para adorar durante a festa, havia alguns gregos. Havia alguns gregos. Você acha que esses gregos foram a Jerusalém para adorar? Você acha que esses homens estavam ali com essa finalidade? Afinal de contas, o que é que esses gregos queriam? O que é que esses gregos foram fazer em Jerusalém?

 

Uma pergunta capciosa

Alguns anos atrás eu estava lecionando no Seminário Pentecostal do Brasil, em São Paulo, para o curso de bacharéis em teologia. A matéria que eu estava lecionando era justamente sobre Cristologia. Em dado momento da aula, um dos alunos levantou-se e fez uma pergunta: “Professor, quando Jesus esteve aqui na terra, Ele era Deus? Ele era Deus?” Quando eu ouvi esta pergunta, formulada por um dos melhores alunos da classe, fiquei alerta; porque este irmão era vice-presidente de uma das grandes igrejas de São Paulo, e estava ali fazendo o seu curso de bacharel em teologia. E eis que de repente esse homem se ergue e formula esta pergunta. Mas eu já sei que todo o pastor, quando tem uma pergunta desta natureza, é porque ele em si já tem uma resposta, ele já sabe mais ou menos onde é que ele quer chegar. Então devolvi-lhe a pergunta da seguinte forma: “Por que o irmão está fazendo esta pergunta, se Jesus era Deus ou não, quando esteve aqui na terra?” Foi quando ele declarou que no dia anterior, na igreja dele, o pastor havia pregado que Jesus Cristo, quando esteve aqui na terra, Ele não era Deus. Mas baseado em que ele afirmou que Jesus Cristo não era Deus? “Porque Jesus Cristo não sabia o dia da Sua volta. E se existe alguma coisa que Jesus Cristo não sabe, então Ele não é Deus, porque Deus, Ele sabe de todas as coisas.” Você pode calcular a situação em que eu estava metido naquela hora? Como é que eu podia sair de uma situação dessa? Naquele momento eu fiz uma oração silenciosa a Deus, e o Espírito Santo no mesmo instante veio com a resposta. E então perguntei para aquele irmão, que era pastor pentecostal. Eu disse: “O irmão é batizado como Espírito Santo?” Ele respondeu: “Eu sou. –– O irmão, quando ora, ora em línguas estranhas, como recomenda a Bíblia Sagrada, principalmente o Livro de Atos?” Ele disse: “Oro.” Perguntei mais uma vez para ele: “E quando você está orando em línguas estranhas, você sabe o que é que você está dizendo?” Ele disse: “Não.” Não, por que? Porque a carta aos coríntios, capítulo catorze, versículo dois, diz aqui a Bíblia Sagrada: pois quem fala em outra língua, não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito ele fala mistérios. Aí eu fui e disse: “Ah, então você não entende as línguas estranhas? É porque você está orando em mistérios.” E perguntei mais uma vez: “Então Deus está entendendo quando você está orando em línguas estranhas?” Está, porque diz a Bíblia que ele está falando mistérios com Deus. “Então Deus está entendendo o que você fala.” Ele disse: “Sim.” –- “E será que Deus, Ele lhe deixa sem resposta, quando você está orando em línguas estranhas?” –- “Não, naturalmente Deus responde a oração”. –- “Pois bem, meu querido, então quando você tem dentro de você um Espírito, e esse Espírito tem contato com Deus, Ele fala com Deus, Deus responde, e você aqui do lado de fora, você não sabe de nada que está acontecendo. Sabe por que? É porque você tem uma natureza humana, intelectual, e você tem uma natureza espiritual. E no mundo do espírito acontecem coisas maravilhosas que você aqui fora não sabe. Pois bem, eu quero informar-lhe que Jesus Cristo era cem por cento homem, Ele era o filho de Davi, Ele era o filho ali do carpinteiro de Nazaré, e Maria; Ele era o Filho do homem. Como Filho do homem, Ele não sabia; mas como Filho de Deus, Ele sabia e sabe. E uma prova cabal está no capítulo vinte e quatro de Mateus, quando Jesus fala sobre aquele sermão profético. Ele mostra tudo o que vai acontecer com respeito a Sua vinda, Ele só não precisa o dia e a hora, por que? Porque isso para Ele, como homem, não foi revelado. Porque se Jesus Cristo soubesse o dia da Sua vinda, Ele contaria para os discípulos; e se os discípulos soubessem, os discípulos escreveriam na Bíblia, e se estivesse escrito na Bíblia, tanto eu como Satanás saberíamos do dia da volta de Jesus, e alguma coisa iria acontecer; este é um segredo que Deus mantém com Ele, mas Jesus Cristo é Deus, Ele sabia e sabe, como Filho de Deus, Ele sabe, porque na Sua vida espiritual, Ele é cem por cento Deus. Mas também Ele era cem por cento homem, sentindo dores, fome, canseira –– Ele sabia de todas as coisas como Filho de Deus.”

 

Jesus pôde interpretar perfeitamente a intenção dos gregos

Pois bem. Por que estou dizendo isso? É porque quando os discípulos chegaram a Jesus no capítulo doze do Evangelho de São João, e comunicaram, “Senhor, estão aí uns gregos que querem falar contigo”, Jesus respondeu: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se  morrer, produz muito fruto” –– por que Jesus disse isso? Porque, sendo Ele Filho de Deus, e tendo todos os dons espirituais na sua vida, Ele sabia quem era aquele grupo de gregos e o que haviam ido fazer em Jerusalém. Ele sabia qual era a pretensão deles. Como já mencionei, esses homens procediam da Grécia, o centro mundial da filosofia, mas uma filosofia já sem vigor, em visível decadência. Eles sabiam que Jesus Cristo tinha uma atitude de vida diferente, desconhecida deles; e o que é que eles pretendiam? Eles queriam exatamente convencer Jesus e levá-lo para a Grécia, para ensinar em suas cátedras “a Sua filosofia” –– no conceito deles, uma postura filosófica diferente, inovadora, poderosa. E quando Jesus ouviu essa notícia, Ele simplesmente comentou: em verdade, em verdade vos digo que se o grão de trigo cair em terra e não morrer, não morrer, ele fica só; mas se ele morrer, ele dá muito fruto. Por que Jesus falou isso? Por que Jesus respondeu dessa forma para os discípulos, o que fugiu totalmente à compreensão deles? Por que? Alguma razão? Fique atento aos próximos parágrafos, porque com toda a certeza Deus vai esclarecer por que vem a ser esta, a decisão mais importante.

 

A Decisão Mais Importante

Muito bem, este é o foco e o tema desta meditação, a decisão mais importante. E qual, portanto, seria essa decisão? João, capítulo doze, vamos prosseguindo: Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto. Voltamos à mesma pergunta: por que Jesus Cristo usou essas palavras enigmáticas? Por que Ele falou sobre este assunto? Como é que isso se relaciona com o que aqueles gregos foram fazer em Jerusalém? Como já expusemos, a filosofia grega estava em decadência, e eles buscavam coisas novas, e até de fora; e eles sabiam que Jesus Cristo ensinava uma filosofia de vida diferente. Então, o que é que eles queriam em Jerusalém? Não foram para adorar, mas tomar Jesus e levá-Lo para a Grécia, para que lá Ele ministrasse os seus ensinamentos. Outro motivo é que os gregos também sabiam o perigo que Jesus Cristo estava passando em Jerusalém, e queriam ver se salvavam o Mestre dessa situação. Que, na avaliação deles, era inevitável. Porém Jesus Cristo, nesse momento, disse: “se o grão de trigo cair em terra e não morrer, ele vai ficar só; mas se ele morrer, dará muito fruto.” O Senhor estava dizendo nessa hora: se o Grão de Trigo for para a Grécia, Ele não morre; e se Ele ficar em Jerusalém, Ele vai morrer. Ele está nesse momento, praticamente, numa grave situação, numa encruzilhada, e Ele declara aqui no versículo vinte e sete: Agora está angustiada a minha alma, e que direi eu? “Eu, que direi a respeito desta hora? Jerusalém ou Grécia?” Jesus tinha de tomar uma decisão, nesse instante. E quando Ele começa a pesar uma situação e outra, Ele viu de um lado a Grécia com todo o seu apogeu; mas do outro lado viu Jerusalém com a Via Dolorosa; de um lado estava a Grécia e suas cátedras, e de outro lado estavam os açoites e a coroa de espinhos. De um lado estava a Grécia, com todo o aparato de uma vida regalada, e do outro lado estava o sofrimento e a tortura; de um lado estava, na realidade, um homem que poderia se destacar como o sábio da época, e do outro lado estava Aquele que dali há alguns momentos seria um cadáver pendurado num madeiro. De um lado estava a Grécia, com tudo aquilo que um homem deseja e quer, mas do outro lado estava o sofrimento, estava a cruz, estavam os cravos; e aqui está Jesus Cristo neste momento, dizendo: “Pai, o que é que eu direi, a respeito desta hora? Jerusalém ou Grécia?” Quando Jesus começa a imaginar o sofrimento que ia passar, sofrimento que dali há pouco iria prosseguir no Jardim do Getsêmani, quando Ele estaria ali sofrendo e derramando gotas de sangue, e dizendo, “Pai, passa de mim este cálice, sem que Eu o beba, passa de mim este cálice, sem que Eu o beba” –– aquele era o momento decisivo, era o momento de decisão.

 

Refletindo um pouco sobre a decisão de Jesus

Nós estamos neste mundo, irmãos queridos, e jamais tomamos decisões que nos venham a trazer prejuízo ou dor; todas as nossas decisões normalmente visam nosso bem estar ou são para tirar lucro e proveito de alguma coisa. E aqui está: Grécia, com a promessa de todo o seu apogeu de um lado, e Jerusalém, com a certeza da tortura, da coroa, da cruz, com os açoites, com a cuspida no rosto, do outro; e Jesus, entre um e outro. “Pai, o que é eu que direi a respeito desta hora?” Era uma decisão que Ele teria de tomar, e desta decisão que Jesus ia tomar agora dependeria com toda a certeza o futuro e o destino, não apenas do mundo, mas de toda a raça humana, e de toda a criação, e até mesmo da Sua divindade. Mas de repente, Jesus parou de olhar para a direita ou para a esquerda, e começou a olhar para o centro. E no centro Ele começou a ver aquela multidão caindo no abismo, aquela multidão seguindo como ovelhas para o matadouro, aquela multidão que seguia a passos firmes para o abismo infernal. Ele com toda a certeza ouvia o grito, o gemido e o lamento desta multidão; e naquele momento Jesus parou de olhar para a direita, onde estava Jerusalém, onde estava à esquerda a Grécia, e Ele começou a olhar para o centro, e Ele viu a mim, Ele viu a você, Ele viu a raça humana, Ele viu todos nós; naquele tempo e naquele momento Ele foi e clamou, aqui no versículo vinte e sete: “Salvar-me desta hora? Mas precisamente para esta hora foi que eu vim ao mundo! eu não vim para ir para a Grécia, eu vim para ficar em Jerusalém!” –– e Jesus Cristo decidiu ficar em Jerusalém, e enfrentar o patíbulo da cruz, o sofrimento e a Sua própria morte, louvado seja Deus!

 

O Grão de Trigo, Ele caiu em terra e morreu!

 

O resultado dessa decisão gloriosa

Mas ao morrer, Ele brotou, como toda a semente; nenhuma semente nasce sem que primeiramente morra! Ele, o Grão de Trigo, Ele caiu na terra. Ele morreu, e esse grão brotou, e começou a produzir fruto; e eu sou fruto dessa decisão tomada por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Que decisão preciosa, que decisão sublime, esta, que decisão marcante esta, de nosso Senhor Jesus Cristo! E eu fico muitas vezes a pensar o que seria de mim, o que seria de nós, o que seria da raça humana, se Jesus Cristo naquele momento tivesse decidido ir para a Grécia. A Grécia estaria sendo aplaudida. Mas eu estaria indo para o inferno, nesta hora. Você estaria nos corredores da morte, neste momento. Mas glória a Deus, glória a Jesus, porque Ele teve a força e teve a capacidade suficientes para decidir pelo Seu sofrimento e morte, para que eu tivesse vida, e vida com abundância, para que a raça humana tivesse hoje um referencial de vida que nos conduz para a Eternidade. O que seria da raça humana, se não tivesse um Jesus Cristo! O que seria da Bíblia se o nosso Jesus não tivesse tomado aquela decisão! Era um livro vazio, um livro sem sentido; a religião cristã não teria qualquer significado, não teria qualquer sentido. Não teria qualquer importância se o nosso Jesus tivesse fracassado. Se Ele tivesse tomado errada aquela decisão –– mas glorificado seja Deus, esta decisão que Ele tomou foi o Seu sofrimento, foi a Sua morte, e morte de cruz, mas foi a minha salvação! Louvado seja Deus, que esta decisão Dele fez com Ele rompesse até os grilhões da morte, e vencesse, e tragasse a morte na vitória [ [3] ] que está em Jesus Cristo, o nosso Senhor! Louvado seja Deus!

 

Nada igual!

O cristianismo é a única religião no mundo em que o Seu criador e fundador está vivo! Você pode ir hoje no Japão, num lugar chamado Shangrilá, onde foi sepultado Sidarta Gautama, o Buda, e você não vai encontrar aquelas inscrições ali, Ele não está mais aqui, Ele já ressuscitou; você pode ir hoje no túmulo dos grandes homens que fundaram grandes religiões na face da terra, você pode ir hoje ali no Vaticano e você vai deparar-se com inscrições “aqui estão os restos mortais do Papa Pio Dez, Pio Onze, Pio Quinze”; em outros locais leremos “aqui estão os restos mortais de Maomé, de Confúcio, de Zoroastro”. Nesses lugares estão os restos mortais de tantos homens que já palmilharam este mundo. Mas eu posso ir com você hoje, na Palestina, podemos ir hoje lá nos arredores do Monte Calvário, e encontraremos a sepultura onde Jesus Cristo foi colocado; ao chegar ali, não se verá essa inscrição, característica de todos os túmulos do mundo, mas você é capaz de ouvir aquele anjo sempre a dizer: “Ele não está mais aqui, Ele já ressuscitou!” [ [4] ] Glória ao nome de Jesus! Jesus está vivo, e vivo para sempre, vivo e Salvador, porque a decisão que Ele tomou foi a decisão mais importante deste universo. A decisão mais importante desta vida. Jesus decidiu enfrentar a cruz e a morte para que eu vivesse; ele sofreu, para que eu não sofresse, ele chorou, para que eu não chorasse –– é por isso que eu amo esse Jesus, porque, por minha causa foi que Ele decidiu enfrentar a cruz do Calvário! Glória Deus! Glória a Deus!

 

Jesus decidiu, nós temos de decidir também!

É justamente isso que nós precisamos entender: não houve decisão mais importante neste universo do que essa. Mas eu tenho ainda um versículo para comentar com você neste capítulo doze de São João. Porque Jesus tomou uma decisão, e esta decisão marcou a minha vida eterna. Mas também nós não estamos isentos de tomar uma decisão. O versículo vinte e seis diz o seguinte: Se alguém me serve, siga-me; onde eu estou, ali estará também o meu servo. E se alguém me servir, o Pai o honrará. Veja bem o que está dito aqui: “Se alguém Me serve, siga-Me. Siga, mas para onde? Aonde está colocada a proa da sua embarcação? Qual é a direção dada à nau da sua vida? Qual é a decisão que você tem tomado nesta hora? Diz aqui Jesus, se alguém me serve, siga-me. Siga-me. Para onde? Jerusalém ou Grécia? Para onde está colocada a proa da sua embarcação? Destinada para a Grécia ou para Jerusalém? Na Grécia está o apogeu desta vida. Na Grécia estão as regalias deste mundo; a Grécia é o símbolo da pompa e da glória desta vida; e muitos estão com a proa da sua embarcação em direção à Grécia. Todas as decisões que os homens tomam, normalmente, tomam essa direção da Grécia, no sentido daquilo que traz lucro. Daquilo que traz o bem-estar para ele, daquilo que lhe traz satisfação. Você vê que as igrejas que mais crescem hoje na face da terra são as igrejas que oferecem a Grécia, que oferecem a Teologia da Prosperidade –– essas são as que mais crescem! É mais quem quer ir para a Grécia –– mas Jesus Cristo não decidiu ir para a Grécia, Ele decidiu ficar em Jerusalém; Jerusalém é o local de sofrimento. É, mas também é ali que está a cruz, e o caminho para o céu. Jesus Cristo disse: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida, e ninguém vem ao Pai a não ser por mim [ [5] ] –– não existe caminho de vida sem Jesus, não existe caminho para o céu sem o Senhor! Não existe absolutamente outro meio do homem chegar ao céu a não ser através da pessoa bendita de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. E a via é dolorosa. O caminho é estreito, a porta é estreita! A Bíblia fala: No mundo tereis aflições [ [6] ]! Mas ninguém quer isso. Ninguém quer isso e ninguém pede: “Deus, eu não quero que o Senhor tire de mim a aflição, eu quero que o Senhor me dê forças para vencer as aflições da vida, os problemas da vida!” Meu querido irmão, precisamos saber como decidir; e a decisão mais importante que alguém pode tomar neste momento é ao lado de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. É ao lado desse divino Mestre que você tem de se decidir hoje! Porque desta decisão estará traçado o seu destino eterno. Muitos e muitos homens têm renunciado a tudo e a todos justamente para se colocar ao lado de nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Primeira ilustração

Conta-se uma historia, na época do comunismo, quando eles estavam matando todos os cristãos. E vinha aquela fila enorme de cristãos que estava caminhando para a morte. Mas quando chegava na porta de entrada, ali se achava um soldado, um oficial, que inquiria pela última vez aos cristãos que estavam ali. “Vocês querem morrer ou querem renegar a Cristo e viver? Vocês querem ser sacrificados agora com esse Cristo, ou vocês querem deixar esse Cristo e passar a viver?” E aquela fila ia caminhando para a morte. De repente chegou a vez de um rapaz; no momento em que aquele rapaz estava ali para ser inquirido, quando o oficial perguntou, “você quer abandonar esse Cristo e viver, ou você quer ser sacrificado com esse Cristo e tudo mais?”, diz a história que naquele momento, que era o momento final de decisão, aquele rapaz suava da cabeça aos pés; então, subitamente, aquele moço saiu correndo da fila, porque não queria morrer. Mas relata a história que no momento em que aquele rapaz saiu da fila correndo, o oficial viu uma coroa de brilhantes que ficou no espaço, indicando o lugar onde estivera o moço;  a coroa era tão bela, tão perfeita, que aquele oficial deixou o seu posto e se colocou no lugar daquele rapaz; e morreu, porque decidiu ficar ao lado de Jesus Cristo.

 

É o que precisamos saber, irmão. É decidir permanecer ao lado de Cristo. Estamos renunciando ou estamos neste momento ao lado do Senhor Jesus? Estamos realmente nos sacrificando para ficar ao lado Dele? Decidindo estar do Seu lado? É o que nós precisamos saber, é isso. Decidir ao lado de Jesus.

 

Segunda ilustração

Outra história, ainda da época do comunismo, relata que em certa ocasião um grupo de irmãos estava reunido secretamente numa igreja subterrânea. Quando de repente um grupo de soldados invadiu o lugar com fuzis e metralhadoras. Naquela hora, com armas em punho, eles disseram: “Quem não é crente, saia daqui!”. E aqueles que não eram crentes, ou aqueles que eram crentes capengas, começaram a sair, e foram abandonando; e ficou um grupo de irmãos ali. “E vocês, não querem sair também? Não querem sair, preferem morrer?” E aquele grupo declarou: “Nós preferimos morrer, mas não abandonaremos ao Senhor Jesus Cristo!” Os soldados colocaram os fuzis de lado e abraçaram aqueles irmãos e disseram, “nós também somos irmãos, mas queríamos apenas nos certificar se havia algum espião aqui dentro!” Aquele grupo de soldados era um grupo de crentes! Imagine se aqueles irmãos, com medo da morte, tivessem fugido e negado o Senhor Jesus Cristo naquela hora! Irmãos, Jesus não fugiu; não, Ele decidiu: Ele carregou a Sua cruz, ele foi até o fim, e disse: pai, em tuas mãos entrego o meu espírito! [ [7] ] Esta decisão marcou a história de toda a Criação e, principalmente, da raça humana, porque aquele sangue derramado tem o poder purificador, de perdoar o pecado de toda a raça humana. Inclusive o seu, você que está lendo estas páginas, você que está nessa família cristã mas não é crente ainda –– você precisa tomar esta decisão ao lado de Jesus ainda hoje! Ele está poderoso para salvá-lo, basta você dizer, eu quero, eu aceito Jesus como meu Salvador pessoal –– e com toda a certeza os seus pecados serão perdoados, e o seu nome será colocado lá na Eternidade, para que nunca seja apagado! Glória ao nome de Jesus para sempre!

[ [1] ] Sócrates (não mencionado) viveu provavelmente entre 470 e 399 a.C.; Platão, entre 428 e 347 a.C.; e Aristóteles entre 384 e 322 a.C.. Aristóteles é reconhecido como o principal mentor intelectual de Alexandre o Grande, o homem responsável pelo grande domínio grego daqueles tempos (nota da transcrição).

[ [2] ] A atuação de Paulo no Areópago está descrita em Atos 17:16-34.

[ [3] ] I Coríntios 15:54.

[ [4] ] Mateus 28:6, Marcos 16:6, Lucas 24:6.

[ [5] ] João 14:6.

[ [6] ] João 16:33.

[ [7] ] Lucas 23:46.