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O TRIBUNAL DE CRISTO

Tribunal!

Nosso assunto neste capítulo é O Tribunal de Cristo. E vamos baseá-lo no trecho bíblico que se encontra na Segunda Carta de Paulo aos Coríntios, capítulo cinco, versículo dez. Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo. Que o Espírito Santo abra o nosso entendimento e esclareça as verdades fundamentais da Sua palavra em nossos corações.

 

A ceia do Senhor

Queridos e amados irmãos leitores, estamos diante de um texto bíblico que naturalmente nos faz meditar. Uns com serena firmeza, outros com curiosidade, alguns talvez com apreensão, mas ninguém certamente com indiferença. Porém, antes de chegar a este versículo, eu desejo abrir também na Primeira Coríntios, capítulo onze, a partir do versículo dezessete, para o leitor entender mais facilmente: Nisso porém, que vos prescrevo, não vos louvo, porquanto vos ajuntais não para melhor, e sim para pior; porque antes de tudo estou informado haver divisões entre vós quando vos reunis na igreja, e eu em parte o creio, porque até mesmo importa que haja partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso meio. Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a ceia do Senhor que comeis. Porque, ao comerdes, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia, e há quem tenha fome; ao passo que há também quem se embriague. Não tendes porventura casas onde comer e beber? Ou menosprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto, certamente, não vos louvo. Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, e tendo dado graças, o partiu, e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.

 

Ceia, termômetro espiritual

Um dos maiores termômetros deixados por Deus à Sua Igreja, na face da terra, é justamente este momento tão precioso em que celebramos a Ceia do Senhor. Mas por que termômetro? Você sabe que termômetro serve para medir a temperatura, quando está frio, ou morno, ou quente. O termômetro, normalmente, aponta o grau de calor que está acontecendo naquela hora. E temos a celebração da Ceia do Senhor como este termômetro, na vida da igreja, e principalmente na vida do cristão. É justamente no momento da celebração da Santa Ceia que você pode medir a sua temperatura espiritual. Como é que você está com Deus, e como está a sua situação perante a igreja e perante o mundo. Então este termômetro é justamente algo que a própria pessoa vai colocar em si mesma. Quando se quer medir a temperatura de uma pessoa que está doente, é um médico, um enfermeiro, uma pessoa que vai e coloca o termômetro naquele paciente; mas o termômetro da igreja não são outras pessoas que vão colocar: para saber a temperatura que você possui é você mesmo que tem a possibilidade de colocar o termômetro e medí-la.

 

Problemas em Corinto

A igreja de Corinto era uma das igrejas mais problemáticas citadas no Novo Testamento. Na época do Apóstolo São Paulo esta igreja tinha sérias dificuldades. Por que? Porque você sabe que Corinto era uma cidade que ficava como um corredor na Europa, praticamente a porta de entrada e de saída de todas aquelas nações. Corinto era uma região portuária, onde naturalmente pessoas e caravanas de toda parte entravam e saíam o tempo todo. E com isso Corinto trouxe para si um comércio próspero e agitado, junto com problemas que se desenvolveram ali, provenientes em grande parte desse crescimento comercial e da explosão demográfica que havia na região. Isso atraiu muitas pessoas e aventureiros de toda parte. A igreja de Corinto foi fundada justamente nesse local, onde afluíam pessoas de tudo quanto era gênero. Quando aceitavam Jesus e passavam a fazer parte da igreja, ainda traziam consigo grandes e graves problemas. Às vezes tais problemas perduravam por muito tempo; até que houvesse uma conversão genuína, só havia dificuldades: eram problemas e mais problemas, e a Ceia se transformava numa verdadeira bacanal. Havia os que entendiam a Ceia como se fosse um convescote, um piquenique: “não, hoje eu vou para a ceia da igreja!” E levava frango assado, peru recheado; e o pobrezinho, coitado, levava um sanduíche, quando muito levava uma salchicha, porque ele também queria participar. Isso gerava problemas. Você sabe que as desavenças sociais estão em todos os lugares e épocas. E havia realmente problemas: aqueles que iam e chegavam ao ponto de se embriagar, como deplora o Apóstolo São Paulo. Então era um igreja que tinha uma dificuldade a priori, porque muitas pessoas que procediam deste “mundão” na verdade ainda não tinham se convertido. Paulo então estabelece os parâmetros, mostrando na realidade como é que se celebra a Ceia do Senhor. E aqui no capítulo onze, versículo vinte e três, diz ele, porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei, ou seja, a base para a celebração da Santa Ceia está justamente naquela pedra fundamental que Jesus colocara ali, na véspera da páscoa, quando Se reuniu com os Seus discípulos para participar da Ceia. Foi justamente instituída naquela oportunidade a pedra fundamental da Ceia. Nada que lembrasse, nem de longe, um banquete extravagante: era um cálice de que todos os doze participaram; era um pão do qual, uma vez partido, todos se serviram de maneira eqüitativa. Assim não havia quem pegasse a mais ou a menos, quem bebesse a mais ou a menos, não; era uma coisa realmente uniforme. Algo realmente precioso, a celebração da Santa Ceia.

 

Ao participante da ceia

A partir desse exemplo o Apóstolo São Paulo disciplina a situação e passa para outro aspecto, não mais se reportando aos problemas que existiam na ceia em Corinto; agora, daqui para frente, ele parte para um segundo plano, qual é? A posição do participante da Ceia. Qual a condição sine qua non para alguém participar da Ceia. Então diz ele no versículo vinte e quatro: e tendo dado graças o partiu, e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós, fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.

 

Repassando a ceia original

Então temos aqui este memorial da Ceia e, ao mesmo tempo, quero mostrar para você algo precioso que acontece nesse momento. Encontramos registrado no texto bíblico: O Senhor, na noite em que foi traído. Vamos agora para aquele momento da Ceia. Jesus ali, inclinado na mesa, com os pés esticados, como era comum. Você sabe que esse quadro pintado por Leonardo Da Vinci não expressa de forma nenhuma a realidade da Ceia. Os participantes reclinavam-se de tal forma que dava condição de alguém lavar os seus pés sem interferir na ceia, porque a mesa tinha aproximadamente quarenta centímetros de altura, não havia cadeiras e as pessoas se inclinavam para participar da ceia. Pois bem, não vamos voltar aqui a este mérito, da situação ou posição das pessoas. Mas nós encontramos Jesus Cristo na parte principal da mesa, naturalmente; e os doze, os doze, inclusive Judas, estavam presentes nesta oportunidade. Quando foi dito “comei dele todos”, eu quero que você entenda que Jesus Cristo não proibiu Judas de participar da Ceia. Ele não impediu e nem disse, “Judas, você não pode participar da Ceia”. Muito embora Jesus pudesse dizer isso categoricamente, que Judas não podia participar daquela Ceia, Ele não o fez. Mas Ele simplesmente falou, “comei dele, todos”. Todos envolvia naquela hora também a presença de Judas, que era o traidor. Jesus conhecia o coração daquele homem, sabia do seu comportamento no grupo dos doze. Ele conhecia a sua infidelidade, sabia que era um homem corrupto e ladrão que estava ali do Seu lado, naquele momento. Você se lembra que antes de iniciar a ceia, Jesus dissera que “um de vós há de Me trair, um de vós há de Me trair” [ [1] ]; e todos ficaram murmurando, preocupados: “Ah, sou eu? quem é?” Mas um dos discípulos, que foi João, que tinha uma sabedoria extraordinária, João inclinou sua cabeça no peito de Jesus; João não inclinou a cabeça no peito de Jesus pelo fato de uma amizade, ou simplesmente por inclinar a cabeça, ou por sentir realmente um amor muito grande pelo Senhor, não; ele inclinou a cabeça com sabedoria, e perguntou bem baixinho, “quem é, Senhor?” [ [2] ] E Jesus disse: aquele que mete a mão comigo no prato. Só João ouviu. E só João viu quando o próprio Judas meteu a mão no prato e pegou o pão para participar da ceia. Ele não estava em condições, mas Jesus não proibiu. Isto quer dizer que, na celebração da Santa Ceia, eu não posso impedir ninguém de participar. A pessoa pode estar bem com Deus ou não estar bem com Deus; eu, como pastor, como ministro, ou nenhum ministro pode dizer que alguém não pode participar da Ceia. Mas vamos continuar aqui a leitura e você vai ver por que. Olha o que diz a Bíblia Sagrada no versículo vinte e seis: Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice anunciais a morte do Senhor até que ele venha. A ceia tem também um duplo sentido: relembrar a morte do Senhor, mas também o augúrio da Sua volta.

 

A ceia é um momento grave

Agora o versículo vinte e sete diz, por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Meu filho, meu irmão, minha irmã, Ceia é coisa séria. A celebração da ceia, esses dois emblemas, o pão e o vinho, eles simbolizam o corpo e o sangue de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. E Jesus chegou a dizer que “aquele que não participa do pão e do vinho não tem parte comigo [ [3] ]”. Então a celebração da Santa Ceia é uma comunhão que você tem com o Senhor, é um inter-relacionamento, é você e Ele, nesta comunhão tão gostosa. Mas aqui nós temos uma recomendação: porque aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, indignamente… –- Judas estava participando do pão e do sangue indignamente; ele sabia disto, como qualquer crente sabe, ao participar da Ceia, se está bem com Deus ou não. E diz aqui, será réu do corpo e do sangue. E segue o versículo vinte e oito: examine-se pois o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice. Vamos fazer neste ponto um parêntesis e voltar ao texto bíblico inicial, de Segunda Coríntios, capítulo cinco e o versículo dez, transcrito novamente a seguir: porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou mal que tiver feito por meio do corpo. Olhe bem: importa que todos compareçamos perante o tribunal de Cristo.

 

Caracterizando o tribunal de Cristo

O que é o tribunal de Cristo? O que vem a ser o tribunal de Cristo? Muitos pregadores e comentadores desse texto bíblico declaram, irmão querido, que no dia do arrebatamento da Igreja, nós vamos primeiramente comparecer perante o tribunal de Cristo. E eu pergunto: onde fica esse lugar? E muitas pessoas dizem: fica lá em cima, lá no alto, lá no céu. Eu digo para você com toda a sinceridade, e os irmãos sabem que eu ensino Escatologia –– o que são as últimas coisas e as coisas futuras –– há mais de trinta anos; e eu afirmo que não encontro em lugar nenhum esse tribunal. Um dos livros que mais mostra o futuro e o destino da Igreja, e inclusive as bodas do Cordeiro, chama-se o Livro de Apocalipse. Leia Apocalipse, do princípio ao fim, e você não encontrará esse tal tribunal lá em cima. Lá em cima não existe esse tribunal a que todos iremos comparecer. Pois isso aqui seria até uma incoerência. Você que já tem o seu pecado perdoado aqui na terra, você vai chegar lá em cima para ser julgado ainda? E olha o que diz aqui o versículo: veja bem, preste atenção: porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo –– por meio do corpo.

 

Uma perspectiva desanimadora

É o nosso procedimento carnal aqui na terra, são as atitudes que nós realizamos aqui na terra, justamente aquilo que nós realizamos aqui neste mundo, os atos pecaminosos; agora imagine só. Você cometeu um adultério. Você se arrependeu deste adultério. Você sabe que Jesus o perdoou. Ou você cometeu um crime, ou um furto, e se arrependeu, e pediu perdão a Deus e tem certeza que Ele perdoou. Agora imagine você chegar lá em cima, no tribunal de Cristo, e ainda ter que dar conta daquilo que você fez por intermédio do corpo, o bem ou o mal? De repente você está no meio de uma multidão e chega o momento do seu julgamento no tribunal, e todo o mundo vai ver, que vergonha você vai passar! E de repente vem à tona aquilo que você praticou aqui à escondida, que ninguém viu, que ninguém observou? Afinal de contas onde está o valor do Sangue de Cristo, que nos purifica de todo o pecado? Que diz que Ele lançou no mar do esquecimento? Que não há mais lembrança das coisas velhas? Que Ele desfez como a névoa? E de repente você está frente ao tribunal, e aquilo que você pensava que estava perdoado e apagado, vem à tona, e aparece a vergonha; então o céu não vai ser lugar de alegria, vai ser lugar de tristeza; porque se for para virem à tona todos os pecados que nós cometemos, infelizmente vamos passar uma vergonha terrível!

 

Se não é no céu, onde é então?

Então, onde fica esse tribunal de Cristo? Onde é esse tribunal, que nós temos aqui, que o Apóstolo São Paulo está falando? Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo. Por meio do corpo, veja só! Onde é que fica esse tribunal? Então eu quero que você volte a Coríntios, capítulo onze, para você entender onde é este tribunal, onde é o tribunal de Cristo, e quem é que julga aquilo que você fez ou aquilo que você deixou de fazer. Quem é o juiz que vai julgar as suas atitudes, as suas ações? Quem é o juiz que vai julgá-lo enquanto você estiver aqui na terra? Preste atenção em Primeira Coríntios, capítulo onze, versículo vinte e sete, mais uma vez; vamos acompanhar: Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Indignamente.

 

Condição para participar da ceia

O que é indignamente? Judas participou indignamente da ceia. Não se arrependeu; foi até as últimas conseqüências e se acabou. Muitas pessoas estão participando da Ceia em plena vida de adultério; outros estão participando da Ceia com pecado escondido, oculto, com ressentimento, com ódio de alguém, não quer ver o irmão na frente. “Olha, eu posso perdoar qualquer coisa, menos aquele fulano!” Você vai participar da Ceia desse jeito, vai? Você que está numa empresa e tem facilidade de levar alguma coisa que não é sua para casa, você está roubando, e depois, com a cara mais limpa, você vai participar da Ceia? Você está participando indignamente! Você, que detrata a vida do seu pastor, do seu ministro, do servo de Deus que está aí na frente; você toma a vida do seu pastor e começa a falar mal, degradar, ofender com palavras baixas; você levanta-se contra ele, faz motim, e depois vai participar da Ceia? Você está participando de maneira indigna. Você está participando indignamente da Ceia.

 

Agora, meu filho, olhe aqui. Eu não sei que tipo de pecado é o seu. Eu não sei. Eu não sei se você está em adultério porque não ando em sua companhia. Eu não sei se você está roubando porque eu não estou sempre ao seu lado. Sua mulher não sabe se você é um adúltero porque não anda consigo vinte e quatro horas por dia. Aquele patrão na empresa não sabe se você é ladrão porque você faz a coisa na surdina, ninguém vê. Agora, quem é que vê o seu adultério, hein? Quem é que vê o seu pecado, hein? Quem é que vê a sua infidelidade, hein? Quem é que sabe como é que está o seu coração, cheio de rapina, hein? Quem é que sabe? Sabe quem é? Sabe quem é que anda consigo vinte e quatro horas por dia? É você mesmo. É você que anda com você mesmo vinte e quatro horas por dia. Você sabe por onde anda, o que faz, qual o seu procedimento, onde estão os seus pensamentos, o que vai no seu coração –– você sabe perfeitamente! Então não há ninguém melhor do que você mesmo para julgar a sua situação, e é o que Paulo diz aqui no versículo vinte e oito, olhe só: examine-se pois o homem a si mesmo –– eu não posso examinar ninguém na igreja, eu não posso examinar você, porque eu não o conheço na íntegra; mas você conhece-se a si próprio. E aqui, neste momento, Deus dá a capacidade para você fazer um auto-julgamento da sua própria vida, da sua própria atitude, do seu próprio comportamento. Deus concede-lhe este auto-privilégio de fazer um julgamento de si mesmo! Agora este julgamento só tem valor se você tiver uma consciência pura, uma consciência limpa, uma consciência lavada e purificada no sangue de Jesus; porque se a sua consciência está cauterizada, não adianta nada.

 

Certa ocasião, na entrada para o culto, alguém encontrou um irmão cuja vida era sabidamente atrapalhada, e perguntou: “Fulano, você vai participar da Ceia?” Ele disse: “Vou. –- Mas irmão, você não está em adultério? A sua mente não o acusa?” Ele disse: “Não, a minha mente nunca me acusou.” Em pleno adultério, e a mente dele nunca tinha acusado o seu adultério! É claro que essa mente acusa, porque o espírito de deus está na sua vida, Ele está presente em você. Ele mostra, quando você vai fazer uma coisa, se essa coisa está certa ou está errada. Ele mostra; mas se a sua mente está cauterizada, o pecado entra e sai, o diabo entra e sai, e você nem sente mais. Você precisa ter uma mente purificada, uma mente santa, justamente para fazer esta auto-análise sem qualquer problema, sem qualquer dificuldade. Paulo está dizendo aqui: examine-se pois o homem a si mesmo.

 

É você, meu querido irmão, minha querida irmã, que tem de pegar o termômetro, colocar na sua vida e analisar o grau da temperatura espiritual que você está vivendo nesta hora! Como diz o Apóstolo São Paulo: pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. –- Vou é comendo qualquer coisa: “Olhe, eu vou lá na igreja, hoje é ceia, eu vou lá comer pão. Eu vou lá beber vinho.” Você não está discernindo o corpo de Cristo, meu querido irmão. Esses dois emblemas simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si! Come e bebe juízo para si! Você está perante o tribunal de Cristo, e sabe qual é o tribunal de Cristo? É você mesmo, na sua própria igreja, é você com você mesmo. Jesus, Ele habita no seu coração, Ele está presente; você não precisa ir ao céu para encontrar Jesus, não; Ele está na sua vida, representado pelo Espírito Santo de Deus. Ele está na sua igreja, ali na presença do Espírito Santo; Ele está na vida da igreja, ali está o tribunal, que tem justamente Alguém que conhece todas as coisas, e o próprio juiz de si mesmo é você! É você que sabe se deve participar ou não! Meu filho, se você não está de maneira digna, não pegue nesse cálice, não pegue nesse pão. Agora eu quero que você entenda o que diz a Bíblia. O versículo trinta: Eis a razão porque há entre vós muitos fracos, e doentes, e não poucos os que dormem.

 

A que leva a deterioração espiritual

Muito bem. Muitos fracos, muitos doentes e muitos dormindo. Então é mesmo como diz aqui o versículo trinta: Eis a razão porque há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos os que dormem. Ouça, querido leitor, infelizmente a igreja vem atravessando um problema muito sério em nossos dias. E nós tentamos sarar a ferida do povo de todas as formas. Mas há uma coisa que não depende de mim, não depende do pastor, não depende do ministro, não depende da leitura e aplicação de livros: depende apenas de você. O caminho para a saúde espiritual começa com o arrependimento dos seus pecados. Mas se você continua participando da Ceia de uma maneira indigna, o primeiro passo é a fraqueza espiritual. Anemia espiritual. Começa a perder aquele vigor de ir à igreja, e se você insiste e prossegue, daqui há pouco você fica doente, como diz aqui o versículo. O que há de crente doente espiritual na igreja! Não são doenças psicossomáticas –– que podem ser uma conseqüência ––, mas o que tem de pessoas que não vão com a cara do pastor, que não toleram a cara deste e daquele irmão, são pessoas doentes, porque é o doente que reclama de tudo. Enquanto a Bíblia diz “em tudo dai graças” [ [4] ], ele em tudo vê desgraça, é doente! E não poucos os que dormem. A palavra dormir, aqui, não é ir para a casa, deitar na cama e ficar lá espichado, não. A expressão aqui é morto. Morto espiritual. Você vai participando da Ceia de maneira indigna, dia após dia; primeiramente você fica fraco, depois você fica doente e daqui há pouco é um morto, é um zumbi que entra na igreja. A igreja para você perdeu o sentido, perdeu o significado; você não sente mais prazer, você chega lá e senta, e levanta; as pessoas glorificam a Deus e exaltam o nome do Senhor; e você não sente absolutamente nada. Aquela presença gostosa que você sentia quando era um novo convertido, aquilo desapareceu da sua vida. Desapareceu, porque está morto espiritual. E o morto espiritual não tem mais ânimo para coisa nenhuma. Ele anda fisicamente, ele pensa intelectualmente, mas a sua comunhão com Deus foi tão debilitada que chegou ao ponto de morrer. Aquele homem, que um dia havia ressuscitado com Cristo, tornou a voltar para a cova. Porque foi acumulando pecado, acumulando, acumulando, até que chegou a hora em que morreu espiritualmente. E você sabe que as pessoas que morrem espiritualmente, no final da sua situação ainda vão à igreja, depois desaparecem. E quando não voltam mais à igreja é porque já estão praticamente mortas.

 

Um tribunal para perdão

Meu querido irmão, meu prezado amigo, eu quero dizer-lhe uma coisa: Jesus ama você de uma maneira preciosa, grandiosa. Ele não o quer perder. Ele não quer ver você doente espiritual. Ele não quer ver você morto espiritualmente. Agora, no versículo trinta e um, o Apóstolo São Paulo fala comigo e com você nesta hora: porque se nós nos julgássemos a nós mesmos nós não seríamos julgados com o mundo. Aqui você está perante o tribunal de Cristo. É aqui que você faz um auto-julgamento da sua vida. É aqui que você tem a possibilidade de fazer a sua auto-análise. É aqui que você tem a oportunidade real de saber qual é a sua condição. E você tem a possibilidade de retroceder, de se arrepender, de pedir perdão a Deus, e Ele está pronto para perdoá-lo e reconduzi-lo ao corpo de Cristo, que é a Sua Igreja. Então veja só: porque se nós nos julgássemos a nós mesmos –– o único elemento que tem capacidade de julgar a nós mesmos não somos nós: sou eu, que ando comigo vinte e quatro horas por dia; eu que sei por onde piso, por onde ando e o que faço. Ninguém tem essa capacidade, nem a minha esposa, com quem eu privo da sua companhia, em casa, no escritório, no culto –– mas mesmo assim há momentos em que eu não estou com ela. Nas viagens que temos para fora, para o Exterior, pelo Brasil afora; então às vezes se está sozinho, em muitos lugares por aí; se eu fizer qualquer coisa errada, eu sei. Eu sei! Então eu corro perante esse tribunal e a minha atitude, qual é? Pedir perdão; e eu sei que vou ser perdoado.

 

A igreja como tribunal –- para  promover e para punir

as ocorre uma coisa muito grave. Existem esses pecados que são cometidos entre você e Deus, entre você e você mesmo. Mas há aquele pecado que você comete e que a Igreja é ofendida. São aqueles escândalos que se cometem; então diz aqui a Bíblia Sagrada, nesse momento, quando o pecado é escandaloso, quando ele aparece, então a igreja nesse momento serve como tribunal. Ela vai julgar aquela causa, pela Bíblia Sagrada, que é o parâmetro divino, por meio do qual nós podemos saber quando uma pessoa está certa e quando está errada. Um adultério que vem à tona, que todo o mundo conhece; um roubo que todo o mundo vê; então, se é um membro da igreja, a igreja tem condição de fazer esse julgamento, porque aqui é o tribunal de Cristo. E esse tribunal vai colocar o cidadão em quarentena, até que ele se arrependa, como Paulo fez com aquele rapaz que vivia em incesto, lá em Corinto: entregou o corpo do homem para Satanás [ [5] ], mas ficou orando para que a alma dele fosse salva. Então a igreja também serve como esse tribunal que julga as causas carnais aqui na terra, neste mundo.

 

Mas também a igreja, como diz aqui Segunda Coríntios, no capítulo cinco, versículo dez, “para que cada um receba segundo tiver feito por intermédio do corpo, o bem ou o mal”; se fez o mal, vem a disciplina; mas se fez o bem, se é um trabalhador, se é uma pessoa que está realmente operosa na obra do Senhor, essa pessoa vem para o tribunal, e é ali que ele é consagrado a diácono, consagrado a presbítero, relevado à categoria de pastor, de missionário; porque a igreja serve como tribunal que tanto tem a possibilidade de exaltar como também de abater. Desde que isso seja feito de acordo com os padrões estabelecidos pela Bíblia Sagrada.

 

Conclusão

É isto que você precisa entender, que todos nós temos que comparecer, e nós estamos perante o tribunal de Cristo; e é você que tem que fazer este auto-julgamento, esta auto-análise da sua própria vida. Portanto, meu querido irmão, a oportunidade está aberta para você. Seja você esse auto-avaliador da sua vida. Faça esta auto-análise das suas atitudes. E assim, coma deste pão e beba deste cálice, participe da Ceia do Senhor, mas de uma maneira digna; não faça como Judas, que comeu e foi-se enforcar. Mas coma e seja exaltado na presença do Senhor! Que Deus, na Sua infinita misericórdia, abençoe os nossos corações, e desperte a sua consciência para esta realidade da Bíblia Sagrada, que é a celebração da Santa Ceia!

[ [1] ] Mateus 26:21.

[ [2] ] João 13:24-26.

[ [3] ] João 6:53 – Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos.

[ [4] ] I Tessalonicenses 5:18.

[ [5] ] I Coríntios 5:1-5.