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SEMEANDO ENTRE ESPINHOS

Um texto para quem ouve

Semeando Entre os Espinhos. Este é o foco da meditação deste capítulo. E como base para esta reflexão convido você a que abra conosco a Bíblia Sagrada em Mateus, capítulo treze, onde encontramos a conhecida Parábola do Semeador. Preste a máxima atenção porque, com toda a certeza, Deus tem grandes coisas para nós nesta passagem de Sua Palavra. O capítulo treze diz: Naquele mesmo dia, saindo Jesus de casa, assentou-se à beira-mar. E grandes multidões se reuniram perto dele, de modo que entrou num barco e se assentou; e toda a multidão estava em pé, na praia. E de muitas coisas lhes falou por parábolas, e dizia: Eis que o semeador saiu, a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e vindo as aves, a comeram; outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra; saindo porém o sol, a queimou; e porque não tinha raiz, secou-se. Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram. Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Aqui está o apelo do Espírito Santo. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Isto aqui não é para todas as pessoas. É para aquele que tem a audição espiritual aguçada para ouvir a voz do Espírito Santo de Deus. Que Ele, na Sua infinita bondade e eterna misericórdia abençoe os nossos corações face à leitura da Sua Palavra. E esta mensagem, ou esta parábola, será o objeto da nossa meditação nestas páginas.

 

Um cenário incomparável

Um dos cenários mais lindos que alguém já poderia contemplar é justamente este: Naquele mesmo dia, saindo Jesus de casa, assentou-se à beira-mar. E grandes multidões se reuniram perto dele. Muitos artistas têm tentado pintar este quadro, Jesus Cristo sentado à beira-mar, aquela multidão afluindo para ouvi-Lo, porque Ele tinha as palavras de vida eterna. Mas não há como. Você pode imaginar o cenário que o céu apresentava naquele momento, as nuvens, os raios das primeiras horas do dia; ao fundo o Mar da Galiléia, os pescadores com os seus barquinhos se aproximando, e aquela multidão, em pé, ou sentada, na praia, para ouvir o Senhor Jesus Cristo. Que momento delicioso, não é? Que momento agradável teria sido este, realmente, e as palavras, mais sublimes ainda do que o próprio cenário; porque o cenário hoje ficou para trás, mas as palavras permanecem para sempre; o cenário mudou, as nuvens não são mais aquelas mesmas, o povo que estava ali não existe mais, os pescadores também; mas as palavras permanecem. E a lição continua. E aqui está a preciosidade daquilo que é realmente a Palavra de Deus, que permanece para sempre.

 

Como o semeador, também o pregador

Sem dúvida esta parábola tem lições realmente preciosíssimas, para as quais queremos chamar a atenção do leitor. Vejamos primeiro estes tipos de solos nos quais foram lançadas as sementes. Diz o versículo dezoito: Atendei pois à parábola do semeador. A todos os que ouvem a palavra do reino, e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho. Uma das coisas que nós podemos observar dentro das práticas agrícolas, ou exatamente na vida de um agricultor, é que todo o trabalhador do campo, quando prepara o seu terreno e deixa o solo bem cuidado para o plantio, então prevê o tempo preciso para semear a semente e no momento certo ele a lança. Não há um único agricultor que não queira ver a sua semente crescer, germinar, e produzir frutos; com certeza ele faz isso com todo o carinho, pois não quer perder nenhuma semente. Ele não quer que a semente fique dispersa, que caia num local onde venham as aves e comam ou removam, impedindo que nasça aquela planta. Todo o agricultor de bom senso quer ver crescer cada sementinha que ele planta. Ele quer. Em seguida, encontramos aqui na parábola do semeador algo realmente maravilhoso: A todos os que ouvem a palavra do reino e não compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhe foi semeado no coração. Isto é o que foi semeado à beira do caminho. Olhe só: a todos os que ouvem a parábola do Reino e não compreendem, impressionante! Todos nós, quando estamos em cima de um púlpito, ou mesmo na frente de uma escola, de um grupo de pessoas que estão ouvindo os nossos ensinamentos, o desejo de todo o pregador é fazer-se entender pelo seu auditório, pelos seus ouvintes, pelos seus alunos. Eu acredito que todo o ensinador de bom senso não quer perder tempo; ele não quer sair dali e ver que o seu trabalho foi em vão. “Ah, não, o meu objetivo é pregar, exclusivamente pregar.” É o que alguns dizem. “Paulo disse prega a palavra, então o meu objetivo é pregar. Agora, se entendeu ou não entendeu, isso é problema dele.” Não, meu querido irmão, não é problema do ouvinte. O problema não está do lado do ouvinte. O problema está do lado do transmissor. Será que esse transmissor está transmitindo uma mensagem na linguagem que o povo entenda? Numa linguagem que os nossos ouvintes possam compreender o que você está dizendo? Eu creio que todo o pregador de bom senso quer se fazer entender pelo seus ouvintes, porque ele quer usufruir dos resultados dessa semeadura.

 

Então o que é que nós observamos, qual é a lição que nós temos? Será que durante o ministério de Jesus houve algum tipo de pregação que Ele fez e que as pessoas não entenderam? Que não compreenderam? Nós encontramos esta situação na própria parábola que foi dita aqui: os discípulos, para entendê-la, tiveram, mais tarde, de pedir explicações para Jesus Cristo. Mas o que podemos fazer? É facilitar ao máximo para que os nossos ouvintes entendam o que estamos dizendo. Por que esse negócio de pregar difícil? Por que essa obsessão de pregar com todas as suas curvas dos esses, da exatidão dos seus vocábulos, bem como preencher muitas vezes o sermão de ilustrações herméticas, que as pessoas precisam até de alguém para interpretar a própria ilustração. Não, uma ilustração deve ser usada para facilitar a compreensão e esclarecer melhor, não para confundir o ouvinte.

 

Um exemplo atual

Certa ocasião estávamos lá no Estado do Maranhão e aguardava-se com natural curiosidade um missionário que vinha dos Estados Unidos para visitar ali aquele interior. O povo afluiu para a igreja: difícil, numa cidade do interior, você ver e ouvir um missionário americano. Muito bem, o povo esperou. O missionário chegou e foi para a igreja, no meio daquele lugarzinho humilde, simples, do sertão, no interior do Maranhão, um povo realmente humilde e muito simples. O homem subiu ao púlpito e começou a pregar. Mas pôs-se a pregar com tanta “altura” na sua mensagem, falando sobre “sputniks”, sobre discos voadores, sobre viagens interplanetárias, conquista da lua, da internet e não sei mais o que. De repente um irmão tocou no outro e perguntou, “o que é que ele está dizendo, hein?” O outro respondeu, “olha, eu não sei, não estou entendendo também”. Finda a pregação, alguns minutos depois, entrou um outro evangelista, de lá do campo, daquela cidade, e começou a pregar. E começou a mostrar: “olha, irmãos, eu hoje fui pescar, e Jesus disse que nós somos pescadores de homens.” Aí o mesmo irmão tocou no outro assim e disse, “ah, essa mensagem eu entendo!”

 

Jesus adequava o seu ensino ao auditório

Porque é mensagem na língua do povo, na língua daquela comunidade. Para fazer-Se entender pelo Seu público, Jesus pregava dentro da linguagem do seu auditório; se ele fosse pregar na beira-mar, entre pescadores, Ele ia falar sobre pesca, rede, canoa, sobre o mar; se ia para a zona rural, pregava sobre semente, sementeira, planta, colheita; se ia para uma área de pecuaristas, pregava sobre pastor, ovelha, gado, rebanho. Ele falava a linguagem do povo, afim de que o povo pudesse entender. Mas hoje encontramos as pessoas querendo pregar bonito, e nem querem saber se o povo está entendendo. Note o que diz aqui: A todos os que ouvem a parábola do reino e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho. Foi semeado à beira do caminho. Precisamos ter coerência. Precisamos falar na linguagem do povo.

 

Amor, paciência, interesse: preparo do solo

Continuando, veja o que diz o versículo vinte: O que foi semeado em solo rochoso, este é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo antes de pouca duração. Em lhe chegando a angústia, ou a perseguição, por causa da palavra, logo se escandaliza. Aqui está um outro tipo de pessoas que nós precisamos entender. Cuidado, nós devemos ter um cuidado muito grande, porque o trabalho, o esforço de um pregador é gigantesco. Diz alguém que uma hora de pregação equivale a oito horas de um trabalho braçal, por onde você vê que há um desgaste realmente muito grande. Há um sensível desgaste na vida do autêntico evangelista, do pregador, do missionário, quando está pregando. Eis porque é preciso fazer tudo para não desperdiçar nenhuma dessas sementes. Deixar semente cair em solo rochoso! Por que não vamos primeiramente preparar o terreno e depois lançar a semente? Mas lançamos a semente de qualquer maneira, de qualquer forma? Precisamos antes preparar o terreno. Você, na realidade já deve ter encontrado muito solo rochoso na sua trajetória. No trabalho de evangelização pessoal você encontra corações de pedra, você encontra realmente corações que estão numa situação terrível; e o que nós precisamos fazer, primeiramente, é amolecer esse solo, para depois então semear. E a única maneira que temos para amolecer esse solo rochoso é demonstrando amor por aquela pessoa. Você demonstra paciência por aquela criatura, você mostra interesse por ela, em vê-la bem sucedida; e depois que você preparou o terreno, deixou de ser um terreno rochoso, e já amoleceu, já molhou, já adubou, então esta é a hora de semear. Não há necessidade de pressa. Então precisamos primeiramente preparar o terreno.

 

Ainda sobre o preparo do solo

Mas diz aqui o versículo vinte e dois, sobre o qual eu quero me deter um pouco, porque é onde está o tema da nossa mensagem: O que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera. Vou repetir este versículo para que fique bem claro na sua mente. Você, que é um professor da escola dominical, de um instituo bíblico, que é um pregador do Evangelho, olha aqui o que diz este trecho bíblico: O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera. Ora, você naturalmente já deve ter observado alguém quando está semeando um campo, trabalhando a sua seara, colocando a semente; e o faz com todo o cuidado, porque todo o lavrador quer ver bom resultado do seu trabalho. Ele quer ver o crescimento da sua plantação. Ele quer; e por isto, com toda a certeza, usa de toda a coerência possível. Ele prepara o terreno. É uma das primeiras coisas que o agricultor tem de fazer é preparar o terreno. Quando, por exemplo, é uma área de floresta, vem primeiramente a fase do desmatamento; e quando se desmata uma floresta, ficam aqueles troncos, aqueles tocos; então vem um trabalho difícil, agora, de tirar aqueles tocos, que estão ali, das árvores que foram cortadas. E se é uma área de pedras, pedregulhos, será necessário removê-los, para que naturalmente haja o plantio e, depois, não apareçam dificuldades para cultivar, limpar etc.. Uma vez que esse terreno esteja preparado, você aduba; e depois que você coloca o fertilizante necessário, então vai começar a semear; nesse ponto você se cerca de todo o cuidado, de todo o carinho, porque você espera uma grande colheita. Você quer que a sua planta realmente cresça, que o seu plantio vingue, que sua lavoura cresça pujante, viçosa –- compreende?

 

Semear espinhos?

Você cercou-se de todos os cuidados; mas depois que planta, você sabe, vão surgir as ervas daninhas, os espinhos vão aparecer ali também, e a tendência de todo o agricultor, o papel do trabalhador nesse momento é chamar os seus empregados e cada qual, com sua enxada, vai entre as plantas que foram semeadas, removendo as ervas daninhas, tirando os espinhos, para que não sufoquem aquela planta; então é um trabalho gigantesco, realmente gigantesco. Agora, seria uma incoerência muito grande deste agricultor, depois de tanto trabalho que teve, preparar o solo, limpar, tirar todo o garrancho, toda a erva daninha, e depois este mesmo agricultor, à medida em que semeia a sua semente, a planta, o feijão, o arroz, o milho, ele mesmo também venha e traga uma boa dose de sementes de espinhos para semear ali, junto com a planta que ele plantou. Com a semente que plantou, do trigo, do milho, do arroz, do feijão, ele semeia junto algumas sementes de espinhos. Isso seria uma incoerência muito grande.

 

Não é conosco, mesmo?

Mas eu gostaria que você prestasse atenção mais uma vez a este texto bíblico, e vamos verificar se nós não estamos sendo incoerentes no nosso próprio plantio. Se não há incoerência de nossa parte. O versículo vinte e dois diz: o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra e fica infrutífera.

 

Estamos sendo incoerentes?

Veja que dois tipos de semente que mais prejudicam uma lavoura: a fascinação das riquezas e os cuidados do mundo. Isso são verdadeiras doses de espinhos que estão se abatendo no meio da lavoura. Quantos e quantos cristãos, quantos e quantos crentes estão querendo crescer, dentro desta seara do Senhor, e não estão podendo! Não estão podendo, por que? Porque os cuidados do mundo e as fascinações da riqueza estão sufocando. O elemento está sufocado, está preso naturalmente ali, justamente por causa desse cuidado que ele tem do mundo. Desta fascinação da riqueza. Ele corre atrás disso, ele não sabe o que é que ele quer. Há horas que corre para a igreja e há horas que corre para o mundo. Ele está com um pé dentro da igreja, querendo ir para o céu, mas ao mesmo tempo está preocupado em como ficar rico, em como ter aquilo e aquilo mais, preocupações com o mundo, com a casa bonita, etcétera e tal –- e então passa a ser sufocado e não tem como crescer. Não existe crescimento, não existe nenhuma forma da pessoa crescer estando preocupada desta forma, desta maneira, com os cuidados do mundo e com a fascinação da riqueza.

 

O fundamento não pode ser mudado

Mas onde é que nós encontramos aqui esta incoerência, nesse sentido? Onde é que está a incoerência daquilo que eu estou dizendo aqui? Bom, você sabe que estamos vivendo hoje uma época muito triste do Evangelho. Uma época muito triste no meio evangelístico. Eu não sei por que as pessoas têm deixado aqueles padrões estabelecidos por Deus, os padrões divinos, e estão procurando colocar aquilo que é seu, o seu próprio padrão. Veja o que diz o Apóstolo São Paulo no capítulo três, versículo dez, da Primeira Carta aos Coríntios: Segundo a graça de Deus, que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor, e outro edifica sobre ele. Porém, cada um veja como edifica, porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo; contudo se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata e pedras preciosas, madeira, ou feno ou palha, manifesta se tornará a obra de cada um, pois o dia a demonstrará. Porque está sendo revelado pelo fogo, qual seja a obra de cada um, o próprio fogo o provará. Ninguém pode colocar ou lançar outro fundamento, além do que foi posto, qual? Cristo Jesus. Mas no versículo dez o apóstolo adverte: porém cada um veja como edifica.

 

O ministério do Evangelho, uma função muito grave

Você sabe que o Apóstolo São Paulo diz que quem almeja o episcopado excelente obra deseja [ [1] ]; não existe coisa mais excelente do que o episcopado; porém, meus irmãos, o episcopado é revestido de uma responsabilidade incrível, como nenhum outro ofício neste mundo pode exigir! Não existe tanta responsabilidade em qualquer outra função ou profissão na face da terra do que a pessoa ser um ministro do Evangelho. Ele é um representante de Deus aqui na terra. O Profeta Isaías, no capítulo seis e versículo oito, ali nós encontramos aquela pergunta que Deus faz para ele: “a quem enviarei e quem é que há de ir em nosso lugar?” É Deus do seu trono perguntando para o homem, “a quem enviarei, quem é que pode me substituir? Quem é que pode me substituir na pregação do Evangelho?” É justamente isso que nós precisamos entender. Você aqui na terra é um representante do céu, um representante de Deus, um ministro do Evangelho. Cada pastor é um representante da Glória Eterna; ele é o embaixador do Céu, que está representando o seu Senhor, aqui na terra. E Paulo está dizendo: porque ninguém pode lançar outro fundamento além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Irmãos, esta responsabilidade que pesa sobre os ombros de um pregador é uma coisa realmente incrível, por causa da qual ele deveria cair de joelhos aos pés do Senhor, sempre, e dizer: “Senhor, abra meus olhos, para que eu compreenda cada vez mais a envergadura da responsabilidade que está sobre a minha vida; para o que foi que o Senhor me chamou. Por que estou aqui na terra, o que é que eu estou fazendo na frente da Tua eleita, da Igreja; o que é que eu estou fazendo aqui, neste lugar tão precioso, que pertence a Ti, Senhor?”

 

Depois da Sua ressurreição, lá no Monte das Oliveiras, no final do Seu ministério, quando os discípulos O cercaram e Lhe fizeram algumas perguntas políticas, nós encontramos o que Jesus disse, já naquele momento em que ia sendo assunto ao céu: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda a criatura –– pregai o evangelho a toda a criatura [ [2] ] Evangelho são boas novas, boas novas para o perdido que pode ser alcançado pela salvação que há na pessoa bendita de Jesus Cristo.

 

Espinhos e  sedução das riquezas

Mas, voltando neste momento à parábola do semeador, vamos ver a nossa incoerência. O versículo vinte e dois, retornando a ele mais uma vez: O que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra e fica infrutífera. Olhe só: cuidado do mundo e fascinação das riquezas. O que é que a Teologia da Prosperidade está pregando? Enchemos a casa de pessoas que alcançamos lá do mundo, que conquistamos lá fora, e aqui está um terreno limpo, magnífico e maravilhoso, para semear a semente; e nós mesmos começamos a semear espinhos. Quais são os espinhos? Fascinação das riquezas! O que é que a Teologia da Prosperidade prega? Riqueza; que o crente tem de ser rico, que o crente tem de ser milionário; que ele tem de ter a melhor casa, o melhor iate, o melhor navio, ou o melhor avião –– e nós vamos canalizando as pessoas para as fascinações das riquezas e para os cuidados desta vida. Junto com as sementes nós estamos semeando espinhos; em lugar de fazer as pessoas olhar para cima, olhar para o céu, olhar para a Glória, olhar para a Eternidade, e vê-las crescerem espiritualmente, como diz a Bíblia, crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor, Jesus Cristo [ [3] ], estamos fazendo-as crescer, mas no mundanismo, nas coisas que passam –– também, como diz a Bíblia, este mundo passa, e toda a sua concupiscência, mas aquele faz a vontade do Senhor, este permanece para sempre [ [4] ]!

 

Buscar o que, em primeiro lugar?

Desculpe-me, querido irmão, mas Deus tem-me levantado nestes dias para pregar a Sua Palavra. E eu não posso ser desobediente à voz e à visão celestial. A Igreja do Senhor está trabalhando de um lado de uma forma e desfazendo aquilo que tem feito de outro. Por que muitos ministros do Evangelho têm sofrido com problemas e mais problemas dentro das suas igrejas, por que? Porque nós não estamos dando a maturidade suficiente para as pessoas andarem com os seus próprios pés. Não estamos fazendo as pessoas crescerem na graça e no conhecimento; nós estamos mostrando às pessoas como fazer uma boa transação comercial, um bom negócio; nós estamos ensinando as pessoas a buscarem a riqueza do mundo, quando a Bíblia Sagrada diz, nas palavras do Apóstolo São Paulo, que ninguém pode colocar outro fundamento, a não ser aquele que já foi colocado, que é Cristo Jesus. Ele é o Salvador; é Ele que salva, é Ele que cura, é Ele quem batiza com o Espírito Santo, é este divino Mestre que está à disposição da Sua Igreja para abençoar; e a bênção de Deus sobre a Igreja é canalizada através da vida do ministro que Ele coloca à sua frente. Deixemos interesses particulares; eu sei que o trabalho que você está realizando é um trabalho gigantesco, grandioso; plantar igrejas é um trabalho caro, muito caro, principalmente nos dias que nós estamos vivendo; mas existem muitas maneiras de alcançarmos os recursos necessários para construir e edificar, existem muitas formas. E a principal das formas, sabe qual é? É ensinando o povo de Deus a buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a Sua justiça, e as demais coisas serão acrescentadas [ [5] ].

 

Prosperidade espiritual primeiro!

À medida em que alimento a minha igreja, à medida em que ensino o meu povo, à medida em que canalizo meu povo para ter prosperidade espiritual, para buscar os dons de Deus, o poder do Senhor, para buscar a unção divina em sua vida, à medida em que eu prego estas coisas, e ensino meus alunos e meus discípulos a buscarem em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça, Deus acrescentará as coisas que você precisa. Diz a Bíblia que as bênçãos hão de acompanhar, vão correr atrás de você [ [6] ]; não é você que vai correr atrás da bênção. Não, não faça isso, ensinar o povo a correr atrás de bênção! Não, ensine as pessoas a buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça, porque as demais coisas serão acrescentadas. É Deus que dá o acréscimo, é Deus que faz isso. Precisamos estimular a fé dos nossos irmãos, canalizar esta fé na direção do Deus que é o dono do ouro e da prata [ [7] ]; e à medida em que eu coloco este Deus em primeiro lugar, Ele há de suprir cada uma das nossas necessidades em Cristo Jesus, como diz Paulo [ [8] ]. É isso que nós precisamos entender cada vez mais, e nunca colocar as coisas ao inverso daquilo que são. Porque com toda a certeza Deus tem maravilhas para nós.

 

Somos despenseiros dos mistérios de Cristo

Muito bem. Estamos trabalhando com este assunto realmente importante e necessário, não é? Semeando entre os espinhos e revelando a nossa incoerência. Então encontramos no capítulo quatro da Primeira Carta do Apóstolo São Paulo aos Coríntios o seguinte: Assim pois importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Ora, além, disso o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel. Você naturalmente está prestando atenção ao que Deus está falando conosco ao longo destas páginas. Importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo, ministros. Não é empresário de Cristo, não. Não é alguém que tem uma idéia bonita para ajudar outros a fazer boas transações comerciais, não; isto aqui é sério, é um assunto realmente sério. Que os homens olhem para mim, olhem para você, olhem para o evangelista, para o presbítero, para aquela pessoa que está ensinando; que os homens olhem para mim e me vejam justamente como ministro de Cristo, despenseiro dos mistérios.

 

Aqui está a despensa de Deus, que é a Palavra, a Bíblia, aqui que está a autêntica despensa, onde encontramos sessenta e seis armários com centenas de prateleiras, em cada prateleira ingredientes minuciosos; que os homens possam olhar para mim e para você e entender que nós sabemos como abrir esta despensa e encontrar o ingrediente necessário para cada necessidade espiritual do nosso povo. É nisso que nós temos que nos aprofundar, é isso que precisamos conhecer, os mistérios de Deus, os mistérios que estão na Sua Palavra. É nisso aqui que eu tenho de perder tempo –– perder tempo não; é a isto aqui que eu tenho de dedicar o meu tempo, em descobrir, nestas prateleiras, o que é que Deus tem de melhor para a vida espiritual do meu povo. Daqueles que me cercam, daqueles que me rodeiam. Não é que o mundo vá me considerar um excelente professor, ou pregador, ou empresário, não! Aqui diz: assim pois que importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus.

 

Lute para alcançar isto; lute para que você tenha realmente este título, e que jamais você seja aquela pessoa que assume um local onde se encontra o povo de Deus, para perder tempo com coisas que não levam a lugar nenhum, que não edificam coisa alguma. Pelo contrário, só trazem transtornos para a vida de muitas pessoas. Mas que o mundo possa olhar e constatar que você, quando subir a um púlpito e assumir aquele lugar que pertence ao Senhor, e nesse momento abrir e alçar a sua voz, e disser para o seu auditório, Assim diz o Senhor! –– que o mundo de fato constate que esse é o timbre de autenticação do verdadeiro ministro, do profeta que Deus tem levantado nestes últimos tempos! Aleluia!

 

O restante empalidece perante o essencial

Precisamos deixar de rodeios de outras coisas. Como eu já falei, precisamos de dinheiro. Para manter a obra missionária, para manter as construções, para manter a folha de prebenda dos auxiliares, precisamos de tudo isso, no volume e no prazo corretos, realmente; mas Deus, Ele é o dono desta obra, Ele é o dono da Igreja, Ele sabe o que é preciso e sabe como alcançar. Todavia muitas vezes o nosso autêntico e verdadeiro objetivo não é de construir, não é o de fazer mais, mas sim o de querer ser o melhor, de querer apresentar coisas maiores do que os outros; e então terminamos caindo simplesmente na síndrome da Babilônia. Aqueles homens que queriam construir uma torre, para que o nome deles ficasse consagrado [ [9] ] –– qual era o objetivo? Não era construir uma torre, era deixar o nome deles na memória, para sempre. Irmãos queridos, a única forma que eu conheço de deixar a memória para sempre é a maneira que os homens da Bíblia fizeram: serviram ao Senhor. Até hoje o nome deles tem memória. Nunca encontramos o Profeta Isaías, Jeremias, ou Ezequiel construindo um prédio, um templo, nunca; é claro que isso tudo são coisas necessárias, mas cadê? Não deixaram nada, não deixaram nada fisicamente; mas o nome deles é proclamado até hoje, por que? Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça, e todas as demais coisas vos serão acrescentadas. Que Deus abençoe autenticamente o seu ministério. Que você não semeie semente boa junto com espinhos; mas que você saiba selecionar a semente maravilhosa, e saiba também não colocar nada de espinhos que sufoquem a mensagem que você acabou de pregar. Busque, coloque Deus na frente, em primeiro lugar; e deixe, que as demais coisas Ele vai acrescentar.

 

A esperança do semeador fiel

E no capítulo treze lá de Mateus, a parábola do semeador ainda declara, por fim: Outra caiu em terra boa, e deu fruto, a cem, a sessenta e a trinta por um; quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Prepare o terreno e deixe a terra ficar boa de forma que você possa semear e colher com abundância, para a glória do nome do Senhor. Engrandeça o Reino, viva para o Reino, prepare-se neste Reino. Acompanhe-me agora nesta oração de encerramento. Amado Deus, nós glorificamos o teu nome pela vida dos milhares de obreiros que tens levantado nestes tempos. Principalmente em nossa cidade: que a Tua unção esteja sobre a vida destes homens, destas mulheres de valor, Senhor, e ensina-nos a pregar a genuína palavra de Deus, como o Apóstolo São Paulo recomenda, “prega a palavra, a tempo e fora de tempo [ [10] ]” –– repreender, redargüir, exortar. Ajuda-nos, Senhor, dá-nos sabedoria e dá-nos a Tua graça, em nome de Jesus Cristo, que vive e reina para sempre. Amém.

 

[ [1] ] I Timóteo 3:1.

[ [2] ] Marcos 16:15.

[ [3] ] II Pedro 3:18.

[ [4] ] I João 2:17.

[ [5] ] Mateus 6:33.

[ [6] ] Deuteronômio 28:2.

[ [7] ] Ageu 2:8.

[ [8] ] Filipenses 4:19.

[ [9] ] Gênesis 11:4.

[ [10] ] II Timóteo 4:2