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É ELE QUE ESCOLHE

Quem escolheu os doze apóstolos

Dissertaremos agora sobre: É Ele Quem Escolhe. E queremos registrar o texto bíblico que se encontra em Marcos, no capítulo três, versículo treze, e que assim se expressa: Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Então designou doze para estarem com ele, e para os enviar a pregar e a exercer a autoridade de expelir demônios. Eis os doze que designou: Simão, a quem acrescentou o nome de Pedro, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer filhos do trovão; André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o zelote, e Judas Iscariotes, que foi também quem o traiu. Que Deus, na sua bondade eterna, abra os nossos corações para entendermos mais e mais a sua Palavra.

 

Mas houve um critério; qual teria sido?

Começaremos por uma das coisas que nos chama a atenção neste versículo treze, Depois subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Realmente Jesus chamou, convocou, convidou aqueles que Ele mesmo quis. E perguntamos qual teria sido o critério que Jesus Cristo utilizou para escolher aqueles doze homens para trabalharem com Ele, estar ali junto Consigo, no Seu dia a dia, nas caminhadas, nas atividades, nas Suas idas e vindas –– qual teria sido o critério? Nós hoje aqui, em pleno século vinte e um, quando vamos escolher alguém para trabalhar conosco, normalmente pedimos um currículo, e junto com esse currículo muitas vezes a folha corrida da Polícia, um atestado de idoneidade, um exame psicotécnico; cercamo-nos de todo o cuidado, com todo o zelo, para encontrar aquela pessoa que queremos para ocupar determinada função. E quando recebemos o currículo de alguém, começamos a analisar o seu perfil, a sua idade, o seu grau de escolaridade, a profissão que exerce na vida, a experiência profissional que acumulou; enfim, nós realmente nos cercamos de todos os cuidados necessários porque queremos uma pessoa cujo perfil venha a se adequar perfeitamente àquela função ou àquele espaço que deve ocupar. Mas nós perguntamos: qual teria sido o critério que Jesus Cristo utilizou aqui? No nosso meio às vezes alguém vem referenciado por outra pessoa, como se diz na gíria, com um pistolão, mas aqui certamente isso não ocorreu. Qual teria sido o critério que Jesus utilizou para escolher as pessoas? Porque diz a Bíblia que Ele escolheu aqueles que Ele quis. Ninguém apontou, ninguém apresentou, ninguém deu referências para Ele. Ele mesmo escolheu e chamou, e a pessoa passou a fazer parte do Seu “staff”.

 

Imagine o currículo de Pedro e dos outros onze

Você pode imaginar o Apóstolo São Pedro fazendo um currículo para entrar numa empresa hoje? Hein? Sem grau de instrução, sem escolaridade; profissão, pescador; de fato é uma função muito nobre, mas não apropriada para trabalhar num escritório, fazer parte de um secretariado, enfim. Observamos que Jesus Cristo chegou à beira do Mar da Galiléia, e ali existiam muitas companhias de pesca, no Lago de Genesaré [ [1] ]. Existiam centenas de pescadores, pessoas que viviam ou que se sobreviviam da pesca, que se mantinham da pescaria. Você pode imaginar, pela parte da manhã, os pescadores voltando com a sua embarcação, encostando na beira da praia, e as pessoas indo ali para comprar o seu peixe, o seu pescado; e de repente vem Pedro com o seu pequeno barco e também encosta ali. No meio de tantas canoas e tantos pescadores, o Senhor chega, aponta para Pedro e diz: “Vem, e Eu te farei pescador de homens” [ [2] ]. E na mesma hora Pedro deixou a embarcação e a sua rede, deixou o seu pai, de quem era sócio no Lago de Genesaré, naquela companhia de pesca. Praticamente a companhia de pesca se acabou naquele dia. E baseado em que Pedro abandonou tudo para seguir a Jesus? E qual foi o critério que Jesus Cristo utilizou para escolher Pedro, fazê-lo parte do Seu ministério?

 

Mais adiante, Ele passa por aquele corredor lá em Cafarnaum. Antigamente Cafarnaum era um verdadeiro corredor de transporte e de mercadores; pessoas que vinham do oriente para o ocidente tinham de passar por aquele corredor, que ficava na cidade de Cafarnaum. E ali estavam os coletores de impostos. Segundo a tradição, a História nos diz, havia cento e tantos coletores de impostos naquele corredor. Ficavam dispostos de um e de outro lado da via, de modo que, passando por ali, como era obrigatório, ninguém escapasse. E Jesus vem e passa pelo meio daquele corredor, caminhando e caminhando; passa por um, por outro, até que Ele vê ali um coletor de impostos chamado Mateus. Ele aproxima-Se e diz: “Segue-Me”. E na mesma hora o homem larga o seu caderninho de anotações, coloca a sua caneta de lado, deixa tudo, deixa também naturalmente a sua farda, a sua indumentária de funcionário público e segue Jesus. Impressionante! Sem perguntar: “Mas o que é que eu vou ganhar?, qual é o meu salário?, o que é que eu vou ter de regalias? Sim, o que é, porque aqui eu tenho de tudo, como coletor de impostos, como funcionário do governo, eu tenho tudo!” E ali aquele homem simplesmente abandona tudo, deixa tudo sem perguntar coisa alguma. “Senhor, o que é que eu vou fazer Contigo, quanto é que eu vou ganhar?” Pedro também não perguntou: “Senhor eu estou deixando a minha companhia de pesca, aqui, eu estou deixando a rede, a companhia está se acabando, vai se acabar agora, com a nossa saída, a companhia de pesca aqui do Lago de Genesaré, da nossa família, ela vai se acabar. O que nós vamos ganhar com isso? Qual é o salário que nós vamos ter?” Estes homens não perguntaram nada disto. Eles simplesmente abandonaram tudo e seguiram a Jesus.

 

Mas a pergunta continua: qual foi o critério que Jesus Cristo utilizou para escolher Pedro, Tiago, João, Bartolomeu, Tomé, André –– qual foi o critério utilizado? Qual foi o critério que Deus utilizou para chegar à cidade de Ur dos Caldeus, pátria de Abrão, no meio de uma nação, e dizer naquele momento para Abraão: Sai da tua terra e do meio da tua parentela, para um lugar que eu te mostrarei [ [3] ]! E aquele homem coloca a sua malinha nas costas, e sai peregrinando pelo mundo afora. Alguém pergunta: “Para onde tu vais, Abrão?” Ele responde: “Eu não sei! –– Mas Abrão, você está deixando tudo o que você tem, o seu comércio, a sua empresa, a sua família, você está deixando tudo aqui para ir a um lugar que você nem sabe onde fica, isto é loucura! Isto é loucura! –– Olha, eu não sei se é loucura, mas Aquele que me chamou disse, vem para uma terra que Eu te mostrarei; então Ele é que vai mostrar. O passo seguinte que eu vou dar, eu não sei onde é que eu vou pisar, mas Ele disse, Eu vou te mostrar. Então, cada passo que eu dou, Ele está me revelando passo a passo o caminho que eu devo seguir”. E aquele homem abandona tudo, abandona a sua nação, abandona os seus parentes, abandona a sua profissão, abandona enfim o seu meio de vida e sai dali com os seus familiares, com a sua esposa, e com o seu sobrinho; e vai seguindo a sua caminhada simplesmente por Alguém que disse, sai da tua terra e do meio da tua parentela e vai para um lugar que eu te mostrarei.

 

Outros homens foram escolhidos; e qual foi o critério?

Qual foi o critério que Deus utilizou para chamar Abrão? Qual foi o critério que Deus utilizou para escolher um Noé antes do Dilúvio, no meio de tanta gente, no meio de tantas pessoas que ali estavam naquela geração antediluviana. O que Ele encontrou em Noé para dizer, “prepara uma arca para que você e sua família e os animais que Eu vou colocar aí sigam consigo na viagem”. Qual foi o critério que Deus utilizou para escolher um Jacó? Para escolher um José, para ser governador do Egito? Mostrar em sonhos as coisas que iriam acontecer? Qual foi o critério utilizado por Deus para aquele jovem, que teve de ser privado da companhia de seu pai e mãe, da sua família, e ser vendido como escravo, e depois ser colocado na corte, até se tornar o governador do Egito [ [4] ] –– qual foi o critério que Deus se utilizou para escolher um José do Egito? Qual foi o critério que Deus utilizou para dizer para um Jeremias, “Eu te escolhi desde o ventre materno [ [5] ]”? Qual foi o critério que Deus utilizou para mandar Samuel à casa de Jessé, dizendo, “você vai ali Me ungir um rei” [ [6] ], e quando Samuel chega na casa de Jessé, e vê aquele rapagão bonito, lindo, não é?, Eliabe, ele pensa: “deve estar na minha frente aquele que vai ser o rei de Israel”. O Senhor disse: “não é esse”; depois vem o segundo –– “Também não é esse; Samuel, você vê o exterior, mas Eu vejo o interior, Meu filho; não é esse também” [ [7] ]. Aí, depois, que não tinha mais ninguém, ele pergunta: “acabaram-se os mancebos?” Jessé respondeu: “não, ainda há um lá no campo, um garoto no campo, que está tomando conta das ovelhas”. Ele disse: “Mande chamá-lo. Nós não comeremos sem que ele chegue aqui antes.” E quando chega aquele rapazinho ruivo, pastor de ovelhas, moço lá do campo, acostumado no sol, na chuva, no relento, ali estava aquele moço, e quando ele se aproximou, Deus disse para Samuel: “É esse aí que você vai ungir!” Que critério foi que Deus utilizou? Para separar os irmãos de Davi e colocá-los de lado e escolher Davi para ser o rei de Israel? Qual é o critério que Deus usa, o que foi que Ele encontrou nessas pessoas? O que Ele encontrou na vida de um Daniel, entre os cativos que foram levados para a Babilônia? Lá foi aquele moço de seus catorze anos, e no versículo oito diz que aquele moço colocou no seu coração não se contaminar com as iguarias do rei [ [8] ]. O que foi que Deus viu na pessoa de Daniel? Qual é o critério de que Ele se utiliza justamente para escolher as pessoas para segui-Lo e para servi-Lo?

 

Nós observamos aqui na Bíblia que Deus, na Sua soberania, escolhe quem Ele quer. Em Marcos, capítulo três, versículo treze, diz que Ele subiu e escolheu aqueles que Ele bem quis. Ninguém apontou pessoa alguma para Jesus. Ele escolhe, na Sua soberania, aquele que Ele quer, aquela pessoa que Ele deseja. Mas é claro que alguma coisa esta pessoa deve ter para chamar a atenção do Senhor. No meio de uma multidão, haver alguém que Lhe sobressaia, que Lhe chame a atenção e que Ele vá àquele lugar, no meio da multidão e chame aquela pessoa que ali está, algo efetivamente deve existir. O que é que chama a atenção de Deus, que as pessoas possuem, que as pessoas têm?

 

Sim; qual é o critério?

Muito bem. Estamos neste momento meditando na Palavra de Deus em Marcos, capítulo três, versículo treze, e uma das coisas que estamos perguntando insistentemente é: qual o critério que Deus utiliza para escolher as pessoas? Nosso trecho bíblico diz que Jesus Cristo escolheu aqueles que Ele bem quis. Mas como é que Ele escolhe? Pela beleza? Não. Pela cultura? Não. Pela capacidade? Não. Pela profissão? Também não. Se o Senhor fosse escolher você –– ou, como Ele já o escolheu, o que foi que Ele viu em você? O que foi que chamou a atenção de Deus na sua vida? Foi justamente a mesma coisa que chamou a atenção de Deus para a vida de Abraão, de Isaque, de Jacó, de Daniel, de Davi –– não foi porque estes homens nasceram em berço esplêndido, nem porque tinham um grau de cultura elevado, ou viviam numa sociedade de primeiro mundo. Deus não escolheu estes homens pela sua capacidade intelectual, profissional ou científica; Deus não escolheu estes homens pela sua complexão atlética ou ainda pelo seu aspecto fisionômico bonito. Deus não escolheu estes homens por qualquer coisa que venha a se exteriorizar, mas existe algo que é comum a todos eles e que é comum a você também.

 

A resposta

E para você entender o que isto significa, quero que você abra a sua Bíblia na Carta aos Hebreus, no capítulo onze, e aqui você vai ver qual é o ingrediente que aqueles homens possuíam e que foi com toda a certeza o que chamou a atenção de Deus para a sua vida, razão pela qual você hoje está na presença do Senhor. O capítulo onze, versículo quatro de Hebreus diz: pela fé Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício; versículo cinco: pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte; versículo sete: pela fé, Noé, divinamente instruído a cerca de acontecimentos que ainda não se viam, e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; versículo oito: pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, afim de ir para um lugar que devia receber por herança, e partiu sem saber para onde ia; mais adiante, no versículo vinte e três: pela fé Moisés, apenas nascido, foi oculto por seus pais durante três meses. Continuando, diz então a Bíblia Sagrada, ainda sobre este assunto (versículo trinta e seguintes): Pela fé ruíram as muralhas de Jericó depois de rodeadas por sete dias. Pela fé Raabe, a meretriz, não foi destruída com os desobedientes, porque acolheu com paz aos espias. E que mais direi ainda? Certamente me faltará o tempo necessário para referir o que há a respeito de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel, e dos profetas, os quais, por meio da fé, subjugaram reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam a boca de leões, extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram força, fizeram-se poderosos em guerra, puseram em fuga exércitos de estrangeiros. Agora já podemos responder, qual é o ingrediente comum a todos estes homens? O que chamou a atenção de Deus para a vida destes homens?

 

Fé, o ingrediente comum

A Bíblia nos dá a resposta ao dizer que “Sem fé é impossível agradar a Deus; e aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador daqueles que o buscam [ [9] ].” Você sabe por que você é crente? Você sabe por que você está hoje na igreja? Você sabe por que você foi alcançado? Você sabe que a salvação é obtida pela fé? Como diz a Bíblia em Efésios, capítulo dois, versículo oito: pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Você sabe por que você é salvo? Primeiro, porque Jesus Cristo o escolheu; e segundo, você tinha fé. Ele viu fé na sua vida, para que você permanecesse na presença Dele. É justamente este o ingrediente necessário à vida de todas as pessoas que se aproximam de Deus! Foi isto que Deus encontrou na vida de Abraão, de Isaque, de Jacó, de José, de Davi, de Daniel, de Noé, de todos os homens do passado. Você observou aqui em Hebreus, capítulo onze, todas essas grandezas, porque nós vivemos pela fé, nós aceitamos a Jesus pela fé, nós abraçamos ao Senhor pela fé, e é pela fé que nós caminhamos, que nós estamos prosseguindo, que estamos adorando a um Senhor que não vemos, que não tocamos, que não sentimos, mas como disse o Senhor Jesus Cristo à mulher samaritana, “virá a hora em que os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade, e são esses que o Pai procura [ [10] ]”, glorificado seja o seu santo nome! Diz a Bíblia que mais bem-aventurado é aquele que não viu, mas crê [ [11] ]. É esta fé que nos conduz às mansões celestiais, é esta fé que nos vai levar à presença do Pai das luzes, é esta fé genuína que vai nos manter em pé até aquele grande e maravilhoso dia do retorno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. É este ingrediente precioso que o Senhor encontrou na minha vida, e encontrou na sua vida.

 

E então, o que é fé?

Mas agora muita gente pergunta: “Mas Pastor Jorge, o que é a fé?” Hebreus, capítulo onze, versículo primeiro. Nós temos aqui provavelmente a melhor e mais categórica resposta a esta pergunta: A fé –– diz aqui a Bíblia –– é a certeza, a fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. Esta é a maior descrição do que significa a fé; ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam. É a convicção de fatos que se não vêem; você pode entender isso? Claro que você pode. Você que está diante das linhas dessa folha impressa, você sabe perfeitamente o que eu estou dizendo. Por exemplo, se eu perguntar a você neste instante, você crê que Jesus Cristo vai voltar?, você com toda a certeza vai responder “Sim!” Você crê que Jesus Cristo vai levar a Sua Igreja para a Sua glória? Você vai responder que sim, naturalmente; você crê que você vai subir com o Senhor Jesus no dia do Arrebatamento? Então com toda a certeza você vai dizer que sim. Agora, baseado em que você crê nisto, hein? Será que isso já aconteceu na História? Será que já aconteceu em outras épocas? Para que você tenha essa certeza, de que esses fatos vão acontecer? Não, isto aqui não aconteceu na História, ainda; isto aqui não é um fato que vai se repetir várias vezes, mas você crê porque você lê a Bíblia; e quando você lê a Bíblia, você ouve a Palavra de Deus. Esta fé, de que Jesus Cristo vai voltar, e que você vai ser arrebatado juntamente com a Igreja é a convicção de fatos que você não vê, é a certeza daquilo que você espera. Você está esperando um Senhor Jesus Cristo que nunca mentiu, que nunca foi vencido, que nunca conheceu realmente qualquer tipo de derrota. Ele é vitorioso em todos os tempos e em todos os momentos da História. Glorificado seja o Seu precioso nome! E é esta convicção, é esta certeza de que Ele vai voltar que nos mantém em pé, mantém viva esta chama, esta esperança de que nós estaremos com Ele a qualquer dia, a qualquer hora, a qualquer momento.

 

Mas como é que você crê nisso? Você crê porque você tem fé, e a fé, como diz Hebreus, é a certeza de coisas que se esperam. Você está esperando a vinda de Jesus Cristo? Então continue, porque muito em breve isto vai se concretizar, e você vai vê-Lo face a face, e vai habitar com Ele por toda a eternidade!

 

Os que exercem fé continuam esperando

Prosseguindo aqui em Hebreus, o capítulo onze, versículo trinta e nove, declara o seguinte: Ora, todos esses que obtiveram bom testemunho por sua fé, não obtiveram contudo a concretização da promessa por haver Deus provido coisas superiores a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados. Você pôde entender aqui este trecho bíblico? Ora, todos esses –– esses quem?, a galeria de heróis da fé do capítulo onze aqui de Hebreus ––, todos esses homens; ora, todos esses, que obtiveram bom testemunho por sua fé, não obtiveram contudo a concretização da promessa. Veja, por exemplo, que quando Deus chamou Abrão, Ele disse: “de ti farei uma grande nação”. Quando Deus declarou isso a Abrão, ele tinha seus setenta e cinco anos de idade. Foi quando saiu de Ur dos caldeus. Se Abrão tivesse saído de Ur dos caldeus aos setenta e cinco e ali já começasse a procriar, é possível que aos cem anos, vinte e cinco anos depois, Abrão visse naturalmente uma geração saída das suas entranhas muito forte. Mas o seu primeiro filho veio a nascer quando ele já estava com cem anos de idade, cem anos de idade. Diz a Bíblia que ele levava em consideração o seu corpo já amortecido [ [12] ], mas a fé faz coisas impossíveis; e aos cem anos de idade, estando sua mulher com noventa anos, nasce o seu primeiro filho. Isaque, o herdeiro da promessa. Abraão viveu mais algum tempo ainda, mais alguns anos. Ele deve ter visto seu neto e o seu bisneto. É possível que Abraão tenha visto até a terceira geração. Mas Deus disse para ele, “de ti farei uma grande nação”. Deus não disse para Abraão: “Abraão, você vai ver, ainda, que de você vai sair uma grande nação.” Não: porque Abraão morreu e não existia esta nação ainda. E o nome Israel só surgiu quando Deus trocou o nome de Jacó. Nesta altura dos acontecimentos, Abraão não existia mais. Ele não chegou a ver esta nação, mas ele creu que Aquele que havia cumprido a promessa de lhe dar um filho aos cem anos, quando todas as coisas asseguravam o contrário, também lhe permitia acreditar que das suas entranhas uma grande nação iria surgir na terra, mesmo depois da sua morte. Mesmo que ele não chegasse a ver esta descendência na face da terra. Pois é justamente isso que aconteceu com esses homens: Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé, não obtiveram, contudo, a concretização da promessa.

 

O exemplo de José

Você pode imaginar que José tinha conhecimento de que algum dia, dentro do Egito, toda a sua família se acharia em plena escravidão [ [13] ], por causa da multiplicação e do crescimento do povo de Israel. Você pode imaginar que esse homem pressentia a escravidão, sem nenhuma possibilidade de fugir dali de dentro; mas ele tinha a certeza de que o povo de Israel não iria continuar prisioneiro e escravizado para sempre, no Egito; e que um dia eles iriam sair do Egito. E uma prova cabal disto é que José recomendou os seus ossos antes da sua morte, de sorte que, quando o povo saísse da nação do Egito, transportasse consigo os seus restos mortais [ [14] ]. É pela fé que o homem recomenda as coisas antes que elas aconteçam. José morreu e não viu a concretização dos fatos, não viu a libertação, mas ele sabia que um dia o povo sairia do Egito, e por isso recomendou os seus próprios restos mortais.

 

É o que diz a Bíblia: Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé, não obtiveram, contudo, a concretização da promessa –– não viram a concretização da promessa. Meus amados irmãos, quantas pessoas têm palmilhado esta terra, quantas gerações já surgiram neste mundo, quantos homens e mulheres já pregaram sobre a vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, ou sobre o Arrebatamento da Igreja; mas essas pessoas já passaram para a Eternidade, os seus corpos foram transformados em pó e voltaram ao pó, e estão ali no túmulo. Com toda a certeza partiram para a Eternidade, nesta fé e nesta confiança de que, ao tocar a última trombeta, serão os primeiros a ressuscitar [ [15] ], a se levantar do túmulo. Porque todos foram para o túmulo, mas a fé os acompanhou, a fé está com eles; de que, um dia, vão se levantar com um corpo glorificado, para habitar nas mansões celestiais. Não interessa se Jesus Cristo não volte ainda nesta geração. Se Ele não volte ainda enquanto você estiver vivo; mas creia que, ao descer à sepultura, se assim acontecer, você vai para o túmulo nessa esperança, e você vai crendo numa coisa, que de forma nenhuma você será decepcionado, porque Aquele que disse que vem, virá, e não tardará. Se Ele disse que você vai ressuscitar, é porque você vai ressuscitar. Ele ressuscitou, Ele triunfou; e se Ele ressuscitou, nós iremos ressuscitar. Na Primeira Carta aos Coríntios o Apóstolo São Paulo escreve um capítulo inteiro sobre este assunto, capítulo quinze, em que “regulamenta” esta situação dos que morreram em Cristo e a ressurreição dos mortos.

 

As promessas concretizam-se segundo o tempo de Deus

Irmãos queridos, a vida do cristão é uma vida de fé. Nós não andamos por aquilo que vemos, mas nós caminhamos baseados naquilo que Ele falou, naquilo que Ele disse. E o que Ele diz está dito, o que Ele escreveu está escrito. O que é que nós estamos vendo hoje, por exemplo, em relação ao Oriente Médio? Guerras, mortes, problemas; observamos tudo isso, o que nos entristece muito, por um lado, ver tanta carnificina, tanta morte. Ficamos tristes justamente pelas vidas que estão sendo ceifadas; mas somos confortados porque a Bíblia fala sobre este assunto e diz exatamente que até o fim haverá guerras, que este povo de Israel viveria nestas condições até a sua restauração completa, que somente ocorrerá durante o Milênio. Ficamos tristes pelas guerras, mas ficamos alegres porque a Bíblia registrou, ela diz o que vai acontecer e está acontecendo; se não acontecesse, a Bíblia estaria mentindo, mas está acontecendo –- porque a Bíblia tem razão, foi Deus quem falou e escreveu! “O meu justo viverá da fé [ [16] ].”

 

O passo inicial de Lutero

Foi justamente isto que aconteceu com a vida daquele grande reformador protestante, Martinho Lutero. Quando ia subindo as escadarias de uma catedral da Alemanha, com os joelhos já esfolados, querendo alcançar a salvação pelas obras, quando estava galgando os últimos degraus, uma voz soou-lhe no ouvido, dizendo simplesmente “O meu justo viverá pela fé”. O justo viverá da fé! No mesmo instante Martinho Lutero se levantou e pôde observar com toda a clareza que salvação não se adquire por obras, não se compra, não se paga, ela vem simplesmente como um presente de Deus. “De graça sois salvos, mediante a fé”, é esta fé que nos faz triunfar, é esta fé que nos conduz em segurança, é esta certeza que temos de que estaremos um dia habitando com o Senhor da Glória e vivendo com Ele para sempre! Glória ao nome de Jesus, glória ao Seu santo e precioso nome, glória a Deus por esta magnífica fé!

 

Sobre a natureza da fé

E diz Bíblia Sagrada que esta fé uma vez por todas foi entregue aos santos [ [17] ]. Você não pode orar a Deus dizendo: “Senhor, dá-me fé! Senhor, eu quero fé!” Não, você já tem fé. Esta fé uma vez por todas foi entregue aos santos, veja bem, aos santos; porque a fé não é de todos. Então a fé que uma vez foi entregue aos santos –- você que está na igreja, que é um santo do Senhor, você tem essa fé. Você não vai orar: “Senhor, eu quero que o Senhor, que Tu me dês fé” –- não. Ele já lha deu. O que você tem agora de fazer é aumentar essa fé, fazer com que cresça cada vez mais na sua vida. E quais são os mecanismos que nós temos para acrescentar a nossa fé? Em primeiro lugar Romanos, capítulo dez, versículo dezessete, diz que a fé vem pelo ouvir. É pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Deus. Não é conto de fada, conto de carochinha, não é livro de Jorge Amado, não é Eça de Queiroz. Não: é a Palavra de Deus. A fé vem pelo ouvir e o ouvir a Palavra de Deus. Você sabe qual é o ingrediente máximo para aumentar a sua fé? Você sabe o que faz a sua fé crescer cada vez mais? Não é outra coisa senão ler, ouvir, viver e pregar a palavra de Deus. A fé vem pelo ouvir, e quanto mais você ouve, quanto mais você prega e quanto mais você exercita a Palavra, mais a sua fé vai crescendo, vai acrescentando. Então, leia a Bíblia.

 

Exemplos da vida de um grande servo de Deus

Conta certo biógrafo que George Müller, durante sua vida, leu a Bíblia duzentas vezes. Isso ele entendeu bem cedo, quando abandonou todos os livros, todos os comentários, e passou a ler exclusivamente a Bíblia. Não é à toa que este homem, George Müller, manteve um orfanato com milhares de crianças, sem nunca pedir nada para ninguém, exclusivamente a Deus. E diz o biógrafo que George Müller teve cinqüenta mil orações respondidas. E destas cinqüenta mil, houve cinco mil que ele fez e recebeu a resposta no mesmo dia. No mesmo dia. A fé aproxima-nos de Deus. A fé cria uma intimidade entre você e Deus. E quem é você? Ninguém. E quem é Deus? Ele é tudo. E nesta intimidade entre ninguém e Tudo, você adquire aquilo que você quer. Porque você começa a trabalhar dentro de uma comunhão com Ele. Você começa a saber qual é a vontade Dele, e você não vai pedir nada supérfluo, você vai pedir as coisas que estão dentro da vontade Dele. Tiago diz que você pede e não recebe porque você só pede para o seu deleite [ [18] ]. Você só pede coisas para a sua mordomia, para o seu bem estar. Você só pede carro, casa, casa na praia, essas coisas, só pede essas coisas; você pede e não recebe. Mas quando você pede as coisas dentro da Vontade de Deus, você procura buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça, então Deus vai lhe dar não apenas aquilo que você está pedindo no Reino, mas aquilo que você precisa para a sua vida material. Busque em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça. Foi justamente o que aconteceu com George Müller.

 

Conta ainda o biógrafo que certa ocasião George Müller foi pregar numa cidade, em outro país, e estava atravessando o Atlântico para chegar ao seu destino, quando de repente o comandante do navio virou-se para ele e perguntou: “Senhor Müller, o senhor pretende chegar àquela cidade qual dia?” E o pregador disse: “dia tal”. O comandante ficou pensativo e comentou: “Lamento, pois nós vamos chegar lá com um dia de atraso. –– Mas por que esse atraso?” Então o comandante apontou para as nuvens no céu, e ali estava uma nuvem de aspecto característico. O comandante disse: “O senhor está vendo aquela nuvem ali?” Ele disse: “Estou. –– Aquela nuvem é um temporal que vem pela frente, e vai atrasar a nossa viagem em um dia.” George Müller decidiu: “Ah, é esta nuvem que vai nos atrapalhar? Então vamos orar.” E ali George Müller dobrou os seus joelhos na cabine do navio, junto com o comandante, e ele orou, dizendo: “Senhor, tu sabes o compromisso que eu tenho com o teu povo, naquela cidade. E tu estás vendo que esta nuvem quer nos atrapalhar. Se é da tua vontade que eu chegue naquela cidade no dia aprazado, muito bem; se não, que seja feita somente a tua vontade. Amém.” Quando George Müller disse amém o comandante olhou para ele e mostrou sua perplexidade: “Mas isso é uma oração?” George Müller respondeu: “Se é uma oração eu não sei, mas dê uma olhadinha aí fora para ver como é que está a situação.” E quando o comandante olhou não havia mais nuvem nenhuma.

 

Como alimentar a nossa fé?

A fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Deus. Você quer ser um gigante na fé, como foi Abraão? Você quer ser um gigante na fé como foi José, como foi Davi? Como foi Daniel? Não se aparte do Livro da Lei, medita nesta lei de dia e de noite: este é o maior ingrediente que você tem para alcançar uma fé crescida, uma fé operosa, uma fé gigantesca. Leia a Bíblia, não se aparte da Escritura Sagrada, e você vai ser esta benção que Deus quer que você seja, muito mais do que você já é. Que Deus abra o seu coração e lhe dê o apetite pela escritura sagrada. Que você seja uma bênção para o Reino de Deus e que a sua fé seja uma fé operosa, que Deus veja de longe, como viu Abraão, Isaque, Jacó, José, Davi, Daniel. Possa Ele notar em você esta fé, e confirmar que você é uma pessoa que pode ser muito útil na Obra Dele. Faça isso, em nome de Jesus de Nazaré.

 

[ [1] ] Lago de Genesaré, outra forma de designação do Mar da Galiléia. Na Bíblia só Lucas o utiliza (Lc 5:1).

[ [2] ] Lucas 5:10f.

[ [3] ] Gênesis 12:1.

[ [4] ] Gênesis 41:39-44.

[ [5] ] Jeremias 1:5.

[ [6] ] I Samuel 16:1.

[ [7] ] A seqüência da “aparição” dos filhos de Jessé está em I Samuel 16:6-12.

[ [8] ] Daniel 1:8.

[ [9] ] Hebreus 11:6.

[ [10] ] João 4:23.

[ [11] ] João 20:29.

[ [12] ] Romanos 4:19, Hebreus 11:12.

[ [13] ] Gênesis 15:13 registra a profecia dessa escravidão da descendência de Abrão por quatro séculos.

[ [14] ] Gênesis 50:24-25.

[ [15] ] I Coríntios 15:52.

[ [16] ] Habacuque 2:4, Romanos 1:17, Gálatas 3:11, Hebreus 10:38 (O meu justo).

[ [17] ] Judas 3f.

[ [18] ] Tiago 4:3.