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A GLÓRIA DA SEGUNDA CASA

Um tema em voga

Discutiremos a partir de agora A Glória da Segunda Casa, um assunto que pode ser artificialmente muito complicado. Mas vamos esclarecer, com base na Palavra, exatamente o que significa. E estaremos guiados pelo Livro do Profeta Ageu, capítulo dois, versículo nove, que diz: A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos; e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos. Que Deus, na Sua infinita misericórdia, abençoe os nossos corações para que a Sua Palavra nele encontre guarida.

 

O cenário

Estamos aqui diante de um fato extraordinário da Escritura Sagrada, no pequeno Livro do Profeta Ageu. Ageu tem apenas dois capítulos, mas são dois capítulos que nos levam a pensar bastante. Você sabe que quando o povo de Israel foi levado para o cativeiro babilônico, este povo viveu naturalmente fora da sua terra, da sua nação, sem liberdade religiosa, sem liberdade política, sem liberdade no seu culto, habitando num país estrangeiro; até a sua língua teve de mudar, pois passaram a falar o aramaico, que era a língua daquela região da Mesopotâmia. Assim, este povo estava fadado a perder a sua identidade no meio de uma nação totalmente estranha. E quando chegaram na Babilônia, baseados naquilo que o Profeta Jeremias havia predito, ou seja, que o cativeiro duraria setenta anos [ [1] ], então eles aproveitaram para realizar ali os seus negócios, fazer a sua plantação, o seu comércio; casaram-se, constituíram famílias e, enfim, adaptaram-se, porque esse povo possui a notória facilidade de se adaptar a qualquer lugar onde chegue. Espalhados nas nações há séculos, eles não perdem a sua identidade, e este é o grande milagre que acompanha o povo judeu. Vive disperso pelo mundo afora, mas não perde a sua identidade. É um milagre, que só se explica por ser este o povo de Deus. Depois dos setenta anos do cativeiro, este povo voltou praticamente para os escombros da sua nação, liderados por Esdras e Neemias. Voltaram para reedificar Jerusalém, reparar os muros, reconstruir o templo; e quando retornaram, para assim fazer, vieram com grande e legítimo entusiasmo. Não veio o povo mais abastado, não; quem voltou foi aquele povo mais humilde, mais simples, porque os grandes que tinham o seu comércio, suas empresas, esses já estavam estabelecidos na Babilônia e ficaram por lá. Veio aquele povo mais simples, que regressava agora para a sua terra, liderado por Neemias, e estão ali para reconstruir a cidade, os muros, o templo.

 

De repente, “todos querem”

E quando o povo começou a reedificar a cidade… Veja como são as coisas, a História sempre se repete: aqueles escombros estiveram ali durante todas aquelas décadas. Ninguém dava qualquer importância para aquele monte de pedras, de detritos e restos, aqueles muros rachados ou desabados, ninguém dava a mínima atenção. Mas foi só o povo judeu regressar à sua terra e começar a reconstruir o templo e o muro, remover aqueles escombros e tentar fazer a cidade voltar a ser o que fora, que repentinamente surge um desejo urgente nos outros povos de também reivindicar aquele mesmo lugar. E veio a perseguição; e vieram as lutas, igualzinho como aconteceu no século dezenove, quando aquela terra da Palestina era domínio inglês. Até então ninguém queria saber daquilo: era um monte de pedras, terra árida, que não servia para ninguém plantar, eram escombros e outras coisas mais. Mas quando Theodor Herzl começou o movimento sionista e os judeus iniciaram o retorno à sua pátria, e passaram a reconstruir a cidade, de repente aquilo despertou o interesse dos vizinhos, que imediatamente também quiseram ocupar o lugar.

 

O entusiasmo arrefece

Isso aconteceu no tempo de Neemias e no tempo do Profeta Ageu. Assim que começaram a reconstruir, lá surgiram os adversários, os vizinhos que estavam por ali, e desencadearam toda aquela perseguição. E o povo teve de paralisar a obra, porque não tinha como prosseguir a restauração e a reconstrução da cidade com tanta e tão feroz oposição. Então eles pararam as obras, cruzaram os braços. E como não havia condição de continuar a reconstrução do templo e dos muros, quando pararam, eles simplesmente deixaram que o tempo fosse passando. E passaram a se dedicar aos seus próprios assuntos, a tratar dos seus negócios, a plantar a sua própria lavoura, a edificar a sua própria residência, a sua própria casa –– eles foram, enfim, conduzindo os seus projetos. Porém eles se concentraram tanto nos seus assuntos particulares, nos seus empreendimentos pessoais, que se esqueceram da sua missão original. Pois o tempo de continuar a reconstrução havia retornado, mas eles já estavam tão impregnados em fazer o que era seu, em angariar fortuna para si, em fazer os seus próprios negócios, que não atentaram para isso, nem se preocuparam mais na reconstrução do templo –– e lá ficaram aqueles escombros. As ruínas estavam ali. E ninguém dava mais a mínima importância para ninguém, cada qual cuidava do que era seu.

 

A mensagem do profeta

E foi justamente nesta época que Deus levantou o Profeta Ageu, em uma mensagem profética extraordinária, conquanto dura, que veio com impacto sobre esta nação e sobre aquele povo, para que despertassem para a realidade que os havia trazido de volta do cativeiro e levado àquela terra. Então a mensagem começa da seguinte forma, no versículo dois: Assim fala o Senhor dos Exércitos: Este povo diz, não veio ainda o tempo, o tempo em que a casa do Senhor deve ser edificada. Veio pois a palavra do Senhor por intermédio do profeta Ageu, dizendo: Acaso é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas? Ora, pois, assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai o vosso passado. Tendes semeado muito e recolhido pouco; comeis, mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vesti-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num saco furado.

 

Avaliando a missão de Israel

Aqui está a mensagem de Deus justamente para aquela geração e para aquele povo, pois haviam se esquecido totalmente de tratar dos assuntos relacionados à obra de Deus, ao Reino. Este povo, meus queridos irmãos, era um povo de sacerdotes; esta nação foi levantada na face da terra justamente para ministrar ao mundo os oráculos divinos. Este povo teve privilégios que ninguém no planeta terra desfrutou. Qual a nação do mundo que tem os seus profetas, os seus patriarcas, o livro dado por Deus, a Bíblia Sagrada? Qual é a nação na terra que teve a felicidade de receber em seu meio o Salvador do mundo? Este povo de Israel teve tudo isso; e a responsabilidade deles é imensa, a responsabilidade desta nação é crucial, este povo foi levantado na terra para cuidar de assuntos relacionados aos céus, para tratar de assuntos relacionados à vida de Deus neste mundo, disseminar no mundo o conhecimento de Deus! Mas de repente passaram a se misturar, e a querer se voltar simplesmente para as coisas materiais. As coisas materiais começaram a ofuscar a missão que trouxe a nação judaica ao mundo: a missão de entregar ao mundo justamente a mensagem do Evangelho, a mensagem de Deus sobre a face da terra. E podemos observar que esta missão foi deixada de lado, porque quando voltaram do cativeiro babilônico, haviam voltado justamente com a missão de levantar o templo que estava caído.

 

O tempo de edificar

De levantar o templo que estava em ruínas, que tinha sido destruído por Nabucodonosor, saqueado, queimado e depois totalmente derrubado. Esta era a missão do povo judeu: reconstruir o templo e restaurar a vida espiritual da nação. Por extensão e conseqüentemente, de todas as nações da terra. Mas ao regressarem, tiveram aquela desavença, aquele problema de perseguição, e pararam. E, ao parar, eles aderiram ao ritmo das nações da terra. “Vamos agora cuidar da nossa própria vida, da nossa empresa, do nosso comércio, da nossa lavoura, da nossa criação” –– enfim, e totalmente se esqueceram da missão que os havia feito retornar à terra. E nesse momento Deus chama o Profeta Ageu para entregar esta mensagem. E Deus passa a sacudi-los e chamar-lhes a atenção, dizendo: Assim fala o Senhor dos Exércitos, esse povo diz: não veio ainda o tempo em que a casa do Senhor deve ser edificada. Então era esta a justificativa que eles tinham: não chegara o tempo, não era a hora, não chegara ainda o momento de levantar a casa do Senhor!

 

Esta também é a justificativa que muitas pessoas apresentam ainda em nossos dias para suas atitudes. Você sabe que nós, que pertencemos à Igreja do Senhor Jesus Cristo, nós temos uma missão na face da terra. É pregar o Evangelho, anunciar às nações justamente a salvação que existe na pessoa bendita de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Mas de repente começam a vir as justificativas: “Não, eu sou muito novo ainda, eu não posso começar a trabalhar já”; outro diz: “Não, eu primeiro vou fazer aqui a minha empresa, vou fazer o meu comércio, e depois que eu tiver uma estabilidade econômica, aí eu quero manter o meu próprio ministério.” Estas pessoas ficam velhas, acabam-se e morrem, e nunca conseguem esse dinheiro que pensam necessário para ter a sua autonomia financeira e começar a pregação do Evangelho. E vão se desculpando: “Não, isto aqui é missão do pastor, e eu “pago” o meu dízimo para o pastor fazer o trabalho de evangelização!” Meu querido irmão, meu prezado amigo leitor, Deus não quer o seu dinheiro. Ele quer justamente o talento que Ele lhe deu: esse talento tem de ser colocado em ação, em atividade! A glória da segunda casa tem de ser maior do que a da primeira! E eles vinham com esta justificativa: “Não veio o tempo ainda, não; quando eu me aposentar eu vou”. Como se Deus precisasse de bagaço, de resto. As pessoas, num país como o nosso, o Brasil, quando conseguem se aposentar, praticamente já estão no fim da vida. O sistema do mundo em que vivemos não permite mais uma saúde perfeita; então querem dar o resto para Jesus? E lá está a justificativa: “não veio o tempo ainda em que deve ser edificada esta casa”. Aí diz o versículo três: Veio pois a palavra do Profeta Ageu, dizendo: Acaso é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas? Acaso é tempo de você edificar a sua própria casa? Ter o seu próprio empreendimento, o seu próprio negócio? As suas próprias atividades? Quando o Plano de Deus na sua vida vai ficando de lado? Quando aquilo pelo que Deus o levantou na terra vai ficando de lado? Não é tempo –- quer dizer, você não tem tempo para Deus; você não tem tempo mais para a igreja, você não tem tempo para fazer a obra do Senhor, você não tem tempo para ir a um culto, para adorar a Deus, ou fazer alguma coisa a serviço do Reino. Mas para projetar o seu empreendimento, criar a sua empresa, a sua indústria, construir o seu palacete, construir a sua mansão, para isso existe tempo e dinheiro, não é? Mas para a obra de Deus, não existe. O que é que está acontecendo com a nossa sociedade? É o mesmo que estava acontecendo naquele tempo. Quer dizer, eles não tinham tempo para reconstruir a casa de Deus, o templo, que era o centro de adoração da nação de Israel; eles não tinham tempo para a obra do Senhor, mas tinham tempo para as suas casas, os seus palácios, os seus negócios, as suas viagens, a sua mordomia, os seus cruzeiros pelo mundo afora. Eles tinham tempo para tudo isso, menos para a obra de Deus.

 

Ontem e hoje

Meus queridos irmãos, a história se repete. O que estamos vendo em nossos dias é o mesmo fato. Você não pode reclamar um só milímetro do povo judeu por agir da maneira que eles agiram naquela época, porque a mesma oportunidade que eles tiveram, Deus está dando para você, também! Deus está dando para você, de fazer alguma coisa enquanto é dia, enquanto pode! Na obra do Senhor você tem muitas coisas para realizar. Mas você não tem é tempo. Mas para fazer o que é seu, tem, como tem! Tem tempo para fazer uma maravilhosa faculdade –– eu não sou contra isso; mas você ter um preparo teológico é muito mais importante do que qualquer formação secular. Você estuda odontologia, você estuda medicina, você estuda engenharia, e eu vou dizer-lhe uma coisa: você não vai levar um dente que você extraiu com perfeição aqui na terra para o céu, você não vai levar para a eternidade nenhuma ponte que você construiu aqui neste mundo, você não vai levar uma cirurgia, um bisturi daqueles que você usa aqui numa equipe de médico. Mas cada alma que você ganhar aqui na terra, você vai vê-la por toda a eternidade! Isto sim, vale a pena, e a Bíblia diz que sábio é aquele que ganha almas [ [2] ]! Não temos tempo para a obra de Deus, mas temos tempo para construir mansões faraônicas, aqui na terra! A história se repete!

 

Como foi ontem e como  é hoje?

E nós encontramos aqui o Senhor reclamando por intermédio do profeta: Veio a Palavra do Senhor por intermédio de Ageu, dizendo: Acaso é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas? Ora, pois, assim diz o Senhor dos Exércitos: considerai o vosso passado. Você sabe que o passado tem um valor extraordinário dentro da nossa vida. O nosso passado oferece lições impressionantes para o nosso presente. E nós verificamos como Deus nos faz lembrar certas coisas do passado. Tendes semeado muito, e recolhido pouco; comeis, mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vesti-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, o recebe para colocar num saco furado. Considerai o vosso passado. Que apelo é este que Deus está fazendo por intermédio do profeta? Considerem o seu passado, hein? “Aquele passado em que vocês tinham o templo para Me servir, aquele passado em que vocês gastavam o tempo adorando ao Deus dos céus, aquele passado em que vocês Me prestavam culto, aquele passado em que vocês buscavam, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a Sua justiça, aquele passado, quando vocês viviam na Minha presença, porque quando vocês viviam Me adorando, Eu cuidava das coisas de vocês! Uma semente que vocês plantavam, vocês colhiam uma lavoura; por que? Porque vocês buscavam em primeiro lugar o meu reino.” À medida em que você busca o Reino de Deus e a Sua justiça, as demais coisas são acrescentadas [ [3] ], o lucro é redobrado, as vantagens são imensas, as oportunidades surgem –– quando você busca em primeiro lugar o Reino de Deus.

 

Mas agora estavam indo buscar primeiro o reino deles. E deixando de lado o Reino de Deus e a Sua justiça. Eles estavam em primeiro lugar buscando as suas coisas, e deixando Deus em um segundo plano. Eu creio, meu querido irmão, meu prezado amigo, que você tem tempo, neste momento, de fazer uma consideração no seu passado. Você empresário, você comerciante, você que é um funcionário público ou um profissional liberal. Lembra-se quando você aceitou a Jesus? Lembra-se de como eram as coisas naqueles dias, que você não saía da igreja, que você estava ali adorando a Deus, servindo ao Senhor, glorificando o Seu nome, e como Deus multiplicava a sua renda, você lembra? Você lembra que enquanto você estava servindo ao Senhor tudo ia bem na sua empresa, prosperava, era abençoada, não faltava o seu salário, você tinha para si e para dar para os outros e também para pagar o dízimo do Senhor? Você tinha tudo a tempo e a hora, você preocupava-se realmente com o Reino de Deus e a Sua justiça.

 

Um exemplo atual

Eu me recordo que há alguns tempos atrás o Pastor Antônio Gilberto, amigo nosso, com quem trabalhamos aqui em Campinas, ele foi para os Estados Unidos. E lá chegou quando era de madrugada, aí pelas duas horas da madrugada. Ao desembarcar no aeroporto, havia uma plaquinha pedindo que se apresentasse o senhor Antônio Gilberto. Ele aproximou-se de dois jovens que portavam a tabuleta e disse, “pronto, aqui estou eu”; aí aqueles dois moços o saudaram e explicaram: “Pastor Antônio, papai pediu desculpas, porque ele gostaria de estar aqui para recepcioná-lo, mas acontece que ele está dirigindo uma vigília neste momento, na igreja” –– duas horas da madrugada. E quem era o pai daqueles moços, sabem quem era? O dono da fábrica de leite Glória. O leite Glória tem este nome porque pertence a um crente americano. Como disseram os jovens: “papai gostaria de estar recebendo-o aqui, mas ele está dirigindo uma vigília”. Veja só: o dono de uma multinacional, de um empreendimento fabuloso, como é o conglomerado que abrange o Leite Glória, uma das indústrias mais reconhecidas da outra América e dos países do mundo; aquele homem podia perfeitamente pagar um motorista para ir buscar o Pastor Antônio Gilberto às duas horas da madrugada no aeroporto; ele podia perfeitamente mandar uma comissão recepcionar o pastor lá no aeroporto, mas não: ali estavam os seus próprios filhos, altas horas da madrugada, enquanto ele, o dono da fábrica, estava dirigindo uma vigília. Enquanto este homem cuida das coisas de Deus, Deus cuida dos seus empreendimentos. Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça, e as demais coisas serão acrescentadas. É isto que nós precisamos entender.

 

A razão da diferença

Deus diz: “Lembra-se do seu passado, quando você plantava pouco e colhia muito? Que você se vestia e se aquecia? Que você se alimentava e se saciava? Então, naquele tempo, por que é que tudo isso acontecia? É porque vocês buscavam em primeiro lugar o Meu reino; mas agora, cada qual está querendo fazer o seu próprio empreendimento e esquecendo as Minhas coisas.” Você recebe salário mas o salário sai dali da fábrica onde você trabalha direto para a farmácia, direto para a loja de consertos; é o carro que bate, é alguém que adoece, é alguém que precisa ir para o hospital, e você recebe seu salário para colocá-lo num saco furado. E lembra a Bíblia: considerai o vosso passado, considerai o vosso passado.

 

Muito bem. Estamos meditando em Ageu, sobre A Glória da Segunda Casa. O versículo sete registra: Assim diz o Senhor dos Exércitos: considerai o vosso passado. Olha só: Deus faz você voltar lá atrás, àquele tempo abençoado. Hoje, você só diz assim: “Oh, naquele tempo, eu tinha lucros, naquele tempo eu tinha tantas empresas, naquele tempo… –- agora, eu só estou trabalhando para comer.” É o que acontece. Abandonou tudo, deixou tudo; mas se você revir o seu passado, você verá que aquilo tudo eram conseqüências de uma comunhão que você tinha com Deus. Mas hoje você só trata do que é seu. Até para dar o dízimo, dá reclamando. Até para entregar o dízimo, porque dízimo não se paga, dízimo você entrega, não é seu, você devolve. Então Deus recomenda: considerai o vosso passado. E em seguida Ele faz um apelo: Subi ao monte, trazei madeira e edificai a casa; dela me agradarei, e serei glorificado, diz o Senhor. É a coisa mais importante que o Senhor tem na face da terra. É a Sua casa.

 

Entendendo a glória das casas

E quando Ele diz, aqui no capítulo dois, que a glória desta segunda casa será maior do que a primeira, é porque Ele está na realidade construindo uma casa que é superior à primeira. Aquela primeira casa, que eu quero que você entenda, ela foi construída justamente com o material angariado por Davi [ [4] ], na época áurea da nação judaica. E construído pelo sábio Salomão de uma maneira magnífica, de acordo com os padrões estabelecidos por Deus. Aquele material, tirado das rochas, das montanhas, da plantação, aquelas madeiras de lei, tudo ali foi feito com muito capricho; mas aquilo tudo era perecível. Foi destruído; mas, diz aqui a Bíblia, a glória desta segunda casa será maior do que a primeira. Veja só: como? Você certamente fica pensando, de que modo a glória desta segunda casa vai ser maior do que a primeira? Nós sabemos que a primeira foi construída numa época áurea; e agora um povo que retornou do cativeiro, reduzido, pobre, sem condições materiais, sem o auxílio dos especialistas, e no entanto afirma a Bíblia “que a glória desta segunda casa será maior do que a da primeira”. Meus irmãos queridos, eu quero que vocês entendam uma coisa. O Senhor não está interessado em templos suntuosos, Ele não está interessado em reconstruir o templo de Salomão, ou qualquer coisa similar aqui na terra. Existe na realidade um templo que está sendo construído, e a glória deste segundo templo, com toda a certeza, é superior, é muito maior do que a glória da primeira casa. Quando a Bíblia Sagrada diz que nós somos o templo do Espírito Santo [ [5] ], que o Espírito Santo habita em você, que Ele está em você, então nós concluímos que aqui em Ageu o Senhor está falando de um outro tipo de templo, um templo espiritual que está sendo construído, que se chama Igreja; e a glória desta segunda casa, ela é incomparavelmente maior do que a primeira!

 

O primeiro local da habitação de Deus entre os homens, o tabernáculo [ [6] ], era uma grande tenda móvel que existiu no deserto, transportada de um lugar para outro [ [7] ]; a segunda, fixa, em Jerusalém; e o terceiro, que nós estamos observando aqui, a glória desta segunda casa, desta casa que estamos construindo, será maior do que a primeira. Não há coisa mais bonita na face da terra do que a Igreja de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. E esta segunda casa está sendo construída por homens e mulheres que Deus tem usado nestes últimos tempos. Aqui no versículo oito diz: Subi ao monte e trazei madeira, edificai a casa, dela me agradarei, e serei glorificado, diz o Senhor. Subi ao monte e trazei madeira.

 

Você se lembra quando Jesus abriu a vista daquele cego e a primeira coisa que ele viu foi os homens como se fossem árvores [ [8] ]? Pois bem, madeira são os homens [ [9] ]. É para você trazer homens. Esta casa começa a ser edificada desta forma. Traga quantas almas você puder. Aquilo que você puder fazer vai ser uma pedra que você estará colocando na construção desta nova casa. Como diz o Apóstolo São Pedro na Bíblia Sagrada, Cristo, Ele é a pedra angular, e nós somos as pedras vivas nesta construção [ [10] ]; o homem e a mulher são pedras vivas que estão na construção desta segunda casa. E esta segunda casa vai ser maior do que a primeira.

 

Diz a seguir o versículo nove: Esperastes o muito, e eis que veio a ser pouco, e esse pouco, quando o trouxestes para a casa, eu com um assopro, o dissipei. Por quê? diz o Senhor dos Exércitos; por causa da minha casa, que permanece em ruínas, ao passo que cada um de vós corre para o que é a sua própria casa. Por isso os céus sobre vós retêm o seu orvalho e a terra os seus frutos. Fiz vir a seca sobre a terra, e sobre os montes; sobre o cereal, sobre o vinho, sobre o azeite, sobre a terra que produz; como também sobre os homens, sobre os animais, e sobre todo o trabalho das mãos. “Eu –- diz aqui a Bíblia –- fiz vir sobre vós isto: os céus sobre vós retêm o seu orvalho, e a terra o seu fruto.” Isto aqui é a própria provisão divina em curso. Pessoas que hoje estão passando por uma situação difícil, até drástica, isso muitas vezes é resultado de uma providência divina; porque, se o homem se aparta de Deus, se o homem sai fora do Plano de Deus e se sente bem, feliz, promissor, do jeito que ele está, se ele antes ia numa igreja, então ele nunca sentirá vontade de voltar à casa do Senhor. Por esse exato motivo Deus providencia para que ele vá à falência, para que ele perca tudo, de forma que ele volte e se lembre que existe um Deus que quer a sua adoração, que quer o seu louvor, que quer ver o resultado dos talentos que Ele lhe deu. Considerai o vosso passado, considerai o vosso passado!

 

Mais um exemplo atual

Um dia desses, conversando com um missionário, contou-me ele sobre certo empresário muito rico que vivia no Recife. Todas as vezes que esse missionário chegava à cidade, no exercício do seu ministério, lá estava aquele grande empresário, que pegava o seu carro particular, e ia pessoalmente buscá-lo no aeroporto; levava-o para o melhor hotel existente na cidade, depois o acompanhava às igrejas para pregar. E quando terminava o trabalho, aquele empresário não permitia sequer que a igreja levantasse oferta: ele mesmo dava de seu bolso determinada importância. Isso ocorreu várias vezes. Até que um dia alguém chegou àquele empresário e disse: “Você é tolo, rapaz, você pega o seu dinheiro e dá para esse homem, que só vive para lá e para cá?” Conclusão: a próxima vez que o missionário foi ao Recife, quando chegou ao aeroporto, o empresário não se achava lá. Mandou o seu motorista buscá-lo, colocou-o num hotel de três estrelas e sequer o levou para a sua casa. Muito bem. Passado algum tempo o missionário voltou ao Recife. E quando chegou lá, o homem não mandou mais buscar. O irmão teve de ir de táxi para o hotel. Alguns meses depois ele soube que os negócios daquele homem estavam indo à falência. Ele estava perdendo tudo. Aquele homem fechou praticamente o seu bolso: parou de pagar o seu dízimo, parou de contribuir com a obra de Deus. Conclusão, Deus simplesmente agiu conforme diz a Bíblia: “os céus sobre vós retêm o seu orvalho e a terra pára de produzir o seu fruto”.

 

Porque Deus dera recursos para aquele homem de forma que ele pudesse manter a obra do Senhor. Na hora em que o parou de fazer, Deus cessou também de mandar para ele. Considerai o vosso passado, diz o Senhor dos Exércitos. Deus tem-lhe dado sabedoria e oportunidade, mas não é para você acumular um tesouro aqui na terra, é para você manter um tesouro no céu! É preciso dizer isso. Tiago adverte: “uivai, ricos”! [ [11] ] Tenha cuidado, use aquilo que Deus lhe deu para glória do Seu santo e precioso nome.

 

Eu quero que você entenda neste momento que você não está contribuindo para pastor, ou para a igreja, você está contribuindo para o Reino de Deus. Portanto, quando você der, dê pensando exclusivamente nisso. Não fique fazendo justificativas, como muitos fazem: “Eu, pagar isso? Para vir um pastor andando no seu carrão? E ter a sua casa?” Meu filho, a nossa responsabilidade é levar o tesouro à casa do Senhor; agora, quanto à distribuição, Deus vai pedir contas, se estiver sendo mal feita. Deus vai pedir conta disto; não se preocupe, a sua parte é entregar. Agora, quem vai distribuir, Deus sabe quem vai fazer isso. Se estiver empregando de outra forma a não ser no Reino de Deus, então Deus acertará as contas com essa pessoa também. Mas cumpra a sua parte, cumpra. Lembre-se do seu passado. Eu quero que você entenda, quando você está contribuindo, está dando, você está colocando um tijolo, sabe aonde? Na obra de Deus. Cada alma que você ganha, que é conquistada com aquela oferta que você faz, ou aquele missionário que você mantém, você tem participação nos resultados dele também.

 

Opções de contribuição

A Bíblia diz: Eis que o semeador saiu a semear [ [12] ], e de fato existem aqueles que saem para semear; mas também existem aqueles que semeiam sem sair. Como é que pregarão se não forem enviados [ [13] ]? Então veja só, para serem enviados, tem de haver alguém por trás mantendo a obra. Você não pode ir para a África, ou para a Índia, não pode ir para o Paquistão; mas você pode contribuir com alguém que esteja indo, alguém que Deus está levantando com coragem para enfrentar um país hostil, lá fora. Mas se você está aqui por trás, sustentando essa situação, com toda a certeza você tem participação em cada alma que for ganha com o dinheiro que você está enviando para a obra missionária. Ou mesmo para a construção de templos. Enfim, precisamos despertar. Como diz aqui Ageu, lembra-te do teu passado. Recorde-se do seu passado. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai o vosso passado. Considere, olhe para trás.

 

Repassando a história

Eu quero que você entenda neste momento, como já falei: o primeiro templo, feito de alvenaria, foi destruído. E o povo que voltou do cativeiro teve por missão reconstruí-lo. Levantaram um templo modesto, sem a suntuosidade do anterior. O primeiro, de Salomão, era adornado de ouro: tinha ouro em toda a sua cúpula. Mas quando Jerusalém foi sitiada e queimada no ano setenta por Tito e seu exército, aquele ouro todo derreteu e entrou nas entranhas da terra. Como os romanos queriam ouro, então eles tiraram as pedras, e não ficou pedra sobre pedra, porque escavaram tudo à cata de ouro. Não ficou pedra sobre pedra, como disse Jesus Cristo [ [14] ]. Restaram só escombros. Um cenário muito parecido com aquele que os exilados, que haviam voltado séculos antes, encontraram na Palestina.

 

Nesta época do retorno do cativeiro, portanto, o povo se dedicou a trabalhar as ruínas do primeiro templo, reconstruindo-o como foi possível; alguns séculos mais tarde Herodes mandou reformar as edificações, e foi este templo que Jesus Cristo conheceu, por onde ele andou, e de onde expulsou os vendilhões das suas portas. Foi esse o edifício destruído no ano setenta pelo general romano Tito. E pronto, ficou em escombros a partir de então. Durante séculos ficou em escombros, até que veio a época em que construíram, naquele mesmo lugar, a mesquita que ali está hoje, a Mesquita de Omar, também conhecida como “A Cúpula da Rocha” [ [15] ].

 

Mas ali é o lugar do templo. É aquele mesmo lugar onde Jacó se inclinou para dormir e teve o sonho da escada que ligava a terra ao céu. E os anjos subiam e desciam por ela. Quando acordou, entornou azeite ali e disse: “este lugar não é outro, senão a porta do céu, é a casa de Deus [ [16] ]!” Aquele lugar é chamado também de Monte Moriá, é o lugar onde Abraão ia oferecer Isaque em sacrifício [ [17] ]; aquele mesmo lugar chama-se a eira de Araúna [ [18] ], comprada do jebuseu por Davi. Foi naquele local. Que é o local do templo.

 

A situação, hoje

Muito bem. Mas nós não estamos aqui nos referindo a este templo, porque os homens podem voltar a reconstruir, com a tecnologia moderna, o que quiser ali, a coisa mais suntuosa; mas não existe coisa mais suntuosa do que a segunda casa que está sendo construída. E esta segunda casa chama-se Igreja, a Igreja de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Não existe coisa mais linda no mundo, formada por homens e mulheres, madeira que foi tirada lá do mundo, e foi aparelhada, e foi burilada, e foi aplainada, e hoje está aqui na casa do Senhor, formando este templo espiritual onde você vai, e adora Deus, e sente ali a presença deste Senhor no seu meio! Aí está a coisa mais bela da face da terra! Não é feita com argamassa, não é feita com tijolo tirado da olaria, mas é feita por homens e mulheres que foram tirados do mundo, que foram lavados e purificados com o precioso sangue de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. São essas pedras vivas que hoje compõem esse novo templo espiritual, que é justamente a glória desta segunda casa; e a glória desta segunda casa indubitavelmente é maior do que aquela de alvenaria, aquela primeira. E você é participante disto, sabe? Você é.

 

Agora é com você, leitor

Se hoje mesmo você despertar e entender que Deus o chamou e capacitou, e lhe deu oportunidade, ou sabedoria, ou uma empresa, você também foi chamado para retificar este templo. Então, mãos à obra, irmão, mãos à obra. Você quer a bênção de Deus sobre a sua vida? Deus não barganha com ninguém, sabe? Deus não diz: “Dê-Me isso que Eu lhe dou aquilo”, não: mas Ele simplesmente lhe diz: buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e as demais coisas serão acrescentadas [ [19] ].

 

O mundo espiritual é afetado pelo que se faz no material

Eu quero orar por você neste momento. Você que infelizmente foi tomado de um tempo para cá com espírito de ganância, de usura, que não abre a mão nem para dar adeus para ninguém. Eu quero que Deus, neste momento, Ele abra o seu coração, porque abrindo o seu coração você vai abrir a sua mão também. Prova de Deus; e ao abrir a sua mão, prova de Deus, Deus com certeza vai abrir o céu e mandar chuva, chuva de bênçãos. Ele vai fazer com que a terra não retenha mais a sua semente! Ele vai! Isso tudo, meus irmãos, está intimamente ligado com a vida espiritual. O mundo espiritual está intimamente ligado ao mundo material. Muitas vezes o que nós fazemos aqui no mundo material tem um reflexo fabuloso no mundo espiritual. E é justamente isso que nós precisamos entender. Quando você abre aqui na terra, como diz a Bíblia, aquilo que você ligar aqui na terra está ligado no céu [ [20] ]; então você nota que há um reflexo do mundo material sobre o mundo espiritual. E do mundo espiritual com o mundo material. No momento em que nós entendemos isso, que nós dependemos do mundo espiritual, e que o mundo espiritual depende de nós, de nossa vida material, então nós entramos numa harmonia entre céus e terra, que vão ser a mesma grei. É preciso que você entenda que você faz parte de um plano extraordinário, da construção desta segunda casa.

 

Oração

Amado Deus, abre o coração deste meu querido leitor, Pai. Tira esse espírito de ganância, de usura, daquele fenômeno da sanguessuga, que só tem uma linguagem, dá-dá [ [21] ]; não tem nada para abrir a mão e oferecer para alguém; Senhor, abre o coração deste teu filho. Que ele possa fazer como fez Zaqueu, quando acabou de se converter, e a primeira coisa que disse foi: “se eu alguém defraudei, eu vou restituir quatro vezes mais” [ [22] ]. É coisa maravilhosa quando o homem converte o coração e converte também a sua carteira! Isto é magnífico, meu Deus; por isso, opera ricamente na vida dos nossos queridos leitores. Que Deus nos abençoe e nos guarde maravilhosamente em Sua presença.

[ [1] ] Jeremias 25:11-12.

[ [2] ] Provérbios 11:30.

[ [3] ] Mateus 6:33.

[ [4] ] I Crônicas 22.

[ [5] ] Romanos 8:9, 8:11, I Coríntios 3:16.

[ [6] ] Êxodo 25:8; 40:17.

[ [7] ] O desmonte, transporte e remontagem do tabernáculo era função especificada e exclusiva de famílias dos levitas, conforme Números 3-4.

[ [8] ] Marcos 8:24.

[ [9] ] Também na expressão do Senhor Jesus, conforme Lucas 23:31.

[ [10] ] I Pedro 2:6-7, fazendo referência a Isaías 28:16.

[ [11] ] Tiago 5:1.

[ [12] ] Mateus 13:3.

[ [13] ] Romanos 10:14-15.

[ [14] ] Mateus 24:2.

[ [15] ] Século VII.

[ [16] ] Gênesis 28:12-18.

[ [17] ] Gênesis 22:2.

[ [18] ] II Samuel 24:18-25.

[ [19] ] Mateus 6:33.

[ [20] ] Mateus 18:18.

[ [21] ] Provérbios 30:15.

[ [22] ] Lucas 19:8.