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CONVÉM QUE ELE CRESÇA

A apresentação e o reconhecimento de João Batista

A base desta meditação está no evangelho de João e intitula-se Convém que Ele Cresça. João, capítulo primeiro, a partir do versículo quinze, onde João está dizendo o seguinte: João testemunha a respeito dele e exclama: este é o de quem eu disse o que vem depois de mim tem contudo a primazia, porque já existia antes de mim. Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça. Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus, o Deus unigênito que estava no seio do Pai é quem o revelou. Este foi o testemunho de João quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem, quem és tu? Ele confessou, e não negou; e confessou: eu não sou o Cristo. Então lhe perguntaram: quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Respondeu: Não. Disseram-lhe, pois: Declara-nos quem és para que demos resposta àqueles que nos enviaram. Que dizes a respeito de ti mesmo? Então ele respondeu: eu sou a voz do que clama no deserto, endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. Ora os que haviam sido enviados eram de entre os fariseus. E perguntaram-lhe: Então por que batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? Respondeu-lhes João: Eu batizo com água, mas no meio de vós está quem vós não conheceis, o qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias. Estas coisas se passaram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João batizava.

 

A mensagem de João era anunciar Jesus

Encontramos neste momento um episódio impressionante na vida de um homem que eu considero um dos mais autênticos servos de Deus dentre todos aqueles que viveram na época do Novo Testamento. O versículo trinta e cinco continua: No dia seguinte estava João outra vez, na companhia de dois de seus discípulos, e vendo Jesus passar, disse-lhes: Eis o cordeiro de Deus; os dois discípulos, ouvindo-o dizer isso, seguiram a Jesus. Podemos observar que a Bíblia Sagrada mostra que João Batista foi um homem cheio do Espírito Santo desde o ventre materno [ [1] ]. Desde o ventre materno já era um escolhido, eleito, e quando você olha para as páginas da Bíblia, você vai observar que inclusive a vida de João Batista é profetizada no Antigo Testamento, como a voz que clama no deserto, que vinha para endireitar o caminho do Senhor. Em Isaías, capítulo quarenta, versículo três, você encontra justamente este episódio. Mas o que nós estamos observando aqui neste trecho da Escritura Sagrada, o que nós queremos ressaltar neste momento é justamente a humildade de um homem, a humildade de um servo, a autenticidade de uma pessoa que veio ao mundo para glorificar a Cristo e não buscar a glória para si mesmo. O trecho lido da Escritura Sagrada mostra-nos esta lição tão espantosa, tão magnífica, quando João Batista veio ao mundo para proclamar o nome que é sobre todo o nome [ [2] ], o nome de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

 

O perfil dos eleitos do Senhor

João Batista era um homem dotado de dons espirituais extraordinários, além de uma autoridade divina na Palavra, um homem que podia falar e as pessoas tinham que se calar porque a sua vida era realmente limpa, e não tinham com que lhe apontar qualquer falha. Diz a Bíblia Sagrada que ele veio para fechar a Antiga Aliança, porque a lei e os profetas vigoraram até João Batista [ [3] ]; então este homem tinha na realidade uma ação ímpar, no ponto de vista bíblico e evangelístico; e é o que nós estamos observando aqui neste exato momento. Este homem foi dotado realmente de uma capacidade extraordinária, de vir ao mundo para preparar o caminho do Senhor. Olhe, eu acredito perfeitamente que o Senhor escolheu Jeremias desde o ventre materno [ [4] ], palavras confirmadas pelo Apóstolo São Paulo [ [5] ]; eu creio perfeitamente que todos aqueles homens que Deus tem chamado à linha de frente, aquelas pessoas que vêm ao mundo e têm renunciado a tudo, e estão hoje praticamente entregando a sua vida no ministério, para fazer a vontade do Senhor, são pessoas que vieram ao mundo, como diz a Bíblia, desde o ventre materno na condição de eleitas do Senhor. Já estavam escolhidas para uma missão muito especial. Você reconhece isso porque muitas vezes você já tentou abandonar o ministério, sair desta vida, mas não consegue fazer outra coisa. Por que? Porque você foi chamado, escolhido e eleito por Deus para uma missão toda especial na face da terra. Assim como João Batista, assim como os apóstolos, assim tem sido no decorrer dos séculos até chegar em mim e chegar em você. E uma das coisas que acontece na vida daquelas pessoas que Deus vocaciona desde o ventre materno é a capacidade sobrenatural dada a estas pessoas. Deus dota os Seus filhos de uma sabedoria ímpar porque, para estar na linha de frente, eles precisam disto, e Deus dota-os de uma grande autoridade espiritual. Porque você vai ter que tratar com forças malignas horríveis e com homens que são verdadeiras feras.

 

Mas Deus também lhe tem dotado da humildade necessária para que você possa se inclinar e conversar com uma criança e estender a mão para um ancião e dar-lhe um abraço. A vida de um homem de Deus é revestida de uma versatilidade muito grande; é um homem comum, é um homem do povo, não interessa a classe social, a posição, a cor, não interessa; você foi dotado por Deus para lidar com pessoas, com seres humanos; e há pessoas que Deus tem usado de uma maneira tão magnífica, tão grandiosa, dotados de dons sobrenaturais, na pregação, no dom para curar os enfermos, no dom para ministrar a Palavra, para escrever livros –– enfim, Deus tem enriquecido a Sua Igreja com homens e mulheres que Ele tem trazido ao mundo com uma capacidade extraordinária. O que você tem, não é seu; o que você possui, é Dele; Ele escolheu-o por Sua grande, eterna, infinita misericórdia. Não é porque Ele encontrou em você algo de diferente dos outros, não. Foi Ele que fez isso; na Sua soberania, Ele escolheu você.

 

Uma mensagem dura e um auditório cativo

E encontramos aqui, neste momento, João Batista como o precursor do Messias. Diz a Bíblia Sagrada que quando este homem pregava, quando batizava, as multidões iam ter com ele, ali no deserto da Judéia; ali estava João Batista batizando onde havia águas, porque você sabe que a palavra batismo quer dizer imersão, mergulho. É imergir, realmente. Não é simplesmente você ter um batismo superficial; mas ele significa justamente imersão. Imersão, imergir, sepultar, pegar uma velha criatura e enterrar; e ninguém enterra ninguém pela metade; ele era “enterrado” totalmente dentro da água e, quando saía, era uma nova criatura, simbolicamente falando. Pois bem. Então nós observamos que as multidões iam ter com João Batista, e a sua pregação não era aquela pregação mole; não era aquela pregação despida de autoridade, não. Este homem simplesmente declarava, “Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, fruto digno de arrependimento! Aquele que tem duas túnicas, dê uma, aquele…” [ [6] ] –– enfim, naquele momento Deus estava usando João Batista de uma maneira extraordinária e com uma autoridade divina perante o púlpito, era um homem que podia proclamar alto e bom som que não existia um dedo que se levantasse contra ele mostrando uma conduta diferente.

 

Identificando-se apenas como uma voz

Mas uma das coisas que eu acho mais impressionantes é que João Batista, quando estava pregando e o inquiriram sobre si próprio, e então perguntaram: Quem és tu? És tu Elias? –– Não, ah, quem dera que eu fosse Elias! –– Ele disse: Não sou. És tu um dos profetas? Respondeu: Não. Disseram-lhe, pois: Declara-nos quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes a respeito de ti mesmo? Então ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor. [ [7] ]

 

Um testemunho pessoal

Um dia desses uma irmã telefonou e foi dizendo: “Pastor Jorge, eu tenho ouvido a sua pregação, acho muito bonito o que o irmão prega, mas eu gostaria de conhecer o irmão.” Eu simplesmente lhe respondi: “Irmã, fique só com a voz, mesmo, fique só com a palavra, é esta que vai surtir efeito, não é você olhando para mim, não é você sabendo quem eu sou, que isto vai dizer qualquer coisa na sua vida, mas fique apenas com a palavra, apenas com a voz; se a palavra está surtindo efeito na sua vida, glória a Deus; se a palavra está produzindo resultados positivos na sua vida, dê glória a Deus; porque na realidade quem vai surtir o efeito na sua vida não é a presença do Pastor Jorge Valle, mas é o poder da Palavra de Deus no seu coração e na sua vida.” E aqui está João Batista, quando alguém lhe pergunta: “Quem és?”, e ele simplesmente responde: “Olhe, diga lá para as pessoas que estão querendo saber, que eu sou apenas uma voz”. Muito diferente de hoje, não é? Muito diferente, porque é mais quem quer ter o seu nome estampado em letras garrafais nos jornais da cidade, é mais quem quer aparecer na televisão, é mais quem quer aparecer em todos os quadrantes dos meios de comunicação, é mais quem quer mostrar a sua imagem, é mais quem quer mostrar realmente quem é –– quando, na realidade, aquilo que eu sou não representa absolutamente nada na transformação de uma pessoa, e sim a Palavra de Deus que estamos proferindo, isto é que vai produzir o resultado na vida do perdido, na vida do pecador.

 

Tornando nítidos os papéis

Queria aparecer, que é isso? Queria ser alguma coisa, o que significa isso? E nós encontramos uma bela expressão aqui, quando no dia seguinte estava João outra vez na companhia de dois dos seus discípulos, e vendo Jesus passar, disse: Eis o cordeiro de Deus. Os dois discípulos ouvindo-o dizer isso, seguiram a Jesus. E Jesus voltando-se, e vendo que o seguiam, disse-lhes: que buscais? Disseram-lhe: Rabi (que quer dizer Mestre), onde assistes? [ [8] ] E mais adiante, quando alguém questiona João: “Espere aí, João, você está aqui neste momento, pregando sobre este homem; você tem uma multidão de seguidores, você tem pessoas que o estão acompanhando, você tem pessoas que vem trabalhando em suas vidas há muito tempo, você tem uma igreja, olha, de fazer inveja, meu filho, você tem uma igreja aqui que está superlotada, de homens e mulheres com corações arrependidos, e você o tempo todo não diz quem você é, mas simplesmente declara que ele é maior do que você, e que você não é digno nem sequer de desatar a correia das Suas alparcas!” João virou-se para aquela multidão e para os seus inquiridores e disse: Convém que Ele cresça, e que eu diminua [ [9] ]! É a voz que clama no deserto: “convém que Ele cresça, e que eu diminua!” E João pregou rigorosamente a respeito de Jesus. As multidões vinham por causa da sua pregação, e quando chega o momento que Jesus aparece, ele vai, aponta para Jesus que vem se aproximando e diz: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! [ [10] ] Quando os homens se viraram e olharam para o meio da multidão e notaram o Cordeiro que vinha se aproximando, mais uma vez se encontravam a simplicidade e a humildade. Está ali a simplicidade de João Batista pregando no deserto, quando Jesus se aproxima e diz: “Eu vim aqui para ser batizado por você.” Meu Deus do céu, que grandeza deste homem! O homem que teve o privilégio de batizar nas águas Jesus de Nazaré, o homem que teve a satisfação de imergir o Cristo, o Filho do Deus vivo, que não tinha nenhum pecado na Sua vida, você pode imaginar a grandeza deste João Batista? E naquele momento João dirige-se a Jesus: “Mas eu, que careço ser batizado por Ti, e Tu vens a mim?” E Jesus disse: “Olha, isto aqui é para que se cumpra toda a Escritura. E convém que assim seja.” E João Batista, atendendo, batizou Jesus de Nazaré [ [11] ]. Logo em seguida foi cheio do Espírito Santo e viu-Se levado para o deserto.

 

Depois de todos aqueles episódios magníficos no Jordão, que foi o cenário do batismo nas águas do Filho de Deus, do batismo de Jesus com o Espírito Santo, daqueles símbolos de uma humildade muito grande, nós observamos ali como é que Deus opera, como é que Deus age. Como é que Deus faz a Sua obra neste mundo, através de homens e mulheres que têm o coração voltado para a humildade, para a simplicidade. Mas quando deparamos com um homem arrogante que quer aparecer, que deseja ver o seu nome proclamado, essa pessoa estará no fim da fila, dentro das benesses divinas. Ele pode até aparecer, porque hoje a força da mídia é muito grande –– pode aparecer entre os homens, mas na agenda de Deus é um dos últimos. Porque essa pessoa não quer glorificar a Cristo, não está aqui para glorificar a Deus. Na verdade está aqui para projetar o seu nome, para fazer aparecer o seu nome, isto sim; mas João Batista disse: “O que é o meu nome, se eu sou uma voz apenas? Fique apenas com a voz, conheça apenas a voz, fique com a mensagem que esta voz está proclamando”. É isso o que deve acontecer na nossa vida. E é quando encontramos Jesus passando no outro dia, e João diz: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo; então os discípulos foram se afastando de João e caminharam na direção de Jesus. E de repente a congregação de João Batista ficou vazia, porque todos aqueles homens que ele havia preparado, não os havia preparado para si, de fato não eram homens e mulheres preparados para ele próprio, João Batista.

 

Eu não posso dizer para ninguém que as pessoas que estão na minha igreja ou no meu instituto bíblico são minhas, absolutamente não; eu sou apenas um mordomo que Deus colocou sobre os Seus negócios aqui na terra. Este é o nosso papel, é o de preparar homens e mulheres e de conduzir ovelhas à presença de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo! Bater no peito, e dizer, “a minha igreja, o meu povo, os meus discípulos” –– isso seria muita prepotência da minha parte! Pois nós estamos aqui cuidando é do rebanho que pertence ao nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Compete a mim, sim, tirar o carrapicho delas, compete a mim, sim, alimentar essas ovelhas, compete a mim, como pastor, levá-las para o aprisco, compete a mim como pastor levá-las às águas tranqüilas da Palavra de Deus; mas eu estou conduzindo um rebanho que não me pertence, mas pertence a nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Este é o nosso papel, este é o papel do autêntico obreiro, glorificado seja o nome do Senhor Jesus para sempre!

 

E diz aqui o trecho bíblico que no dia seguinte estava João –– versículo trinta e cinco –– outra vez na companhia de todos os seus discípulos, e vendo Jesus passar disse: “Eis o Cordeiro de Deus!” Os dois discípulos, ouvindo-o dizer isso, seguiram a Jesus. João ficou com raiva? João ficou aborrecido? Alguém chegou e disse: “Olhe, João, as suas ovelhas estão indo embora! Você vai ficar aqui sozinho e Ele vai ficar com todo o seu povo, com toda a sua igreja!” João simplesmente voltou-se para o porta-voz e disse: “Convém que Ele cresça, e que eu simplesmente diminua” [ [12] ]. É um homem que se coloca por trás do púlpito, e permite que o povo ouça a sua voz. Ouça a sua voz. É aquele homem que se reveste desta humildade tão grande, que não quer que o seu nome seja projetado. Porque o meu nome e nada é a mesma coisa. É claro que eu velo pelo meu nome como cidadão, porque diz a Bíblia que vale mais um bom nome do que muito ouro, muita prata [ [13] ]; mas no sentido de salvação o meu nome não salva ninguém. Quem é que salva? É a pessoa bendita de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. É aquilo que João Batista declarou para a multidão que estava com ele naquela congregação no deserto: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, é Ele, não sou eu! É Ele que vai ser crucificado e não eu, é Ele que vai derramar o Seu sangue, e não eu!” Foi Ele que foi crucificado na cruz do Calvário para que a humanidade inteira tivesse um Salvador! Se eu subisse no patíbulo daquela cruz, e me esquartejassem e derramassem todo o meu sangue, isto não adiantaria absolutamente, não; mas o Cordeiro imaculado de Deus, Ele foi morto, e Ele tira o pecado do mundo! É Jesus, é Jesus que veio buscar e salvar o que se havia perdido! É Jesus que é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado da humanidade! É Ele que veio pagar um preço muito alto para que eu estivesse aqui neste momento pregando o Evangelho Dele, para que você fosse salvo, é somente Jesus Cristo que pode perfeitamente salvar aqueles que se chegam a Deus [ [14] ]!

 

Somente Ele; é Dele que temos que propagar o nome, é ele que tem de ter o Seu nome nos cartazes, nos outdoors, é Ele que tem de estar com o Seu nome nos púlpitos das igrejas, porque é Ele quem salva, é Ele quem cura, é Ele quem batiza com o Espírito Santo! Glorificado seja o nome do Senhor para sempre!

 

O servo que desceu de seu pedestal para receber uma lição

Meus irmãos queridos, infelizmente estamos numa época de grandes estrelas do Evangelho. O estrelismo é muito grande; e uma coisa muito difícil é o homem, depois que está lá em cima, querer descer; é difícil. Subir é fácil. Mas descer do pedestal, olhe, é uma coisa realmente difícil. Certa ocasião o Senhor chegou a Jeremias e disse: “Jeremias, desce à casa do oleiro. Desce à casa do oleiro e ali eu falarei contigo.” [ [15] ] Olhe, naquele momento, quando Jeremias naturalmente olhou quem ele era, “Espere aí, eu sou um Profeta, Senhor, eu sou um servo do Deus Altíssimo, eu sou alguém realmente de uma repercussão muito grande na nossa sociedade, eu sou alguém realmente que tem uma projeção neste mundo. E de repente o Senhor me manda descer para aprender com o oleiro, aquele homem todo sujo de barro? Aquele homem que praticamente não recebe nem visita na sua casa porque é caco de telha, caco de barro, caso de caco de vaso, é vaso na prateleira, o homem está ali com a mão suja, que ninguém nem pode pegar na mão dele, e o Senhor manda que eu desça e vá à casa do oleiro?” E naquele momento Jeremias não discutiu com Deus. Ele foi à casa do oleiro, porque ele sabia que Deus fala de todas as maneiras. Deus fala de qualquer maneira, quando Ele quer falar com os seus filhos, sabe? Ele fala, Ele manda até você tomar lições com a formiga, “vai ter com a formiga, preguiçoso [ [16] ]!” Ele usa uma formiga para dar lição de trabalho num preguiçoso! Ele pode usar perfeitamente uma borboleta tão frágil –– como é que pode haver uma metamorfose de um lagarto numa borboleta tão linda! Ele dá uma lição extraordinária quando pega um bêbado, um cachaceiro, um inveterado, um violento, e o transforma num verdadeiro cidadão do céu! Toma lição da borboleta, toma lição da formiga! Toma essas lições que são tão preciosas, Ele usa coisas que são tão pequenas! Ele está dizendo aí para Jeremias: “Jeremias, desce à casa do oleiro, e ali eu falarei contigo”. E Jeremias teve de descer –– olhe, descer, descer à casa do oleiro. A casa do oleiro ficava lá embaixo mesmo, ele tinha de descer. Descer para muitos homens, hoje, é difícil!

 

Como Deus alcança o homem

É mais quem quer ser o cacique, é mais quem quer ser o tal, é mais quem quer ser o maioral; quem é que quer descer? Quando se chega num local assim, é mais quem quer assentar no primeiro banco, é mais quem quer estar do lado das maiores autoridades –– quem quer descer? Mas Deus disse para Jeremias “desce, porque eu vou falar contigo é lá embaixo, não é aqui em cima, no pedestal!” E para o homem que está caído, Ele manda levantar. Ele disse para o profeta Ezequiel, “põe-te em pé, e eu falarei contigo” [ [17] ]. Ele disse para Zaqueu, “desce daí, Zaqueu, porque hoje eu vou posar na tua casa [ [18] ]!” Deus quer falar para o homem no seu nível, não ao homem acima dele e nem caído lá no chão! Deus quer falar com o homem no nível dele, entre o Senhor e você. Ele não quer que você seja nem menos nem mais, mas que você esteja no nível, para ouvir a voz Dele. E Jeremias desceu; e quando Jeremias foi entrando na casa do oleiro, o oleiro estava trabalhando, tocando aquela sua roda, seu fuso; colocou um monte de barro em cima da roda e começou a pedalar e foi dando forma com a sua mão; e daquele monte de barro informe daqui há pouco começou a surgir um vaso lindo. Jeremias ficou admirado: “Mas como é possível? Um homem desse pegar um barro tão sujo, tão nojento, tão lamacento como esse e transformar num vaso tão lindo assim?” Mas quando o oleiro estava trabalhando, de repente o barro trincou. Ele o tomou, amassou e fez voltar tudo à forma primitiva. Voltou a ser aquele monte de barro. Jeremias comentou: “Ah, que coisa, estava tão bonito.” Mas daqui há pouco Deus estava ali do lado dele. O Mestre dos mestres colocou-se ao seu lado. E quando Jeremias estava admirado com aquela obra de arte que de repente voltara à forma primitiva, o Senhor disse para Jeremias: “Jeremias, por acaso Eu não posso fazer assim também com a casa de Israel, Jeremias? Por acaso Eu não posso fazer dessa forma?” [ [19] ] Naquele momento Jeremias tomou uma lição extraordinária. Mas por que Jeremias aprendeu? Por que Jeremias tomou aquela lição? Por que ele absorveu aquele ensino divino na sua vida, por que? Porque ele obedeceu à voz do Senhor que dizia, “desce, Jeremias, desce”. É o que Senhor está dizendo para você, “desce, pastor, desce desse pedestal que está tão alto para você”.

 

Você se lembra quando você não era nada, que andava de bicicleta? Que andava a pé, ou no lombo de um cavalo? Você se lembra daquele tempo em que você ia à mercearia, e mandava o merceeiro lá, ou o caixeiro, “pendurar” aquele pão ou aquela manteiga? Hoje vai ao supermercado de Rolls-Royce, enche quatro ou cinco carrinhos, e coloca –– nem coloca, manda o empregado colocar dentro do carro. Subiu demais, e Deus está dizendo neste momento: “Desce, meu filho, porque Eu quero continuar falando consigo, desce dessa altura em que você se encontra, porque hoje Me convém pousar em sua casa!” É isto que o Senhor quer fazer conosco! E não ficar num pedestal tão alto que nem Deus alcança! Que atitude é essa?

 

O exemplo de João Batista

E João Batista dizia: Convém que Ele cresça, e que eu diminua. João Batista não disse: “Olhem, eu sou doutor, diretor, reitor não-sei-de-onde. Não, João Batista não disse isso. Ele puxou a sua identidade e disse: “Ouçam, eu sou a voz que clama no deserto!” Meu querido irmão, vamos deixar esta prepotência de lado. Deus quer nos usar na simplicidade da nossa vida. Ele anda procurando vasos que Ele possa usar, mas vasos de honra [ [20] ], onde Ele possa colocar as Suas jóias preciosas! É preciso que você entenda realmente que Deus o quer dentro da humildade, dentro de uma simplicidade extraordinária, Ele quer continuar operando na sua vida como operou no passado, Ele quer continuar operando hoje, no presente!

 

E assim observamos nos ensinamentos deste magnífico homem, João Batista, que era a voz que clamava no deserto, que veio para endireitar o Caminho do Senhor, preparar o coração dos homens, revestido de uma humildade extraordinária, observamos que ele não estava aqui na terra para glorificar o seu nome, e sim que a missão que o trouxe a este mundo foi a de glorificar a Cristo.

 

O servo mais ungido não está livre de infortúnios

Mas você sabe que ninguém está isento de problemas nesta vida. Por mais santo que o homem seja, ele pode passar por problemas difíceis, como aconteceu com João Batista. Que foi preso e decapitado justamente por falar a verdade. E quando a notícia da morte de João chegou a Jesus Cristo, naquele momento Ele disse: “Entre os nascidos de mulher não há um maior do que João Batista [ [21] ]” –– meça a grandeza deste homem! Você sabe que Moisés é uma das figuras mais reverenciadas pelos judeus no Antigo Testamento. Vem a seguir a figura de Abraão, como homem extraordinário, pai da fé, no Antigo Testamento, precursor de uma nação inteira; Moisés como legislador de Israel, Davi como grande rei de uma nação –- homens que marcaram presença indelével neste mundo, não apenas com o seu tempo de ministério, mas com condutas extraordinárias; e quando chegamos aqui na figura de João Batista, você não o verá no meio das multidões, buscando a popularidade nas grandes metrópoles, nas grandes cidades. Era um homem que quem quisesse falar com ele tinha de ir lá no deserto. Vá lá no mato, lá na roça, é lá que é o lugar de João Batista. Na simplicidade interiorana. O seu púlpito não ficava nas grandes catedrais do seu tempo, não; você praticamente não vê João Batista pregando nas sinagogas da sua época: quem quisesse ouvir João Batista, teria de procurar um púlpito lá no Jordão, lá no deserto. Quem quisesse ouvir a sua mensagem tinha de ir até ele. Era um homem cuja mensagem atraía multidões sem que se fizesse qualquer cartaz ou qualquer propaganda. A unção que estava sobre a vida daquele homem era algo realmente extraordinário. E o sermão duro que ele pregava! Em lugar de espantar as pessoas e mandá-las embora, elas vinham e ficavam ali presentes.

 

Tememos pregar contra o pecado!

Não é como hoje, que não se pode pregar alto, pregar forte e pregar contra o pecado: “Ah!, eu não posso pregar com muita severidade aqui na minha igreja porque senão aquele grande dizimista vai embora. Eu não posso falar contra o pecado porque eu tenho na igreja uma pessoa que está em pleno adultério, mas se eu pregar contra o adultério, ele vai embora e eu não posso perder o dízimo dele.” O que é isso, meu querido irmão? Esses melindres não podem acontecer no Reino de Deus! Que vá embora, vá para a profundeza do inferno, se não quiser se converter a Cristo! Que está usando os seus pregadores para salvar os pecadores! João Batista não tinha nada disso! Raça de víboras! Era uma mensagem dura, e ali estavam centuriões, generais, muitas pessoas que iam ter com ele. E nada desse negócio de pregar sermão água com açúcar, que permita ao homem ficar no seu verdadeiro estado! Mensagens que não modificam a vida nem sequer de uma formiga –– espere aí, o que está acontecendo em nossos dias? A autoridade deste homem do deserto e a veemência com que pregava atraía as multidões. Multidões iam ter com ele em pleno deserto. E lá estava João Batista pregando esses sermões poderosos. Era isso, não era um homem de grandes catedrais. Não era um homem de metrópoles, não era um homem que tivesse o seu nome levado pela mídia daquela época. Quem quisesse ouvir João Batista tinha de ir atrás dele, não era ele que ia atrás das pessoas. As pessoas é que iam, porque a sua unção era forte, o seu poder era grande, era um homem cheio do Espírito Santo desde o ventre materno. Ele soube guardar aquela preciosidade que Deus tinha dado a ele desde o ventre da sua mãe, e continuou por toda a sua existência, pregando inclusive para o monarca, sem medo de morrer. Quando disse ali para Herodes, “não é lícito você possuir a mulher do seu irmão!”, isso lhe custou a cabeça, foi decapitado. A voz calou-se. Acabou. Fim de um ministério, fim de uma vida, fim de uma existência. Mas foi alguém que veio ao mundo e entregou a mensagem de Deus. Entregou a mensagem dos céus. Entregou a mensagem que o pecador precisa ouvir. E quando esse homem desce ao túmulo, que a notícia chega à pessoa de Jesus Cristo, Jesus disse: “Ouçam, dentre os nascidos de mulher, não existe um maior que João Batista”.

 

João, o maior; João, o menor

Mas eu quero dizer para vocês que estão lendo estas linhas, Jesus falando: Em verdade vos digo: Entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele [ [22] ]. O menor. Será que você tem condições de ser menor do que João Batista? Será que você pode se humilhar ao ponto de ser menor do que João Batista em humildade? Não é em autoridade, veja bem; não é menor em unção, não é menor na eloqüência, não é naquela vozinha, dizendo, “ah, eu sou humilde”, não; humildade não se anda dizendo. Humildade é um estado de espírito, é uma postura de vida, é justamente isto que Jesus está dizendo, que o menor, aquele que mais se humilha, aquele que mais se dá para vestir a alparca do outro, aquele que está disposto a lavar os pés do mais simples diácono da igreja, aquele que está disposto a descer do seu pedestal e estender a mão para uma criancinha, como abraçar um ancião da igreja, aquele que estiver disposto a descer do seu pedestal e ir buscar aquela prostituta e buscar aquele perdido que está lá fora. Aquele que está disposto a deixar a mordomia do seu lar, aquela cama de último modelo para ir buscar o perdido que está lá fora. Essa humildade é justamente a de que o Senhor está falando. Você quer ser o maior, quer?

 

Uma ilustração para os nossos dias

Um dia desses eu entrei num elevador aqui em Campinas. O elevador estava lotado. Naquele momento fui inspirado a fazer uma pergunta para o ascensorista, um conhecido, amigo meu. E formulei a seguinte pergunta: “O que é que sobe para baixo?” Ora, você está dentro de um elevador, que todo o mundo tomou porque quer ir para cima, e tem de subir, na verdade, e alguém faz uma pergunta dessa natureza, o que é que sobe para baixo? Tudo o que sobe, sobe; tudo o que desce, desce. Mas subir para baixo? Eu notei que se fez um silêncio muito grande naquele elevador. E antes que o primeiro botão fosse acionado, para parar e descer alguém, porque eu vi a curiosidade do povo ali dentro daquele elevador, eu disse para o ascensorista: “Sabe o que é que sobe para baixo? É o cristão que se humilha. Quanto mais você se humilha, quanto mais você se submete, mais você sobe, mais você cresce no Reino de Deus”.

 

Você quer ser um gigante no Reino, quer? Então o caminho é o da humildade, é o da simplicidade, é o daquela voz que clama sem projetar a sua personalidade ou a sua fisionomia; é aquela voz que clama no deserto e diz justamente que não é digno de desatar a correia da sua alparca. Convém que Ele cresça, e que eu desapareça, que eu diminua, este é o caminho do crescimento, este é o caminho que leva você a crescer na graça, cada vez mais, e no conhecimento, este é o que leva você a ser um grande no Reino de Deus, é justamente isso! Querer projetar-se no meio de homens… Homens não vão levá-lo a lugar nenhum, meu filho. Mas projete-se na humildade, na presença de Deus, e você vai ouvir do Senhor Jesus Cristo, mais tarde, que entre os nascidos de mulher não existe um maior do que este meu servo, que está se humilhando aí. É justamente isso que você precisa, que nós precisamos. E Deus está disposto a levantá-lo, a erguê-lo, e que você seja uma bênção para a glória do Seu santo e precioso nome.

 

A minha oração nesta manhã é que toda a prepotência desapareça da sua vida, toda a mania de grandeza saia da sua vida; você, que Deus colocou na frente de um grande rebanho, não se julgue maior do que ninguém; você é uma ovelha igualzinha a qualquer outra ovelha. Que a potente mão de Deus o alcance, e você seja uma bênção no Reino de Deus, para a glória do Seu nome. Amém.

[ [1] ] Lucas 1:15.

[ [2] ] Filipenses 2:9.

[ [3] ] Lucas 16:16.

[ [4] ] Jeremias 1:5.

[ [5] ] Romanos 8:29, Efésios 1:4-5.

[ [6] ] Mateus 3:7; Lucas 3:7, 11.

[ [7] ] João 1:19-23 (parcial).

[ [8] ] João 1:35-38.

[ [9] ] João 3:30.

[ [10] ] João 1:29.

[ [11] ] Mateus 3:13-15.

[ [12] ] João 3:30.

[ [13] ] Provérbios 22:1.

[ [14] ] Hebreus 7:25.

[ [15] ] Jeremias 18:2.

[ [16] ] Provérbios 6:6.

[ [17] ] Ezequiel 2:1.

[ [18] ] Lucas 19:5.

[ [19] ] Jeremias 18:6.

[ [20] ] Romanos 9:21, 23; I Coríntios 4:7.

[ [21] ] Mateus 11:11, Lucas 7:28

[ [22] ] Mateus 11:11, Lucas 7:28.