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O DEUS QUE SUPRE

Uma ilusória sensação de paradoxo

Farei neste momento uma interessantíssima afirmação, que tem a ver muito com o nosso tema, o Deus que Supre. É a seguinte: você sabe que nós pertencemos a Deus por três motivos. Primeiro, pertencemos a Deus por direito de criação. Foi Ele que nos criou. Pertencemos a Deus por direito de preservação. Ele nos preserva a vida, mandando o alimento, o pão que sacia a fome. E pertencemos a Ele também por direito de redenção, porque estávamos perdidos e Ele nos redimiu, nos resgatou. E esse Deus, que tem um imenso prazer em estar perto das suas criaturas, e ver a sua felicidade, esse Deus procura, e envida todos os esforços para que o homem viva bem, viva feliz e viva em paz. E você com toda a certeza, sendo uma criatura de Deus, está também envolvido nesta bênção, é objeto dessa proteção, desse carinho, desse cuidado que Deus tem pelo homem. Ele não apenas fez você e deixou no mundo; não o deixou de qualquer maneira, não. ele dotou-o de capacidade física e intelectual, Ele tem-lhe dado as oportunidades para trabalhar e ganhar o seu pão de cada dia, é simplesmente Ele que lhe provê todos os recursos necessários para que você seja feliz neste mundo. E assim possa contemplar a grandeza deste Deus e louvar e glorificar o Seu santo nome, porque nós fomos feitos para o louvor da Sua glória [ [1] ]. E como glorificar este Deus de uma maneira sofrida, de uma maneira tenebrosa? Não. Para isto, Deus envida todos os meios para que você seja uma pessoa bem sucedida e feliz. Feliz na família, feliz na sociedade, feliz na igreja, feliz onde quer que você esteja.

 

Deus supre nossas necessidades – de qualquer jeito?

Porém, infelizmente, o homem muitas vezes desconhece a grandeza e o amor deste Deus. E, como nós observamos, muitas pessoas que vêm a este mundo morrem atéias, não querem acreditar que existe um Deus e procuram fazer os seus próprios caminhos, razão pela qual essas pessoas não têm nunca a felicidade na vida. Viver alheio a Deus, viver afastado da presença de Deus, isto simplesmente não é viver, é atravessar este mundo sem sentir absolutamente nada. E nós queremos ler neste momento um trecho da Escritura Sagrada, para nossa meditação nesta hora, de forma que você possa compreender o carinho, o amor que esse Deus tem por você. Na Carta do Apóstolo São Paulo aos Filipenses, capítulo quatro, versículo dezenove, diz o seguinte a Palavra do Senhor: E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma das vossas necessidades. Repetindo este trecho bíblico para você, neste momento: E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma das vossas necessidades. Que Deus, na Sua infinita misericórdia, abençoe os nossos corações face à leitura da Sua Palavra.

 

Encontramos neste trecho bíblico uma palavra encantadora, uma promessa magnífica, que realmente enche os nossos corações e demonstra claramente qual é o desejo e a vontade deste Deus que nós servimos. Então vamos analisar o que está aqui nesse trecho bíblico, onde diz que o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma das vossas necessidades. Esta referência a “cada uma das vossas necessidades” não se trata apenas das necessidades físicas, mas também das sentimentais, sociais, qualquer tipo de necessidade; diz aqui a Bíblia “que o meu Deus, segundo a Sua riqueza em glória, Ele suprirá, Ele vai suprir, Ele quer suprir, cada uma das vossas necessidades.” Porém, quando observamos a realidade da vida, começamos a observar que os fatos não sucedem exatamente como está dito aqui. O que verificamos é que mesmo no meio de sociedades evoluídas e no seio de igrejas grandiosas, nós encontramos pessoas que estão padecendo necessidades físicas, pessoas sem emprego, pessoas que não têm o que comer, onde dormir, pessoas que padecem uma pobreza, vivem em miséria excessiva. E nós observamos aqui a Bíblia dizendo que Deus supre. E sempre corremos o risco de questionar, mas que Deus é esse que fala uma coisa e na realidade não vemos o cumprimento disso? Quantas e quantas pessoas estão vivendo neste momento isoladas do seio da família, e são até certo ponto pessoas boas, pessoas que na realidade têm capacidade, mas estão vivendo totalmente isoladas, da família, da sociedade; pessoas solitárias, que sofrem neste mundo. Observamos ainda outros que têm necessidade de saúde, de vida sadia, pessoas que nasceram e vivem doentes, caminham e prosseguem doentes, nunca experimentaram o que é a saúde física. E diz aqui o trecho bíblico que o meu Deus segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma das vossas necessidades.

 

O desencanto das interpretações indevidas

Meu querido amigo leitor, encontramos dentro das nossas igrejas pessoas que estão profundamente decepcionadas porque lêem este trecho bíblico e ouvem pregadores prometendo mundos e fundos, pregadores que proclamam este trecho bíblico mostrando que todo o crente tem de ser milionário, rico, abastado, tem de ter casa, carro, fortuna no banco; e pessoas entram e saem das igrejas, e do jeito que elas entram elas saem, na pobreza e na miséria. Mas a Bíblia não está dizendo aqui que o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória há de suprir em Cristo Jesus cada uma das vossas necessidades? Meus queridos irmãos, meus prezados amigos, amado leitor, eu tenho de fazer uma declaração para você neste momento: Deus é fiel. Deus é fiel, Deus não mente. Quando Deus diz uma coisa, quando Ele promete, Ele cumpre. Deus jamais deixou cair um til da Sua Palavra [ [2] ], ou um pingo sequer, porque Ele vela pela Sua Palavra, para a cumprir [ [3] ]. Eu quero que você entenda que muitas vezes pegamos textos isolados da Escritura Sagrada e queremos formular doutrinas em cima de passagens esparsas, e não pode existir de forma alguma a elaboração de uma doutrina baseada em cima de versículos isolados. Quando você lê este texto bíblico, é preciso levar em conta o seu contexto, para que você possa entender o que é que o Apóstolo São Paulo está dizendo neste momento. Eu gostaria que você, que está acompanhando esta leitura com a sua Bíblia aberta em Filipenses, no capítulo quatro, em lugar de atentar imediata e continuamente para o versículo dezenove, e fazer deste versículo um talismã para a sua vida –– como colocar a Bíblia aberta nesse trecho bíblico na cabeceira da sua cama, ou em cima da mesa, ou aberto na sua estante, isso não vai adiantar absolutamente nada ––, ao contrário, eu peço que você leia comigo os versículos que o antecedem, a partir do catorze. Olhe então o que diz a Bíblia Sagrada: Todavia fizestes bem associando-vos na minha tribulação. E sabeis também vós, ó filipenses, que no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo, no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros. Porque até para Tessalônica mandastes, não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades. Não que eu procure o donativo, mas o que realmente me interessa é o fruto que aumente o vosso crédito; recebi tudo e tenho abundância, estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio da vossa parte, como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus.

 

E agora, leia o versículo que você tem como talismã, que você guarda e observa, solitariamente: O meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em Cristo Jesus cada uma das vossas necessidades. Você pôde entender? Você observou? Para quem é que o Apóstolo São Paulo está falando aqui? Para quem ele está escrevendo esta passagem? Que Deus há de suprir em Cristo Jesus cada uma das vossas necessidades? Você entendeu o sentido da coisa? Quando observamos esta igreja dos filipenses, a igreja que estava na cidade de Filipos, notamos que tinha a mão aberta, era uma comunidade com espírito missionário, era uma igreja atenta às necessidades daqueles que estavam no campo; não só isso, mas estavam atentos também às necessidades das igrejas que sofriam, às igrejas que estavam padecendo necessidade em pobreza, em miséria, em outros lugares. Assim, esta igreja estava atenta à pregação do Evangelho e à salvação da alma do seu povo, bem como às necessidades dos outros, do que os outros precisavam. Aqui no versículo catorze, note o que Paulo diz: todavia fizestes bem associando-vos à minha tribulação. Quem é que quer ser sócio de tribuloso? Quem quer ser sócio de pessoas tribulosas? Só que a tribulação de Paulo aqui não decorria dele ser um tribuloso, mas porque as tribulações, as perseguições, as lutas que vinham sobre ele eram grandes. Paulo era perseguido por causa do Evangelho, e esta igreja era aquele tipo de igreja que se prostrava, que se colocava de joelhos, que intercedia por aqueles que estavam no campo missionário, por aqueles que estavam pregando o Evangelho em países longínquos, por aqueles que estavam sofrendo pela Causa de Cristo. Esta igreja associava-se ao apóstolo justamente nas tribulações que ele passava. Quantos de nós temos esse sentimento? Quantas igrejas têm esse sentimento, quantas ? Quantas igrejas estão atentas ao que as pessoas estão passando lá fora, no campo missionário, nas lutas, nos países que fazem parte da janela dez-quarenta, das pessoas que estão na Amazônia, levando o Evangelho de Jesus Cristo aos que estão sofrendo! Quantas estão se associando?

 

A sedução das riquezas

Irmãos queridos, hoje em dia é mais quem quer saber de fazer aqui o seu reinado, de prosperar, de crescer; os outros são os outros. E o pior de tudo é que muitos lugares, quando as pessoas têm alguma coisa, elas simplesmente utilizam esse meio justamente para angariar fundos para si mesmas. “Ah, eu mantenho não-sei-o-que, eu mantenho não-sei-o-que-aonde- -mais, eu mantenho uma pessoa não-sei-aonde”, e começamos a fazer um marketing em cima da desgraça e da miséria dos outros. E os recursos angariados não são canalizados para a pessoa necessitada, ou àquela igreja, ou àquele missionário –– são para aplicar aqui nos seus próprios meios, nos seus próprios recursos. Mas a igreja de Filipos não era assim. Paulo está dizendo, todavia fizestes bem associando-vos à minha tribulação. Diz o versículo quinze: e sabei também vós, ó filipenses, que no início do Evangelho, quando parti para a Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar, e receber, se não unicamente a vós outros. Você está vendo aqui, irmão, você está descobrindo neste momento qual é a chave para receber? Qual é a chave para o celeiro estar abastecido? Por que Paulo disse aos filipenses que Deus iria suprir cada uma das necessidades deles? Porque esta igreja tinha o coração aberto para ofertar, ajudar e manter o apóstolo no campo missionário. Eles sabiam quem era o Apóstolo São Paulo, eles conheciam quem era esse servo de Deus e qual o desempenho que ele tinha na obra do Senhor. Eles sabiam que Paulo não podia gastar tempo em emprego, continuar construindo tendas [ [4] ] para manter o seu pão de cada dia. Era um homem que tinha que ter o seu tempo integral na obra do Senhor, e foi justamente a igreja de Filipos que sustentou este homem. Era esta igreja, como diz aqui o Apóstolo São Paulo, e era a única igreja! Mas espere aí, e as outras igrejas, por que é que não contribuíam também? Meus irmãos queridos, nós não precisamos olhar para A ou B, nós precisamos saber o que é que podemos fazer pela obra de Deus. O que podemos fazer para ver o progresso do Evangelho, o que é que podemos fazer para ajudar aqueles que estão no campo missionário e evangelístico, aqueles que estão na frente da obra. E era justamente isso que a igreja de Filipos fazia. Como diz aqui Paulo: E sabeis também vós, ó filipenses, que no início do Evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo, nenhuma igreja, no tocante a dar e receber se não unicamente a vós outros. Só vocês fizeram isso, só vocês abriram o coração, o tesouro, abriram justamente a porta da oportunidade para poder contribuir com a obra do Senhor. E no versículo dezesseis diz ele: porque até para Tessalônica mandastes, não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades. Glória a Deus!

 

E que tal a nossa parte?

Meu querido irmão, quando você lê o versículo dezenove, que o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em Cristo Jesus cada uma das vossas necessidades, antes que você comece a bater no peito e dizer que Deus vai cumprir, que Ele vai suprir nossas necessidades, antes que você abra a boca para dizer qualquer coisa nesse sentido, analise primeiramente o que é que você está fazendo, o que é que você está semeando, aonde é que você está plantando, hein? O que é que você está fazendo em prol da obra de Deus? Eu duvido que se você abrir o coração para a obra do Senhor, se Deus não vai continuar enriquecendo a sua vida financeira e espiritualmente! Deus é fiel! Então Deus está disposto a abençoá-lo, Ele está disposto a abrir o Seu bom tesouro; mas Ele só vai abrir o Seu bom tesouro para aquele que está com a sua mão aberta, para contribuir também com a Sua obra. É semeando que você vai colher, é dando que você recebe [ [5] ], é justamente este o padrão divino. Você acha que Deus vai suprir a necessidade de pessoas que não têm amor à obra de Deus, que não têm amor nenhum à causa missionária, pessoas que não querem saber de forma nenhuma do que é que alguém está necessitado lá do outro lado do continente? Aquele que está precisando de alguma coisa lá em outra parte do mundo ou do globo da terra? Pessoas que dizem “olha, eu não quero nem saber que tipo de barco, ou canoa, ou se é a pé, ou é a cavalo, como aquela pessoa que está na Amazônia ou no Nordeste está caminhando ou fazendo a obra de Deus –– não quero nem saber!” Há pessoas que nem pegam o informativo missionário para ler as notícias do campo missionário, porque preferem fechar os olhos. E essas pessoas querem depois bater no peito e dizer “que Deus vai suprir todas as minhas necessidades!” Analise direitinho aqui este trecho bíblico, analise.

 

O significado da contribuição dos filipenses

O versículo dezessete prossegue: não que eu procure o donativo, mas o que realmente me interessa é o fruto que aumenta o vosso crédito. Ler o texto sem considerar o seu contexto é apenas um pretexto que não leva praticamente a lugar nenhum. Já verificamos nos versículos catorze a dezesseis, por que Paulo disse isto aos filipenses. Porque os filipenses estavam atentos às necessidades não apenas do apóstolo, do missionário, mas estavam também atentos às necessidades das próprias igrejas. E esta igreja de Filipos levantava as suas coletas, fazia as suas ofertas; e isto era um trabalho espontâneo, de corações agradecidos, de pessoas que sabiam o que significa a pregação do Evangelho, e o que significa ser evangelista. Aquele que sai para a batalha não pode ir a suas próprias custas [ [6] ], como diz o Apóstolo São Paulo, mas sempre por trás do soldado que está na guerra existe um contingente que cuida da sua alimentação.

 

Mas no versículo dezessete o Apóstolo São Paulo diz ainda: não que eu procure o donativo, mas o que realmente me interessa é o fruto que aumente o vosso crédito. Isto aqui, meus irmãos, é demais. É demais e é preciso realmente um cuidado muito grande. Quando você estiver pregando o Evangelho, que Deus curar uma pessoa, fizer um milagre, nunca espere uma retribuição financeira ou qualquer outra coisa –– por que? Porque não foi você quem curou aquela pessoa, foi o Espírito Santo através da instrumentalidade da sua vida. O poder não é seu, mas o poder pertence ao Senhor. Simão foi aquele que quis comprar o poder de Deus com finanças [ [7] ], daí de onde vem a palavra simonia. E há muitas pessoas que estão sendo usadas por Deus e estão se utilizando desse mecanismo para usufruir lucros; cuidado com isso. Cuidado, porque Deus pode deixar você falando sozinho. Ninguém zomba Dele [ [8] ], não. Então nós encontramos aqui que o Apóstolo São Paulo declara “não que eu procure o donativo –– não estou procurando oferta de ninguém, não estou procurando retribuição de ninguém, não estou precisando que alguém venha se compadecer de mim e queira me dar uma oferta porque me acham um pobretão, um pobrezito, e que eu preciso do seu donativo, não”. Agora uma coisa é séria, uma coisa é certa. Paulo conhecia a sinceridade do coração das pessoas e sabia que elas ofertavam por amor à obra; e Paulo jamais recusava, mesmo que fosse uma oferta de pessoas humildes e simples; ele aceitava com carinho assim como Jesus Cristo aceitou a oferta daquela viúva [ [9] ]. Eu tenho plena certeza de que aquela viúva que depositou aquela simples moedinha no gazofilácio naquele dia, nunca mais foi pobre. Porque ela fez aquilo pela fé, e Deus supre a necessidade justamente nesse aspecto. E o que Paulo está dizendo aqui: não que eu procure o donativo, mas o que realmente me interessa é o fruto que aumente o vosso crédito. Jamais, irmão querido, jamais podemos dizer a uma pessoa que abra o coração e queira abençoar a obra de Deus de maneira espontânea –– veja bem, espontânea, não é aquele tipo que manda alguém vender a casa, vender o carro, vender a propriedade e dar para a obra de Deus –– mas é aquele que espontaneamente sente da parte de Deus em contribuir com a Sua obra, com a Sua causa, com a construção, ou com a obra missionária, ou com a obra evangelística. Aqui o Apóstolo São Paulo está dizendo: “Não que eu procure esse donativo de vocês, mas o que realmente me interessa, sabe o que é? É o fruto que aumente o seu crédito.” Qual é o fruto que aumenta o nosso crédito? É justamente quando você abre o coração para a obra de Deus, sem pensar em retribuição, sem pensar em recompensa. Mas quando você mete a mão no bolso, espontaneamente, e você faz isso porque sabe que está contribuindo para a causa mais nobre que existe na face da terra, que é a evangelização dos povos. Então é justamente o que o Apóstolo São Paulo está dizendo aqui: “Eu não quero impedir, vocês estão fazendo um esforço gigantesco, vocês estão tirando até mesmo daquilo que vocês não têm, vocês estão fazendo qualquer coisa para adquirir algum valor monetário para contribuir com a obra.”

 

Pequenas imensas contribuições

Certa ocasião eu estava numa igreja, no Estado do Maranhão, e de repente surge uma irmã trazendo o dízimo. E o dízimo que ela trazia, sabe o que era? Uma penca de bananas. Aquela irmã tinha cortado um cacho de bananas no seu quintal, tomou uma penca mais bonita e trouxe para a casa pastoral. E quando a esposa do pastor recebeu aquele dízimo, ela fez uma oração que, meu Deus do céu, eu nunca ouvi uma oração igual àquela. Uma oração de gratidão, porque ela via a fidelidade, via o coração daquela irmã, espontâneo, abrindo-se para a obra de Deus, e para querer fazer realmente aquilo que Deus determina na Sua Palavra. E Paulo está dizendo, “não que eu procure donativos, eu não estou procurando, mas uma coisa realmente me interessa, é o fruto que aumente o crédito de vocês”. É que você possa contribuir com alegria, com prazer, com satisfação. E nós encontramos realmente pessoas que têm um crédito da parte de Deus, pessoas que tudo o que fazem dá certo, é correto, prospera, cresce. Por que? Porque são pessoas que estão pensando exclusivamente no progresso da obra de Deus e na manutenção da Sua causa.

 

Uma visão diferente do TER

E Paulo diz aqui no versículo dezoito: “Recebi tudo, e tenho em abundância.” Será que Paulo estava certo quando disse isso? Será que nós estamos realmente vivendo o Evangelho que Paulo pregava? Será que existe um obreiro, um pastor, um missionário que um dia chega para alguém e diz: “Olhe, não mande mais nada porque eu já tenho em abundância, já tenho o suficiente. Não há mais necessidade de que você mande coisa alguma para mim. Porque eu tenho o suficiente.” Irmão querido, se você observar a atitude do Apóstolo São Paulo, esta é a postura de um autêntico servo de Deus, de alguém que não está aqui neste mundo para explorar o próximo. Porque quando você lê o versículo onze, você vai ver que não era bem assim. No versículo onze desse capítulo quatro, Paulo escreve: Digo isto não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Eh! Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação! Será que estamos vivendo este tipo de Evangelho, ou estamos vivendo aquele evangelho da grandeza, da prosperidade, que só vale quando a pessoa tem de tudo, e está ‘por cima da situação’? Será que alguém pode algum dia dizer, eu já aprendi a viver contente em toda e qualquer circunstância, hein?

 

Exprimindo a vida do Evangelho

Veja agora o que diz o versículo doze: Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias já tenho experiência. Tanto de fartura como de fome, assim de abundância como de escassez. É, isto aqui é viver o Evangelho, isto aqui é Evangelho. Evangelho é você estar contente em toda e qualquer situação. Evangelho é você viver feliz com aquilo que Deus lhe tem dado, com aquilo que Deus o tem aquinhoado. Paulo declara que para mim o viver é Cristo [ [10] ]; sim, isto aqui é viver o Evangelho. Não é simplesmente você mostrar a pompa e a glória, a grandeza das coisas desta vida, e dizer, “olhem, aquele irmão ali é um irmão abençoado” –– abençoado é aquele irmão cheio do Espírito Santo, abençoada é aquela pessoa que faz a vontade de Deus, abençoado é aquele que está disposto a pagar o preço para ganhar os perdidos para Cristo, isto sim, é bênção de Deus! E Paulo diz: Recebi tudo, e tenho em abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio da vossa parte, como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus.

 

Irmão querido, a chave do Evangelho, o segredo para uma vida espiritual abundante, o segredo para a riqueza e para a prosperidade divina consiste justamente em você aprender a viver contente em toda e qualquer circunstância. Não é você estar insatisfeito, reclamando de tudo e de todos, mas é quando você entende que Deus está no controle da História, e que você está disposto a dar glória e graças a Deus em tudo aquilo que ocorre. Esta igreja de Filipos podia receber este versículo dezenove, estas palavras tão empolgantes do Apóstolo São Paulo, e que está sendo utilizada erradamente por muitas pessoas no mundo: Que o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, ele há de suprir em Cristo Jesus, cada uma das vossas necessidades. Aqui está onde é que Ele vai suprir. É àquela pessoa que abre a mão para abençoar a obra de Deus. É àquela pessoa que não tem o dinheiro como um talismã ou como um ídolo em sua vida. Mas é àquele que se dispõe a ajudar o necessitado, é àquele que está sempre observando, “olha, o que é que falta na casa do Fulano, o que é que Fulano de Tal necessita, o que ele precisa?” –– é justamente aqui que está o segredo de uma vida próspera, de uma vida rica, rica que eu digo de caráter, rica espiritualmente. E Deus não vai deixar faltar absolutamente nada. Aquela oração que foi feita por Salomão: “Senhor, eu não quero nem riqueza, e nem pobreza, dá-me uma vida equilibrada” [ [11] ], é isto que Deus tem para nós.

 

A riqueza segundo o Evangelho

Muito bem. Para finalizar estas palavras, quero transcrever, ainda em Filipenses, capítulo três, do versículo dezessete em diante: Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. Pois muitos andam entre nós dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia, e agora vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o Deus deles é o ventre, a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas. Mude o seu modo de pensar. Comece a pensar na grandeza celestial. Na glória eterna, naquilo que está acima e além desta vida; tome modelos que você encontra na Bíblia Sagrada, modelos que foram deixados nas Escrituras justamente para você seguir o padrão estabelecido pelo Senhor. Nós precisamos ser ricos, mas ricos da Graça de Deus, da glória de Deus, da Sua presença; esta é uma riqueza que nunca acaba, e ninguém pode tirar. Prossiga, glorificando o nome do Senhor. Eu quero, neste momento, registrar uma oração por você que chegou até este ponto em sua leitura; e esta oração é para que a potente mão de Deus continue guiando os seus passos e que você tenha uma mente esclarecida para viver na presença do Senhor. –– Amado Deus e Pai celestial, nesse momento eu coloco em Tua presença a vida deste nosso leitor. Que o Teu Santo Espírito possa falar profundamente com o seu coração. Que o Teu povo, Senhor, possa viver os padrões que se encontram na Bíblia Sagrada, que descubra que o segredo da prosperidade consiste em dar, em ajudar, em auxiliar, aqueles que estão ao nosso redor, como diz a Tua Palavra, “dai e ser-vos-á dado [ [12] ], boa medida, recalcada, transbordando e derramando, se vos deitarão sobre vós”, é justamente isso, meu Pai, que nós queremos na vida do Teu filho, que ouve, lê e medita na Tua Palavra nesta hora. No Teu nome, Jesus, nós agradecemos hoje e para sempre. Amém e amém.

 

[ [1] ] Efésios 1:12.

[ [2] ] Lucas 16:17.

[ [3] ] Jeremias 1:12.

[ [4] ] Atos 18:3.

[ [5] ] Lucas 6:38.

[ [6] ] I Coríntios 9:7.

[ [7] ] Atos 8:18-20.

[ [8] ] Gálatas 6:7.

[ [9] ] Lucas 21:1-4, Marcos 12:41-44.

[ [10] ] Filipenses 1:21.

[ [11] ] Provérbios 30:8. Este capítulo tem sido atribuído a Agur, e não a Salomão (nota da transcrição).

[ [12] ] Lucas 6:38.